
Foto: Gustavo Moreno/STF
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia
nesta sexta-feira (7), em Brasília, o julgamento dos recursos do ex-presidente
Jair Bolsonaro e mais seis réus contra a condenação na ação penal do Núcleo 1
da trama golpista.
O julgamento será realizado de forma virtual e terá início
às 11h. A votação ficará aberta até as 23h59 da próxima sexta-feira (14).
Estão em julgamento os chamados embargos de declaração,
recurso que visa esclarecer omissões e contradições no texto final do
julgamento, que foi realizado no dia 11 de setembro e terminou com a condenação
de Bolsonaro e seus aliados na trama.
Esse tipo de recurso não tem poder para rever o resultado do
julgamento e costuma ser rejeitado.
O primeiro voto será proferido pelo relator, ministro Alexandre
de Moraes. Em seguida, os demais ministros ficam liberados para inserir os
votos no sistema eletrônico. Estão aptos a votar os ministros Cristiano Zanin,
Cármen Lúcia e Flávio Dino.
O ministro Luiz Fux não deve participar do julgamento. No
mês passado, Fux mudou para a Segunda Turma da Corte após votar pela absolvição
de Bolsonaro. Dessa forma, somente quatro ministros vão julgar os recursos.
Prisão
Atualmente, o ex-presidente Bolsonaro está em prisão
cautelar em função das investigações do inquérito sobre o tarifaço dos Estados
Unidos contra o Brasil.
Se o recurso for rejeitado, a prisão de Bolsonaro e dos
demais acusados poderá ser decretada.
O ex-presidente pode cumprir a pena definitiva na ação penal
do golpe no Presídio da Papuda, em Brasília, ou em uma sala especial na Polícia
Federal. A decisão final será de Alexandre de Moraes.
Os demais condenados são militares e delegados da Polícia
Federal e poderão cumprir as penas em quartéis das Forças Armadas ou em alas
especiais da própria Papuda.
Diante do estado de saúde de Bolsonaro, a defesa também
poderá solicitar que o ex-presidente seja mantido em prisão domiciliar, como
ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor.
Condenado pelo Supremo em um dos processos da Operação Lava
Jato, Collor foi mandado para um presídio em Maceió, mas ganhou o direito de
cumprir a pena em casa, sob monitoramento de tornozeleira eletrônica, por
motivos de saúde.
Confira as penas definidas para os condenados
- Jair Bolsonaro – ex-presidente da República: 27 anos e
três meses;
- Walter Braga Netto - ex-ministro de Bolsonaro e candidato
a vice-presidente na chapa de 2022: 26 anos;
- Almir Garnier -
ex-comandante da Marinha: 24 anos;
- Anderson Torres - ex-ministro da Justiça e ex-secretário
de Segurança do Distrito Federal: 24 anos;
- Augusto Heleno - ex-ministro do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI): 21 anos;
- Paulo Sérgio Nogueira - ex-ministro da Defesa: 19 anos;
- Alexandre Ramagem - ex-diretor da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin): 16 anos, um mês e 15 dias.
Ramagem foi condenado somente pelos crimes de organização
criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de
Direito e golpe de Estado.
Ele é deputado federal e teve parte das acusações suspensas.
A medida vale para os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça
contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e
deterioração de patrimônio tombado, ambos relacionados aos atos golpistas de 8
de janeiro.
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, assinou
delação premiada durante as investigações e não recorreu da condenação. Ele já
cumpre a pena em regime aberto e tirou a tornozeleira eletrônica.
André Richter/Kleber Sampaio – Agência Brasil