
Foto: Renato Araújo/Agência Brasília
O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota na noite
desta terça-feira (9) em que condenou a ameaça dos Estados Unidos "de uso
de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa
democracia" em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de
sete réus pela trama golpista.
Na nota, o Itamaraty diz que o governo repudia qualquer
interferência de outros países na soberania brasileira.
"O primeiro passo para proteger a liberdade de
expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular
expressa nas urnas. É esse o dever dos três Poderes da República, que não se
intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania. O governo
brasileiro repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar
governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais", diz o comunicado.
Estados Unidos
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt,
disse que o governo norte-americano considera a liberdade de expressão uma
prioridade máxima, citando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Não tenho nenhuma ação adicional [contra o Brasil]
para apresentar a vocês hoje. Mas posso dizer que esta é uma prioridade para o
governo. E o presidente [Donald Trump] não tem medo de usar o poderio econômico
e militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão
em todo o mundo", disse a porta-voz, conforme informou a agência Reuters.
"Conspiração da família Bolsonaro"
Em discurso em Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ainda citou o julgamento no Supremo Tribunal Federal em que o ex-presidente
Jair Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado.
Lula considerou que o país vive um momento delicado.
“Ele sabe que cometeu as burrices que cometeu (...) Esses
caras tiveram a pachorra de mandar gente para os Estados Unidos para falar mal do
Brasil e para condenar o Brasil”, criticou Lula.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman,
criticou a declaração do governo dos Estados Unidos sobre uso da força.
Em uma postagem nas redes sociais, a ministra afirmou que
chegou ao "cúmulo" a "conspiração da família Bolsonaro contra o
Brasil", apontando para a articulação conduzida pelo deputado federal
Eduardo Bolsonaro para que os EUA sancionem o Brasil.
"Não bastam as tarifas contra nossas exportações, as
sanções ilegais contra ministros do governo, do STF e suas famílias, agora
ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é
totalmente inadmissível'", disse a ministra.
Carolina Pimentel – Agência Brasil