
Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta
segunda-feira (27) que está otimista em relação à suspensão das tarifas
impostas ao Brasil pelos Estados Unidos e que, em poucos dias, os países
deverão chegar a um acordo.
“Tive ontem na reunião [com o presidente Donald Trump] uma
boa impressão de que logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e
Brasil”, afirmou Lula, em coletiva de imprensa em Kuala Lumpur, na Malásia, às
11h de segunda-feira (27), no horário local (à meia noite no Brasil).
“Estou convencido de que, em poucos dias, teremos uma
solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil para que a vida siga boa e
alegre do jeito que dizia o Gonzaguinha na sua música”, acrescentou.
No encontro, Lula disse que reforçou o argumento de que os
Estados Unidos registram superávit no comércio com o Brasil, não havendo
necessidade de taxação dos produtos brasileiros. Lula afirmou ter entregado um
documento com os temas que pretende abordar nas negociações.
“Eu não estou reivindicando nada que não seja justo para o
Brasil e tenho do meu lado a verdade mais verdadeira e absoluta do mundo, os
Estados Unidos não têm déficit com o Brasil, que foi a explicação da famosa
taxação ao mundo, que os Estados Unidos só iam taxar os países com quem eles
tinham déficit comercial”, disse.

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Perguntado por jornalistas se Trump fez alguma promessa ao
Brasil, Lula brincou dizendo que não é santo para receber promessas.
"Para mim, o que ele tem que fazer é compromisso. E o compromisso
que ele fez é que ele pretende fazer um acordo de muito boa qualidade com o
Brasil."
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira,
que também participou da coletiva, nas próximas semanas, ocorrerão reuniões das
equipes dos dois países para a construção de um acordo.
“Concordamos em trabalhar para construir um acordo
satisfatório para ambas as partes. Nas próximas semanas, acordamos um
cronograma de reuniões entre as equipes negociadores para tratar das
negociações de ambos os países com foco nos setores mais afetados pelas
tarifas”, afirmou.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, disse que as discussões com os
Estados Unidos estão "avançando espetacularmente bem".
"O Brasil solicita que haja reversão da decisão
política tomada [relativa à taxação]. Os aspectos políticos que poderiam
existir já não estão mais, não está mais na mesa aquilo que nunca poderia ter
estado mesmo. Graças a essa posição, nós hoje fazemos uma discussão de um
acordo comercial e não com outras naturezas que não sejam comerciais",
destacou Rosa.

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Venezuela e COP
Na reunião com Trump, o presidente também se colocou à
disposição para ajudar nas negociações com a Venezuela.
“Isso ficou muito claro, se precisar que o Brasil ajude,
estamos à disposição, estamos à disposição para negociar”, disse.
“O Brasil não tem interesse que haja uma guerra na América
do Sul. A nossa guerra é contra a pobreza e a fome. Se a gente não conseguir
resolver o problema da fome e da miséria, como a gente vai fazer guerra? Para
matar os famintos? Não dá para achar que tudo é resolvido à base da bala, que
não é”, complementou.
Lula disse ainda que reforçou o convite para que Trump
participe da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(COP30), que ocorrerá em novembro, em Belém. O presidente norte-americano
anunciou a saída do país do Acordo de Paris, no qual os países se comprometem a
reduzir as emissões de gases poluentes entre outras medidas para reduzir o
aquecimento global.
“Convidei ele para ir a COP outra vez, disse para ele: ‘É
importante que você vá para dizer o que você pensa. Se você não acredita nas
coisas, vai lá para você poder dizer o que você pensa'. Não pode a gente fingir
que não tem uma situação climática”, disse.
Outros mercados
Na coletiva, a equipe brasileira também ressaltou a importância
das visitas à Indonésia e à Malásia, países com os quais o Brasil pretende
expandir as relações.
“O Sudeste Asiático é o epicentro do crescimento global,
zona dinâmica e polo de inovação tecnológica que está no centro das prioridades
da política externa brasileira de diversificação de parcerias e atração de
investimentos”, afirmou o ministro Mauro Vieira.
O presidente Lula também disse aos jornalistas que a Malásia
terá apoio do Brasil para se tornar membro pleno do Brics. Atualmente, o país é
um dos parceiros do grupo.
Lula completa 80 anos neste dia 27 de outubro. Ele começou a
coletiva dizendo que está no melhor momento da minha vida. "Eu nunca me
senti tão vivo e com tanta vontade de viver.”
Mariana Tokarnia/Lílian Beraldo – Agência Brasil