
Foto: Reprodução/Redes Sociais
A arma usada para matar o gari Laudemir de Souza Fernandes,
de 44 anos, na segunda-feira (11/8), pertence à delegada da Polícia Civil de
Minas Gerais (PCMG), Ana Paula Balbino Nogueira, mulher do principal suspeito
de cometer o crime. A informação foi confirmada pela Corregedoria da corporação
nesta tarde desta sexta-feira (15/8).
De acordo com a PCMG, os exames periciais realizados entre
duas munições apreendidas no local do crime tiveram compatibilidade com a
pistola calibre .380 apreendida na casa da servidora pública. O artefato é de
uso particular da mulher, que está sendo investigada pela corregedoria.
Ana Paula é chefe da delegacia de combate à violência
doméstica em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na noite de
segunda-feira, a delegada foi levada até a sede da corregedoria da Polícia
Civil para ser ouvida em relação ao uso de sua arma pessoal no possível crime.
Na ocasião, segundo repassado à imprensa pelo porta-voz da
corporação delegado Saulo Castro, a servidora afirmou que o marido não tinha
acesso aos dois artefatos. Além disso, a delegada disse que não tinha
informação alguma sobre o crime pelo qual seu companheiro foi preso como
principal suspeito.
A arma de uso particular da delegada foi incluída no
inquérito criminal que está em andamento na delegacia de homicídios da PCMG. Já
a arma da corporação foi anexada nos autos da investigação administrativa.
Apesar do procedimento interno, Castro afirma que não há indícios para
afastamento da servidora e, por isso, ela segue em seu cargo regular.
“Importante ressaltar que estamos em fase inicial da
investigação, que também foi instaurado um procedimento administrativo
disciplinar correcional e que, eventualmente, sendo demonstrado qualquer tipo
de responsabilidade a servidora será devidamente penalizada em âmbito
correcional”, afirma o porta-voz.
Durante coletiva de imprensa na terça-feira (12/8), o
delegado do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Álvaro
Huerdas, afirmou que, até o momento, as provas adquiridas pela corporação não indicam
participação da delegada no crime. O delegado explicou que o fato da arma que
teria sido usada no homicídio estar no nome da servidora do Governo de Minas
Gerais “não necessariamente” a coloca como coautora ou partícipe da ocorrência.
A participação só será indicada caso fique constatado que a
mulher entregou o armamento para o marido. “O que nós temos é uma arma de fogo
regularmente registrada em nome de uma delegada de polícia que foi entregue
tanto ao departamento quanto à corregedoria”.
Como foi o crime?
O prestador de serviços da Prefeitura de Belo Horizonte
(PBH) trabalhava junto com outras quatro pessoas na Rua Modestina de Souza, por
volta das 8h55, quando a motorista do caminhão, uma mulher de 42 anos, parou e
encostou o veículo para que uma fila de dez carros pudesse passar. O último
carro, modelo BYD da cor cinza, teria enfrentado dificuldades para passar pelo
caminhão e, por isso, a motorista e um dos garis teriam indicado ao motorista
que o espaço seria suficiente.
Em seu depoimento à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a
condutora do caminhão de coleta Eledias Aparecida Rodrigues afirmou que
enquanto recebia as instruções dos funcionários, o motorista do BYD pegou uma
arma preta, fez movimento para engatilhar e, apontando para ela, disse: “Se
você esbarrar no meu carro eu vou dar um tiro na sua cara, duvida?”.
Diante das ameaças feitas à colega, uma segunda testemunha
afirmou que os demais trabalhadores tentaram acalmar o suspeito e pediram que
ele seguisse seu caminho. Mesmo assim, segundo o boletim de ocorrência, o homem
desembarcou com a arma em punho, deixando o carregador cair. Ele então o
recolocou, manobrou a arma e efetuou um disparo em direção à vítima. Laudemir
chegou a ser socorrido e encaminhado para o Hospital Santa Rita, no Bairro
Jardim Industrial, em Contagem, mas morreu na unidade de saúde.
Imagens de câmera de segurança flagraram o momento em que o
gari saiu correndo já ferido. Na gravação é possível ver o carro que seria do
investigado virando na rua em que o caminhão de coleta estava parado. O veículo
então para por um segundo, segue em frente e os demais que estavam atrás passam
a dar ré e sair da via. Na sequência, dois garis saem correndo e um deles
coloca a mão na região do abdômen e cai no chão. Ele é amparado por um colega
que segura sua cabeça.
A esposa do suspeito tem participação no crime?
- Logo após ser abordado por uma equipe da Polícia Militar
de Minas Gerais (PMMG) o suspeito afirmou que sua mulher é delegada
- Desde os fatos, Ana Paula Balbino Nogueira, identificada
como a esposa do suspeito de homicídio continua trabalhando
- A delegada foi ouvida pela Corregedoria da corporação onde
trabalha
- As armas de serviço e pessoal foram apreendidas e estão
sendo analisadas nos inquéritos administrativos e criminal
- A PCMG afirma que, até o momento, não há informações que
incluem a delegada no homicídio do gari
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