
Foto: Beto Barata/PL
Após admitir, no sábado (13/9), que houve um “planejamento
de golpe” de Estado, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, recuou nesta
segunda-feira (15) diante de críticas de bolsonaristas, incluindo parlamentares
e aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Eu estou aqui me justificando, dizendo que eu cometi um
erro. Em vez de falar movimento, eu falei planejamento. Foi um erro meu e
porque eu estava à vontade, num lugar, estava totalmente à vontade, falei e nem
percebi que eu falei. Só depois na gravação que eu vi que eu falei”, afirmou
Valdemar em entrevista à BandNews TV.
A fala polêmica do dirigente partidário se deu em Itu (SP),
no evento Rocas Festival, voltado a entusiastas de cavalos de luxo. Em uma
gravação publicada nas redes sociais, Valdemar Costa Neto comentou a condenação
de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que houve planejamento
de golpe, mas argumentou que isso não seria crime.
“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe
efetivamente. No Brasil, a lei diz: se você planejar um assassinato, planejou
tudo, mas fez nada, não tentou, não é crime. O golpe não foi crime”, disse
Valdemar, ao lado do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que integra o governo
de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
“O grande problema nosso é que teve aquela bagunça no 8 de
Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe. Olha só que absurdo: camarada com
pedaço de pau, um bando de pé de chinelo quebrando lá na frente. Eles falam que
aquilo é golpe”, protestou, na ocasião.
Nesta segunda, Valdemar também se esforçou para deixar claro
que suas falas não se deram para “enterrar” uma eventual — porém improvável —
candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2026. O presidente do PL disse
ao Correio em 6 de setembro, antes da condenação, que Bolsonaro continua sendo
o Plano A para o próximo ano.
“Foi um erro meu e todo esse pessoal que gosta do Bolsonaro
sabe que eu serei fiel a ele até o fim, enquanto eu tiver vivo, eu vou ser fiel
ao Bolsonaro e confio no Bolsonaro, que fez um excelente governo”, argumentou.
Críticas
Valdemar recebeu críticas de diversos setores do
bolsonarismo depois do ato falho no sábado. Um dos que vieram a público
criticá-lo foi o ex-assessor de Bolsonaro Fabio Wajngarten, demitido do PL em
maio.
Em um post irônico em seu perfil do X, criticou o que chamou
de “jênio” do assessoramento, sem citar nomes, e disse que “quando não se tem o
que falar, é óbvio que é melhor não falar”.
“Abrir a boca sem mínima preparação vai errar sempre”,
disparou Wajngarten, que disse que a repercussão de falas na imprensa é a mesma
que a de um evento de cavalos.
“Aprendi com meus professores de imprensa nos últimos anos
que a crise passa, o silêncio não significa abandono nem descaso, nem
indiferença”, pontuou.
Correio Braziliense