
Foto: Ton Molina/STF
O ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados
condenados na ação penal da trama golpista podem começar a cumprir as penas até
dezembro deste ano. De acordo com fontes do Supremo Tribunal Federal (STF)
ouvidas pela Agência Brasil, a execução das penas pode ocorrer no fim deste ano
se os recursos das defesas forem rejeitados pela Corte.
Nessa quinta-feira (11), a Primeira Turma do Supremo
condenou o ex-presidente e seus aliados a penas que variam entre 16 e 27 anos
de prisão em regime fechado.
O cumprimento das penas não é imediato porque os réus ainda
podem recorrer da decisão e tentar reverter as condenações.
Recursos
Com o fim do julgamento, o Supremo tem até 60 dias para
publicar o acórdão do julgamento, documento que contém os votos proferidos pelos
ministros. Com a publicação do acórdão, as defesas terão cinco dias para
apresentar os chamados embargos de declaração, recurso que tem objetivo de
esclarecer omissões e contradições no texto final do julgamento.
Em geral, esse tipo de recurso não tem poder para rever o
resultado do julgamento e costuma ser rejeitado. A previsão é de que o recurso
possa ser julgado pela própria turma, que condenou os réus, entre os meses de
novembro e dezembro.
Se os recursos forem rejeitados, o Supremo vai determinar a
execução imediata das penas. Como o placar da votação foi de 4 votos a 1 pelas
condenações, os réus não terão direito a levar o caso para o plenário.
Para conseguir que o caso fosse julgado pelo pleno, eles
precisariam de, pelo menos, dois votos pela absolvição, ou seja, placar mínimo
de 3 votos a 2. Nesse caso, os embargos infringentes poderiam ser protocolados
contra a decisão.
Local de prisão
Se as penas forem executadas, os réus não devem ficar em
celas comuns. Oficiais do Exército têm direito à prisão especial, de acordo com
o Código de Processo Penal (CPP).
Entre os condenados, quatro militares são do Exército, um da
Marinha e dois delegados da Polícia Federal, que também podem ser beneficiados
pela restrição.
As celas especiais estão localizadas no presídio da Papuda,
localizado na região administrativa do Jardim Botânico (DF); na
superintendência da Polícia Federal ou nas instalações do Comando Militar do
Planalto (CMP), em Brasília.
A decisão sobre o local de cumprimento das penas será do ministro
Alexandre de Moraes, relator da ação penal da trama golpista.
Prisão domiciliar
O ex-presidente Bolsonaro também poderá cumprir a pena em
casa em função dos problemas de saúde, decorrentes da facada desferida contra
ele na campanha eleitoral de 2018.
Contudo, a medida também não é automática e deverá ser
avaliada pelo ministro Alexandre de Moraes, caso seja solicitada pela defesa.
Bolsonaro já está em prisão domiciliar, mas a medida foi
determinada pelo ministro em outro processo, o da investigação sobre o tarifaço
dos Estados Unidos contra o Brasil.
Réus e suas patentes
- Alexandre Ramagem (delegado da PF e deputado federal), ex-diretor
da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier (almirante), ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres (delegado da PF), ex-ministro da Justiça e
ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno (general), ex-ministro do Gabinete de
Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro (capitão);
- Paulo Sérgio Nogueira (general), ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto (general), ex-ministro de Bolsonaro e
candidato à vice na chapa de 2022.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que é
tenente-coronel do Exército, assinou acordo de delação premiada com a Polícia
Federal e não vai cumprir pena.
André Richter/Aécio Amado – Agência Brasil