
Foto: Josenildo Costa/CMCG
A Câmara Municipal de Campina Grande realizou Audiência Pública,
de autoria dos vereadores Alexandre Pereira, Pimentel Filho e Anderson Pila,
para debater, junto a representantes da Energisa, os problemas envolvendo
cabeamentos em desuso, postes danificados e outras demandas apresentadas pela
população.
Compuseram a mesa os representantes da Energisa: Araceli
Tigreiro, Gerente Institucional; Carlos Barreto, Gerente Jurídico; Rômulo
Pereira, Supervisor de Relacionamento; e Nataniel Gonçalves, Supervisor de
Atendimento. Da Prefeitura Municipal de Campina Grande, estiveram presentes
Renan Loureto, Coordenador de Iluminação Pública, e Matheus Pinto, Gerente de
Iluminação. Também integrou a mesa Pedro Farias, Gerente de Atendimento do
Procon.
Iniciando as participações na tribuna, o vereador Alexandre
Pereira ressaltou pontos problemáticos envolvendo a empresa, como os altos
valores cobrados para retirada de postes, mudanças nos vencimentos das faturas,
dificuldades no atendimento devido à disponibilidade de apenas uma agência para
toda a população e a poluição visual causada pela grande quantidade de fios
soltos e amontoados nos postes, mesmo havendo leis que tratam da problemática.
Sobre o objetivo da audiência, Alexandre destacou a
necessidade de que a empresa apresente medidas práticas para solucionar as demandas
apresentadas. Ele também enfatizou a importância da energia como serviço
essencial, cuja ausência impacta todas as atividades. “A Energisa tem a
concessão, é preciso atender ao interesse público e cumprir os deveres” –
frisou.
Os vereadores Anderson Pila e Pimentel Filho, também autores
da propositura, reforçaram a importância do diálogo com os representantes da
empresa.
Rômulo Pereira Gomes, Supervisor de Relacionamento da
Energisa, contextualizou a questão dos cabos de telefonia, internet e TV, descrevendo-a
como um efeito colateral do crescimento acelerado dos meios de comunicação no
Brasil. Ele destacou que esse é um tema tratado em nível nacional, com
propostas de regulamentação, e citou problemas comuns em todo o país, como fios
desordenados, riscos à segurança pública e impactos no paisagismo.
Para a solução, Rômulo defendeu a necessidade de uma ação
conjunta entre empresas de telecomunicações, sociedade e poder público
municipal e federal, uma vez que a outorga para uso dos postes é concedida pela
União. Ele informou ainda que, em Campina Grande, das 57 empresas de
telecomunicações existentes, apenas 27 possuem contrato com a distribuidora de
energia. As demais, segundo ele, operam com permissão federal, o que
impossibilita a distribuidora de retirar os cabos.
Araceli Tigreiro, Gerente Institucional da Energisa,
destacou o período de atuação da empresa na Paraíba e apresentou dados de
avaliação positiva por parte dos clientes. Ressaltou que a empresa atua
conforme determinações da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), com
obrigações, deveres e protocolos a serem seguidos em casos de deslocamento de
postes e outros pedidos. Sobre o uso compartilhado da infraestrutura, enfatizou
a necessidade de ordenamento da rede e disse que a Energisa busca desenvolver
ações conjuntas para alcançar esse objetivo.
Pedro Farias, Gerente de Atendimento do Procon, lembrou a
responsabilidade do órgão como fiscalizador e informou que, em julho, foi
realizada uma reunião com a Energisa e operadoras, na qual foram acordados
cinco pontos, entre eles a apuração de fios em desuso ou uso inadequado. No
entanto, as demandas para ajuste desses acordos não foram cumpridas. Por esse
motivo, segundo Pedro, atualmente existem 43 processos abertos em fase de
notificação de multa no Procon. Durante a audiência, ele também esclareceu
sobre obrigações da empresa e direitos do consumidor, destacando a importância
de garantir que este último não seja prejudicado, em conformidade com o Código
de Defesa do Consumidor.

Foto: Josenildo Costa/CMCG
Entre as participações dos vereadores, Severino da Prestação
relatou situações de cobranças abusivas e cabeamentos baixos nos postes, além
das dificuldades de comunicação direta tanto com a Energisa quanto com as
empresas de telecomunicações. Olimpio Oliveira questionou o direito de
propriedade e a responsabilidade da empresa em zelar pela segurança,
ressaltando que a Justiça pode ser acionada, por parte da Energisa, para
assegurar a manutenção adequada dos postes. Ele ainda observou que a portaria
que estabelece o compartilhamento de postes não define claramente as
responsabilidades.
O vereador Rafafá apresentou o depoimento de uma moradora
que enfrenta dificuldades para obter a instalação de rede elétrica em sua
residência. Segundo o relato, a Energisa cria entraves ou fornece informações
divergentes. Ele cobrou medidas efetivas para solucionar a situação. Já a
vereadora Jô Oliveira solicitou atenção à instalação de energia elétrica em uma
cozinha comunitária de São José da Mata, cuja demanda está pendente desde maio.
O vereador Frank Alves criticou a exigência de transferência
do contador de energia para a parte externa das residências após reformas ou
inadimplência, destacando que os custos são repassados ao consumidor, que
muitas vezes não dispõe de recursos. Ele defendeu ainda que a Energisa seja
responsável pela fiscalização das empresas de telecomunicações. O vereador
Wellington Cobra pediu uma avaliação da empresa sobre os postes que necessitam
de substituição e questionou se os valores cobrados pela mudança de local dos
postes têm respaldo legal, além de indagar sobre a obrigatoriedade da
transferência do contador. Já Pimentel Filho classificou as taxas de remoção ou
transferência como abusivas e cobrou uma solução para o problema, pedindo ainda
informações sobre o pagamento de ISS e a arrecadação da empresa.
O vereador Alexandre Pereira apresentou vídeos que ilustram
a necessidade de retirada de fios e destacou a alta arrecadação da Energisa
diante do uso dos postes pelas empresas de telecomunicações. Sobre a alteração
nas datas de vencimento das faturas, cobrou fiscalização por parte do Procon.
Também foram apresentadas demandas da população e de
convidados, como solicitações de instalação e transferência de postes em frente
a residências e situações relacionadas à zona rural.
Em resposta, Araceli Tigreiro esclareceu que a Energisa não
exige a transferência dos contadores para a parte externa das residências e
ressaltou que a iluminação pública é de responsabilidade do município. Quanto
às residências em loteamentos, explicou que existem legislações específicas. Já
as mudanças ou retiradas de postes, segundo ele, são realizadas de acordo com
resolução que prevê a cobrança dos valores. Os demais representantes da empresa
também prestaram esclarecimentos às dúvidas levantadas durante a audiência.
Diante das divergências sobre obrigatoriedades, o vereador
Anderson Pila defendeu a necessidade de aprofundar as informações e, se
necessário, buscar soluções via judicial. Concluindo a sua fala, o vereador
Pila sugeriu o encaminhamento para criação de um Procon Legislativo, com o
objetivo de que a Câmara Municipal possa intermediar conflitos entre
consumidores, empresas e instituições.
Encerrando a sessão, o vereador Alexandre Pereira encaminhou
a elaboração de um cronograma de atividades e a entrega de informações, a serem
apresentadas pela Energisa ao Poder Legislativo.
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que tramitam no SAPL – Sistema de Apoio ao Processo Legislativo.
DIVICOM/CMCG