
Foto: Divulgação/PCMG
O advogado carioca Marvio Blanco Ludolf, de 43 anos, foi
morto na madrugada desse domingo (26/1), na Praça Raul Soares, no Centro de BH.
Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), ele descia de um carro de
aplicativo para tentar aparar um suposto assalto, de um homem contra uma
mulher, mas acabou esfaqueado por outra pessoa, um estudante de engenharia, de
25 anos.
O advogado estava em Belo Horizonte na companhia de um
amigo, um policial pernambucano, para realizar um concurso da PCMG, com provas
realizadas no mesmo dia. Ele aspirava ao cargo de delegado.
Segundo a delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira, da
Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção à Pessoa Centro-Sul, o advogado
e o amigo foram a um bar e uma boate e, por volta das 2h, retornariam ao hotel
onde estavam hospedados.
Já no carro de aplicativo, o advogado teria dito ao
motorista que retornasse ao ponto onde acontecia uma suposta agressão. Ele
desceu do veículo e teria ido para cima do suposto agressor. Nesse instante,
surgiu outro homem - amigo da mulher que gritava por "socorro" -, que
sacou um canivete do bolso e desferiu dois golpes no tórax de Marvio.
O advogado foi socorrido e levado ao Hospital do Pronto Socorro
João XXIII, onde faleceu, em consequência dos ferimentos, por volta das 9h de
domingo. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi
liberado após a chegada de parentes.
Briga de casal
A delegada Ana Paula conta que tudo ocorreu porque havia uma
briga entre marido e esposa. “O marido ansiava ir embora, mas queria pegar seu
celular e as chaves de casa que estavam na bolsa da mulher. Eles são casados há
14 anos e têm três filhos. Na discussão, ela começou a gritar que estava sendo assaltada.
Na briga, ela, inclusive, chegou a derrubar o marido, que, por pouco, não bateu
com a cabeça (no chão). Foi nesse momento que o advogado tentou interceder”,
diz.
Ainda segundo a delegada, o autor do homicídio estava em um
banheiro de um bar. "Ele saiu, viu a confusão, atravessou a pista da
praça, foi em direção ao advogado e desferiu os golpes de canivete. Depois
disso, fugiu do local", prossegue a delegada.
A equipe de investigadores, composta pelo inspetor Guilherme
Vieira, pelo subinspetor Renato Vieira e pelo investigador Leonardo Dias,
conseguiu descobrir a identidade e o endereço do autor das agressões e foi até
um prédio na Savassi.
“Foi quando ocorreu, inclusive, um contratempo que, por
pouco, não prejudicou todo o trabalho de apuração. Os policiais chegaram ao
prédio e pediram ao porteiro para chamar Miguel e também o síndico. O objetivo,
com o síndico, era descobrir, por meio de um vídeo, o horário da chegada de
Miguel ao prédio. O suspeito, além de não descer, chamou a Polícia Militar (PMMG)
e disse que havia falsos policiais civis na portaria do prédio”. conta a
delegada Ana Paula.
Miguel então desceu e se entregou aos policiais. “Mas ele
não quis dizer nada em seu depoimento na delegacia. No trajeto, no entanto,
confessou aos policiais que tinha cometido o crime”, conta Ana Paula.
Miguel passará por audiência de conciliação na tarde desta
segunda-feira (27/1).
Consciência
A delegada-chefe do Departamento Especializada em Homicídios
e Proteção à Pessoa (DHPP), Alessandra Wilker, afirma que a mulher, que gritou
que estava sendo assaltada, não será indicada. "Não existem subsídios para
isso."
A delegada Wilker, no entanto, não concorda com a decisão.
“Eu disse que ela (a mulher que gritava por 'socorro') tem culpa, pois ela
inventou uma mentira. E disse que ela vai carregar isso, no seu consciente,
pelo resto da vida."
Histórico
O advogado Marvio Blanco Ludolf estava inscrito no concurso
da Polícia Civil de Minas Gerais. Mas antes disso, tinha passado em dois outros
concursos. O primeiro, em Roraima. Depois, foi aprovado também na Polícia Civil
de São Paulo.
Enquanto aguardava sua nomeação, em um dos dois estados,
resolveu fazer o concurso em Minas Gerais.
EM