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14/08/2025

Suspeito de matar gari nega em depoimento ser autor do assassinato e diz que nem passou pelo local do crime no dia



Foto: Reprodução


Renê da Silva Nogueira Junior, de 47 anos, está preso preventivamente sob a suspeita de matar com um tiro o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, que trabalhava no bairro Vista Alegre, na Região Oeste de Belo Horizonte (MG), na segunda-feira (11/8). Em depoimento, o empresário alegou que não passou pela região e que o carro filmado por câmeras de segurança não é dele.

 

No boletim de ocorrência da Polícia Militar, documento que descreve a prisão em flagrante de Renê no estacionamento de uma academia, no bairro Estoril, bairro vizinho de onde aconteceu o homicídio, o suspeito afirmou que não participou do episódio. No documento, apenas é descrito que o homem disse que sua esposa é delegada da Polícia Civil de Minas Gerais e que o carro que usava estava em nome da servidora.

 

Conforme os registros, Renê também afirmou que a esposa tem uma arma do mesmo calibre da utilizada no homicídio. A delegada Ana Paula Lamego Balbino acompanhou as diligências.

 

No local do crime, foi recolhido um projétil intacto de munição calibre .380. Conforme os registros, a vítima foi atingida por um tiro que acertou o lado direito das costelas e saiu pelo esquerdo. Ele deu entrada no Hospital Santa Rita, em Contagem, na Grande BH, mas morreu momentos depois por hemorragia interna. O projétil foi recolhido para análises.

 

Durante as diligências da prisão em flagrante, os militares seguiram à casa de Renê e recolheram uma pistola glock, de calibre 380, com 10 cartuchos intactos. Em depoimento à Polícia Civil, ele reafirmou que a esposa tem propriedade de uma glock, mas que é particular e tem defeito.

 

Segundo ele, a esposa constantemente leva a arma para um inspetor da Polícia Civil fazer manutenção. A esposa usa para trabalhar uma de calibre 9mm.

 

Como foi o dia de Renê?

 

Em depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Renê descreveu sua versão dos fatos. Ele contou que saiu de casa às 8h05, no Vila da Serra, em Nova Lima (MG), em direção a Betim (MG), onde trabalhava como diretor de uma empresa.

 

Segundo ele, demorou cerca de 30 minutos para chegar devido ao congestionamento e que sempre passa por vias principais, sob orientação da esposa, uma vez que não é da Grande BH e não conhece bem as vias. Diz ele que chegou à empresa às 9h17 ou 9h27, onde permaneceu até às 13h. A Polícia Militar recebeu o chamado sobre o homicídio às 9h07.

 

“Eu entrei e não registrei ponto pois sou da diretoria e diretoria não precisa registrar ponto. Nas filmagens da câmera da empresa é possível ver certinhos o horário que eu cheguei lá”, disse. Renê relata ter ficado na empresa por cerca de quatro horas, até o horário do almoço. 

 

Renê afirmou à Polícia Civil que não passou pelo local do crime. Uma consulta feita pela reportagem a aplicativos de GPS mostrou que uma das rotas possíveis do Vila da Serra a Betim passa pelo Bairro Vista Alegre, em um trecho entre o Anel Rodoviário e a Avenida Teresa Cristina. A esquina da Rua Modestina de Souza onde aconteceu o crime está a um quarteirão de distância de uma possível rota.

 

Renê da Silva é natural de Nova Iguaçu, município do Rio de Janeiro. À PCMG, contou que não conhece a região e foi orientado pela esposa a sempre passar por vias principais.

 

“Tem uma semana e um dia que estou trabalhando nessa empresa. Eu permaneci lá até as 13h10/15 e então retornei para minha casa pois era hora do meu almoço”. Segundo ele, imagens do condomínio “devem ter registrado seu retorno”. Ele contou que estava vestindo uma roupa social, na qual “seria possível ver que não portava nada na cintura”.

 

Depois que entrou no apartamento, trocou de roupa e desceu com os cachorros pelo elevador de serviços, ficou com eles por 15 minutos no espaço pet e voltou ao apartamento. Então, às 15h15, pegou garrafa d’água e fones de ouvido e desceu pelo elevador para ir à academia, onde encontrou os policiais e foi preso no estacionamento. A abordagem foi feita às 16:57, segundo o B.O.

 

“Avenida Teresa não sei o que”

 

Ainda conforme depoimento, Renê não reconheceu o nome da avenida pela qual o apontavam como suspeito de algo. De acordo com ele, foi abordado de forma gentil por policiais que afirmavam que ele era averiguado por uma “Avenida Teresa não sei o que”, sem saber o nome.

 

Segundo ele, o carro mostrado a ele em vídeos de câmeras de segurança não é dele, uma vez que o carro do vídeo era elétrico e tinha insulfilm escuro em todos os vidros, enquanto o carro que dirigia é híbrido e só tem insulfilm nas laterais e traseira.

 

Segundo a Polícia Militar, Renê foi encontrado a partir de informações de uma testemunha, que lembrou de parte da placa no carro e pela consulta de câmeras de segurança, cujas imagens capturaram outros caracteres da placa e mostraram que o carro era um BYD Song Plus.

 

Ele negou ter participado do crime. Ele ainda disse que sabe onde as armas da esposa ficam guardadas, mas não as pega. Diz ele que tem ciência da realização da perícia e que não foi autor dos disparos.

 

O caso é investigado pela Polícia Civil. Nesta quarta-feira (13/8), Renê teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.

 

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