
Foto: Joubert Oliveira/TJMG
A diarista Kátia Regina Silvério foi condenada em sessão do
Tribunal do Júri, nesta sexta-feira (8/8), a 10 anos, seis meses e 15 dias de
prisão em regime inicialmente fechado pelo assassinato do marido, Marcos
Antônio Soares. Ela concretou o corpo embaixo da cama do casal, na Rua Zumbi
dos Palmares, na Ocupação Rosa Leão, na Região Norte de Belo Horizonte, logo
após ela voltar da igreja.
O crime aconteceu na noite de 29 para 30 de outubro de 2022.
O corpo foi encontrado em 6 de novembro. Kátia manteve a confissão do
assassinato durante o julgamento, pois já tinha assumido a responsabilidade
pelo crime ao ser presa em 25 de janeiro de 2023.
O Conselho de Sentença considerou que Kátia cometeu os
crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O juiz Luiz Felipe
Sampaio Aranha expediu o mandado de prisão. Kátia aguardava o julgamento em
liberdade, mas, devido à condenação, saiu presa do fórum. O juiz negou a ela o
direito de recorrer em liberdade.
Segundo a assessoria do fórum, Kátia disse que o início do
namoro com a vítima foi tranquilo, mas, com o tempo, passou a ser agredida
verbal e fisicamente. Afirmou ainda que ele era muito ciumento e que, por isso,
terminaram e voltaram com o relacionamento diversas vezes. O casal, segundo
contou, não tinha restrições ao celular um do outro e, assim, ela descobriu que
Marcos tinha uma amante. Logo, quando percebeu, já estava em cima do
companheiro o enforcando.
Com isso, o Conselho de Sentença acolheu a tese da defesa de
homicídio privilegiado, previsto no artigo 121, § 1º, do Código Penal, em
função de o crime ter sido “cometido sob o domínio de violenta emoção, logo
após injusta provocação da vítima”.
Vítima sofria violências frequentes
A Polícia Civil apurou, na ocasião, que a vítima sofria
violências frequentes no relacionamento. Marcos tinha um porte físico mais
franzino, enquanto a companheira era mais forte e se valia disso para
agredi-lo. O casal estava junto há cerca de 18 anos e tinha três filhos que, à
época, tinham 9, 13 e 17 anos.
A investigação revelou que o motivo das agressões frequentes
era, principalmente, ciúmes, e que a mulher sempre ia atrás de informações
sobre possíveis traições do marido. Familiares da vítima classificaram como
“perseguição” a forma com que a suspeita agia.
No dia do crime, com o homem sentado na cama, a mulher
partiu para cima dele e começou a estrangulá-lo até ele perder a consciência.
Primeiro, ela usou as mãos e, depois, um fio de carregador de telefone celular.
Ao ver que o objeto utilizado não surtia mais efeito, ela passou a utilizar um
pedaço de pano para impedir que a vítima voltasse a respirar.
Mulher foi à igreja após o crime
Segundo a PC, logo após o homicídio, a mulher colocou o
corpo do marido debaixo da cama do casal e foi para uma igreja. Voltando para casa
e sentindo-se perdoada, decidiu concretar o cadáver a fim de acobertar o crime.
Ela continuou dormindo no local por cerca de uma semana. Um
dos filhos começou, então, a questionar o paradeiro do pai. A mulher, então,
fugiu.
O corpo foi encontrado pelo pai da suspeita após ele ir até
a casa da mulher para buscar roupas para os filhos, deixados às pressas aos
seus cuidados.
Conforme o estado de decomposição do corpo foi avançando, o
cadáver começou a inchar, causando a ruptura da estrutura de concreto e,
consequentemente, mau cheiro. Com isso, o pai da mulher acabou encontrando o
corpo do genro.
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