
Foto: Reprodução/Redes Sociais
O ex-vereador de Novo Cruzeiro (MG), no Vale do
Jequitinhonha, Valdeci Passos Soares, de 48 anos, foi executado na madrugada
desta segunda-feira (15/9), logo após sair de uma festa no município de Poté,
no Vale do Mucuri. Foragido da Justiça por tráfico de drogas, ele foi preso nos
EUA em maio de 2024 e condenado em novembro do mesmo ano, em regime semiaberto
(entenda mais abaixo).
Valdeci Calango, como era popularmente conhecido, foi
surpreendido na Rua Agostinho Fortunato de Deus, perto do centro de eventos
onde ocorreu a 39ª Festa Cultural de Poté.
Conforme registrado pela Polícia Militar, testemunhas
relataram que a vítima, acompanhada de amigos, caminhava em direção ao carro
logo após o término do evento, quando um homem armado se aproximou e efetuou um
disparo. Valdeci morreu na hora.
A perícia da Polícia Civil constatou que ele apresentava
perfuração na região da cabeça. O corpo foi encaminhado ao Instituto
Médico-Legal (IML) de Teófilo Otoni.
Também com o auxílio de testemunhas, a Polícia Militar
identificou o suspeito como um jovem de 25 anos. Apontado como integrante da
facção “Família Teófilo Otoni” (FTO), considerada braço do Comando Vermelho na
região, ele negou o crime, mas foi preso em flagrante e teve o celular
apreendido. Os policiais localizaram a arma que teria sido usada no homicídio —
uma pistola calibre .380 — à margem da MG-217.
Em 18 de julho deste ano, Valdeci sofreu uma tentativa de
assassinato em Novo Cruzeiro. Na ocasião, dois homens em uma moto se
aproximaram do carro que ele dirigia. O veículo foi atingido por disparos de
arma de fogo, mas o ex-político conseguiu escapar sem ferimentos. As
autoridades ainda não confirmaram a motivação dos dois ataques nem se há
relação entre eles.
Ex-vereador era um dos líderes do narcotráfico na região
Valdeci Passos Soares foi eleito vereador em Novo Cruzeiro
pelo partido Progressistas e tomou posse em 1º de janeiro de 2021, mas
permaneceu pouco tempo no cargo.
Em 27 de agosto daquele ano, a polícia cumpriu mandados de
busca e apreensão na casa dele após a Promotoria de Justiça da cidade
denunciá-lo por manter mais de 1kg de maconha em depósito dentro do imóvel,
além de munição e um carregador de pistola. Todo o material relatado na
denúncia foi encontrado e apreendido.
“Calango” era um dos líderes do narcotráfico na região. Ele,
inclusive, conforme as investigações, utilizava-se de veículos oficiais do
Legislativo municipal para a prática criminosa, narra o Ministério Público na
denúncia.
Na ocasião do cumprimento dos mandados de busca e apreensão,
o vereador, que também ocupou o cargo de secretário interino na Câmara Municipal,
conseguiu fugir do local e, posteriormente, da cidade, acompanhado da esposa,
então funcionária da prefeitura local, e dos quatro filhos do casal.
O Ministério Público apontou na denúncia que a família
esteve primeiro em Sorocaba (SP). Depois, Valdeci viajou para os EUA somente
com a esposa e o filho mais novo, deixando os demais na cidade paulista. Em
razão da fuga, a Promotoria de Justiça de Novo Cruzeiro requereu a prisão
preventiva de Valdeci.
Prisão nos EUA e condenação
Em 1º de maio de 2024, depois de ter o nome inserido na
lista de difusão vermelha da Interpol, ele foi preso em situação ilegal na
cidade de Sandy, no estado de Utah, por agentes do Departamento de Segurança
Interna dos Estados Unidos (Homeland Security). Antes, ele estava morando em
Sacramento, na Califórnia, mas conseguiu escapar.
Depois de preso, Valdeci foi deportado para o Brasil. Ele
acabou condenado em 10 de novembro de 2024 a 6 anos e 9 meses de prisão por
tráfico de drogas, além de mais 1 ano de detenção devido à posse ilegal de
munições. O cumprimento da pena começou por meio do regime semiaberto, conforme
determina o Código Penal para sentenças abaixo de oito anos e quando o réu é
primário.
EM