Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Arquivos recuperados pela Polícia Federal no celular do
tenente-coronel Mauro Cid revelam que extremistas que atuaram nos atentados de
8 de janeiro monitoravam os passos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
pretendeiam sequestrá-lo. Foram levantadas informações sobre os seguranças do
chefe do Executivo e quais tipos de armamentos eram usados.
De acordo com o Uol, também foram levantadas informações
sobre os seguranças do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), na época presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A
intenção seria sequestrar Lula e Moraes para consolidar um golpe de Estado. As
informações foram confirmadas ao Correio por fontes na PF. Entre as ações
planejadas, estava um confronto armado com os seguranças do presidente e do
magistrado que resistissem a um ataque.
Moraes, relator do caso no Supremo, deu prazo de 60 dias
extras para que a PF conclua as investigações que serão enviadas para análise
da Procuradoria-Geral da República (PGR). A PGR identificou ligações entre a
articulação de um plano para colocar em prática um golpe de Estado e os
atentados do 8 de janeiro. As informações foram enviadas ao Supremo Tribunal
Federal (STF) e ligam aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro aos ataques que atingiram
o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede da suprema corte no ano
passado, logo após o resultado das eleições e a posse do governo eleito. Também
estão em andamento investigações sobre a participação do próprio ex-presidente
Jair Bolsonaro na tentativa de golpe.
As informações sobre a ligação entre os fatos investigados
foram enviadas ao ministro Alexandre de Moraes. O elo foi revelado pelo Uol e
confirmado pelo Correio junto a fontes na PGR e na Polícia Federal. O
procurador-geral da República, Paulo Gonet, aponta que “a atuação da
organização criminosa investigada foi essencial para a eclosão dos atos
depredatórios”, se referindo à destruição de prédios públicos na capital
federal por milhares de extremistas que chegaram a Brasília.
Bolsonaro afirmou, em depoimento à PF, que não tentou
articular um golpe de Estado, que não pediu a elaboração de uma minuta
golpista, ou seja, de um documento que determinaria a prisão de ministros do
Supremo e estado de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no prédio do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). O ex-presidente afirma também que não teve relação
com um documento de igual teor encontrado em um endereço ligado ao ex-ministro
da Justiça Anderson Torres.
EM