
Foto: Jefferson Rudy/Agência Sanado
O Senado aprovou nesta quarta-feira (5) o projeto de lei que
isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5.000 mensais e reduz
alíquotas para salários de R$ 5.000,01 a R$ 7.350. Para compensar os cofres
públicos pela perda de arrecadação, a proposta (PL 1.087/2025) aumenta a
taxação de altas rendas, a partir de R$ 600.000 anuais. Votado pelo Plenário
com urgência, o texto segue para sanção da Presidência da República.
Os senadores apoiaram o relatório do senador Renan Calheiros
(MDB-AL), que mantém a versão aprovada na Câmara dos Deputados, apenas com
ajustes de redação. O projeto, de autoria da Presidência da República, chegou
ao Congresso em março deste ano.
Após a aprovação, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre,
exaltou a cooperação entre os parlamentares de ambas as Casas e o governo como
uma “vitória da boa política”.
“Tramitou de forma célere e responsável. Graças a esse
esforço conjunto, garantimos que o benefício entre em vigor já em janeiro de
2026”, disse Davi, sob aplausos dos senadores.
Dez emendas foram apresentadas em Plenário para alterar o
texto, segundo Renan. O relator rejeitou as sugestões por “reduzir a receita”
governamental sem compensação. Além disso, mudanças no conteúdo da proposta
atrasariam a sanção da futura lei, pois o texto teria que voltar para análise
dos deputados, explicou.
Para Renan, a medida é “uma das mais aguardadas dos últimos
anos”. Atualmente, a isenção do IR alcança apenas quem ganha até R$ 3.076 (dois
salários mínimos).
“Vai beneficiar perto de 25 milhões de trabalhadores e será
compensado pelo aumento da carga sobre 200 mil “super-ricos”. Quem tem menos,
paga menos; quem tem mais, paga mais”, disse o relator.
O aumento do tributo afetará apenas quem recebe mais de R$
50 mil por mês, ou R$ 600 mil por ano, incluindo dividendos. A cobrança será
gradual, com alíquota máxima de até 10% sobre os rendimentos. Aqueles que já
pagam essa porcentagem ou mais do que isso não serão cobrados.
Pelo texto aprovado, continuarão isentos de IR investimentos
financeiros relacionados ao mercado imobiliário e do agronegócio, como letras
de crédito e fundos de investimento imobiliário e do agronegócio.
Emprego
A forma que o Estado cobra e isenta IR desincentiva as
empresas brasileiras, na opinião do senador Weverton (PDT-MA). “Ainda temos um
grave problema: os especuladores ainda ganham muito mais do que os
empreendedores. É preciso que a gente comece dentro da reforma tributária a
fazer esse tipo de correções”.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que profissionais
liberais podem ser prejudicados, caso não estejam enquadrados no regime
tributário do Simples Nacional. Ele afirmou que apoia o projeto, mas criticou o
relatório, por não alterar o que considera distorções na proposta. “São
advogados, médicos, produtores culturais... Isso é um confisco. É o Estado
ganhando mais dinheiro com o empreendimento do que o próprio empreendedor”.
O senador Esperidião Amin (PP-SC) criticou a manutenção da
cobrança sobre rendimentos recebidos de previdência privada que sofrem
dificuldades financeiras.
Para o senador Jayme Campos (União-MT), o IR não deveria
incidir sobre nenhuma renda de aposentadoria.
Destaques retirados
Três emendas de plenário seriam votadas à parte para serem
incluídas no texto, por meio dos chamados destaques. O pedido foi do senador
Carlos Portinho (PL-RJ), que retirou os requerimentos de destaque. As emendas
eram sobre:
- tributação sobre profissionais liberais — como médicos e
advogados — que, segundo Portinho, são tributados injustamente tanto como
pessoa física como pessoa jurídica;
- tributação sobre lucros e dividendos enviados ao exterior,
para ocorrerem apenas sobre beneficiários pessoas físicas residentes em outros
países;
- prazos sobre a tributação sobre lucros e dividendos.
Novo projeto
Portinho retirou os destaques sob compromisso de os temas
serem tratados no PL 5.473/2025, que agregará as cerca de 150 emendas
rejeitadas por Renan.
Visto como um projeto complementar ao da isenção do IR, o PL
5.473/2025 eleva as alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL) incidentes sobre alguns tipos de instituições financeiras, com destaque
para a majoração da tributação das chamadas fintechs. Também aumenta de 12%
para 24% a participação governamental na arrecadação líquida das apostas de
quota fixa, as bets.
Relatado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), o texto deve
ser votado até terça-feira, disse Renan em coletiva de imprensa após a
aprovação do projeto de isenção do IR na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) elogiou a solução de Renan
para acelerar a aprovação do projeto da isenção do IR. Para ela, as emendas
buscavam postergar a aprovação de uma proposta importante, que é uma forma de
redistribuição de renda: “Esse dinheiro não vai fazer falta em nada [para os
mais ricos], mas vai significar mudança de vida sobretudo para mulheres donas
de casa que são chefes de família”.
Agência Senado