
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse nesta
quarta-feira (1º) que o número de caso suspeitos de intoxicação por metanol
deve aumentar ao longo dos próximos dias em razão do reforço das medidas de
vigilância anunciadas pela pasta.
“Está aumentando a sensibilidade para isso, chamando mais a
atenção dos profissionais de saúde, aumentando a suspeita desses profissionais
e, com a notificação imediata, subindo mais rápido essa informação
também", disse durante coletiva à imprensa sobre vacinação em Brasília.
Segundo o ministro, até a noite desta terça-feira (30), 26
casos suspeitos de intoxicação por metanol haviam sido notificados. Além dos
casos identificados no estado de São Paulo, Pernambuco notificou, na manhã de
hoje, três casos suspeitos.
“As orientações do Ministério da Saúde são para que todo o
Brasil, todo o sistema de vigilância, esteja atento à essa situação”, destacou
Padilha.
Para o ministro, a intoxicação por metanol pode ser
nacional. "A nossa expectativa é que, no reforço da sensibilidade, da
divulgação do problema, isso aumente também a suspeita pelos profissionais de
saúde e aumente o número de casos notificados”, concluiu.
Pernambuco
A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) foi
notificada, no fim da tarde desta terça-feira (30), sobre três possíveis casos
de intoxicação por metanol. Três homens foram atendidos no Hospital Mestre
Vitalino, em Caruaru. Dois morreram e o outro perdeu a visão. Os pacientes são
de dois municípios pernambucanos: Lajedo e João Alfredo.
“Assim que recebeu a notificação, a Apevisa iniciou a
preparação de ações de fiscalização em distribuidoras de bebidas alcoólicas. A
Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) vai emitir orientações tanto para a
população como para as vigilâncias sanitárias municipais. O objetivo principal
é a intensificação das vistorias para evitar possíveis fraudes nos
estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas”, diz a Apevisa em nota.
De acordo com a Apevisa, nesses casos o hospital relata o
quadro clínico, notifica a ocorrência e registra as informações coletadas. A
investigação é realizada pelas vigilâncias da unidade do estado. Nos óbitos com
suspeita de intoxicação, o corpo é encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML),
onde são feitos exames para conclusão.
A recomendação da agência é que os serviços de saúde
notifiquem todos os casos suspeitos ao Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN) e ao Centro de Informações Estratégicas e Resposta de
Vigilância em Saúde (Cievs/PE) e que façam a busca ativa de pessoas que possam
ter consumido bebidas da mesma origem. Além de fazer a capacitação das equipes
de saúde para o manejo clínico adequado, incluindo uso de antídotos específicos
e hemodiálise nos casos graves.
Também é recomendado que a vigilância sanitária intensifique
a fiscalização em estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas, colete
amostras suspeitas para análise laboratorial, interdite preventivamente lotes e
articule ações conjuntas com Procon, Ministério Público e forças de segurança.
“À população deve observar sinais que podem indicar
adulteração: verificar se a bebida possui registro no Ministério da Agricultura
e Pecuária (MAPA), rótulo completo, lacre adequado, além de comprar apenas em
locais confiáveis. Também é essencial redobrar a atenção com drinques prontos e
evitar produtos sem procedência ou com preços muito abaixo do mercado”, orienta
a Apevisa.
Os sintomas iniciais de intoxicação podem ser confundidos
com os da ingestão de álcool comum, como náuseas, vômitos, dor abdominal e
sonolência. Entre seis e 24 horas após o consumo, podem surgir sinais mais
graves, como visão turva, fotofobia, cegueira, convulsões e até coma.
Emergência médica
A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema
gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em
produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar à morte.
Os principais sintomas da intoxicação são: visão turva ou
perda de visão (podendo chegar à cegueira) e mal-estar generalizado (náuseas,
vômitos, dores abdominais, sudorese).
Em caso de identificação dos sintomas, buscar imediatamente
os serviços de emergência médica e contatar pelo menos uma das instituições a
seguir:
Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001;
Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11)
5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país;
É importante identificar e orientar possíveis contatos que
tenham consumido a mesma bebida, recomendando que procurem imediatamente um
serviço de saúde para avaliação e tratamento adequado. A demora no atendimento
e na identificação da intoxicação aumenta a probabilidade do desfecho mais
grave, com o óbito do paciente.
Paula Laboissière/Aline Leal/Flávia Albuquerque/Valéria
Aguiar – Agência Brasil