
Foto: Reprodução/Redes Sociais
O médico de Belo Horizonte (MG), Lucas Silva Ferreira
Mattos, foi condenado pela Justiça Federal depois de associar — sem qualquer
evidência científica — exames de mamografia a um aumento nos casos de câncer de
mama. A decisão do juiz Felipe Eugênio de Almeida, assinada em 28 de outubro,
atende a uma ação civil pública ajuizada em março pela Advocacia-Geral da União
(AGU).
Ao responder a uma pergunta de uma pessoa alegando ter dois
cistos nos seios, Lucas afirmou: "Uma mamografia gera uma radiação para a
mama equivalente a 200 raios-x. Isso aumenta a incidência de câncer de mama por
excesso de mamografia. Eu tenho 100% de certeza de que seu nódulo benigno na
mama é deficiência de iodo". A declaração aconteceu no ano passado, no
Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre a doença. Mattos acumula
mais de 1,5 milhão de seguidores nas redes sociais.
"O que se observa, pelos documentos constantes dos
autos, é que a maioria da comunidade científica entende que a utilização da
mamografia deve ser incentivada, desde que respeitadas a individualidade das
pacientes e a periodicidade indicada", avaliou o juiz, determinando ainda
que, até o julgamento do mérito da ação, o médico não fale em redes sociais
sobre a mamografia e "tratamentos contra o câncer de mama que possam
causar qualquer desinformação em relação ao tema".
O conteúdo que se tornou alvo da Justiça havia sido
publicado no Instagram e no canal de Lucas no YouTube. Porém, nessa segunda
plataforma, o vídeo só foi excluído após o juiz determinar, em 5 de novembro,
que o médico fosse intimado em seu endereço por um oficial de justiça diante do
que qualificou como "frontal desobediência" à decisão proferida em 28
de outubro.
A AGU também requereu a condenação do médico por dano moral
coletivo mediante o pagamento de R$ 300 mil — montante a ser destinado ao Fundo
de Defesa dos Direitos Difusos. Esse pedido ainda será avaliado no julgamento
final da ação.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa Lucas Silva
Ferreira Mattos. O espaço segue aberto para manifestação.
Câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil
O câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil. O
número estimado para o triênio de 2023 a 2025 é de 73.610 novos casos por ano,
correspondendo a um risco estimado de 66,54 ocorrências a cada 100 mil
mulheres, conforme a publicação "Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no
Brasil" do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
Em 2021 foram registradas 18.139 mortes de mulheres por
câncer de mama no país. No entanto, a maioria dos casos, quando tratada
adequadamente e em tempo oportuno, tem bom prognóstico para as pacientes.
A primeira orientação do Inca é que a mulher observe e
apalpe suas mamas (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra
situação do cotidiano). A segunda estratégia de detecção precoce é o
rastreamento pela mamografia.
EM