
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Selfies montadas, fundos falsos, vídeos de operações e
filhos falsos. Assim se apresentava nas redes sociais Luiza Cristina de Assis
Oliveira, a falsa tenente da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) de 23 anos,
presa por falsidade ideológica. Antes de se dizer tenente, Luiza trabalhava
como caixa em um supermercado de bairro, até que a franquia fechou.
Ela foi presa em flagrante depois de tentar enganar o dono
de um restaurante no Bairro Milionários, na Região do Barreiro, em Belo
Horizonte (MG). Conforme o boletim de ocorrência, ela negociou uma sociedade
com o empresário, mas nunca pagou o valor necessário.
No LinkedIn, a mulher traçou um perfil enxuto, mas direto.
Com localização da capital mineira, Luiza tem uma foto de perfil de montagem,
fundo falso com os dizeres da Polícia Militar de Minas Gerais e uma farda
montada em uma fotografia de rosto.
Ela dizia ser 1ª Tenente da PMMG desde 2024, com atuação na
chefia do Núcleo de Justiça e Disciplina da corporação e na “coordenação de
Concurso” no Curso de Formação de Oficiais (CFO PMMG).
Para chegar nos cargos, dizia que cresceu na carreira indo
de bacharel em Direito, depois Direito Penal e Segurança Pública pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com início do curso em 2018,
seguida de 2ª Tenente da corporação em 2020, chefe da ALCO do 32º Batalhão em
2021 e subcomandante da 6ª Companhia Independente da corporação.
Persona sustentada
Em uma publicação do início do ano, Luísa se mostrou alegre,
com uma selfie com sorriso tímido em uma comemoração honrável. “Dia especial,
assumo a chefia do Núcleo de Justiça e Disciplina - 41º BPM/PMMG”, afirmava. O
41° Batalhão de Polícia Militar, localizado na Avenida Afonso Vaz de Melo, no
Barreiro, não tem registros da suposta tenente.
A persona era sustentada também no Instagram, plataforma
onde a vida perfeita da “tenente” seguia. Nos stories, a mulher republicava
vídeos da conta oficial da Polícia Militar e publicava supostos momentos do
dia, como um treino de tiro na manhã de 16 de setembro de 2024 e uma formatura
do Proerd, em 20 de junho do mesmo ano.
Ela também publicava fotos no feed e tinha destaques com
duas crianças, que dizia serem filhos dela. A Polícia Militar confirmou que as
fotos pertenciam a outras pessoas e eram utilizadas sem autorização. As
publicações seguem no perfil.
Outra tática de Luiza foi a criação de um segundo perfil,
desta vez de uma segunda falsa oficial. De nome Marcella Bomfim, o perfil
compartilhava também imagens de operações e celebrações policiais, marcava o
perfil de Luiza, que compartilhava. A oficial não existe.
De caixa de supermercado a tenente, em dias
No Bairro Milionários, Luiza já era conhecida. Moradores da
região relataram à reportagem que a mulher trabalhava como caixa de um
supermercado na Rua Dona Luiza, cuja franquia fechou em 2024.
Luiza se aproveitou de uma mudança de nome para forjar uma
nova persona. Isto porque ela é uma mulher trans e passou a se apresentar como
Luiza recentemente, antes de sair do supermercado. A franquia fechou e, desde
maio de 2024, Luiza se apresenta nas redes e pessoalmente como oficial da
polícia.
Ela também alegava ser filha de um coronel da PMMG e dizia
ter um irmão que ocupava o cargo de promotor de Justiça. As informações também
são mentirosas.
De acordo com a polícia, foram encontrados na casa da
suspeita documentos falsificados, crachás da PMMG, cartões bancários em nomes
diversos, aparelhos celulares e uma réplica de arma de fogo. Ela se passava
também por advogada e, para isso, usava o número da OAB-MG de um profissional
registrado.
A jovem confessou ter criado identidades fictícias, para
tentar receber benefícios do governo, e forjado documentos como alvarás, cartas
da Previdência Social e procurações usando o número da OAB, que não é dela.
Pelos crimes, ela responderá por estelionato, falsidade
ideológica, usurpação de função pública e furto. A Polícia Civil de Minas
Gerais (PCMG) informou, por meio de nota, que a mulher foi conduzida à
delegacia e ouvida. Após os procedimentos, a suspeita ficou à disposição da
Justiça para as medidas legais cabíveis.
EM