
Foto: Josenildo Costa/CMCG
A Câmara Municipal de Campina Grande realizou sessão marcada
por forte comoção e por um amplo debate sobre saúde mental, após o falecimento
do jovem Gerson de Melo Machado, ocorrido em João Pessoa. Além das homenagens e
reflexões sobre a revisão e fortalecimento das políticas de saúde mental do
país, os parlamentares trataram de temas como fiscalização de serviços
públicos, abastecimento de água, mobilidade urbana e políticas para a causa
animal.
Diante do falecimento do jovem Gerson de Melo Machado, de 19
anos, que invadiu a jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Almeida
(Bica), em João Pessoa, os vereadores solicitaram um minuto de silêncio e
abriram um amplo debate sobre saúde mental e a fragilidade das redes de
proteção.
Luciano Breno destacou a perplexidade do caso e a
necessidade de políticas públicas eficazes para pessoas com transtornos
mentais. Alexandre Pereira afirmou que, embora a proposta de cuidado dessas
pessoas fora de hospitais e em convívio familiar seja positiva, o modelo atual
não funciona na prática. Pimentel Filho lamentou que somente após uma tragédia
o tema volte à pauta, ressaltando que, apesar da orientação federal para
acompanhamento familiar e atuação dos CAPS, a rede não funciona e não consegue
dar conta dos casos.
A vereadora Waléria Assunção afirmou que é preciso revisitar
e ajustar a política antimanicomial, apontando que hoje existe “uma assistência
fragmentada”. Jô Oliveira reforçou que o caso evidencia 18 anos de abandono
institucional, envolvendo histórico familiar, passagens por órgãos de
acompanhamento e lentidão processual, visto que a determinação de internação do
jovem foi publicada apenas um dia após sua morte. A vereadora disse ainda que a
reforma psiquiátrica buscou acabar com o modelo de “depósito” de pessoas
dopadas, mas questionou se a atual rede psicossocial tem sido suficiente.
Olimpio Oliveira ampliou o pedido de solidariedade para
todas as vítimas de transtornos mentais em Campina Grande, observando que os
casos são silenciados e que o pós-pandemia evidencia uma sociedade adoecida,
tratada pelo Estado como pauta secundária. Criticou a “maquiagem” de alguns
lares de acolhimento onde se misturam idosos, pacientes psiquiátricos e
usuários de drogas, e alertou que mais de 500 pacientes com transtorno do
espectro autista aguardam terapia na rede pública de Campina Grande.
Por fim, Carol Gomes destacou que a saúde mental é um tema
permanente, mas agravado após a pandemia. Disse que existem campanhas, mas são
insuficientes, e questionou quantos “Gersons” pedem socorro sem serem
percebidos. A vereadora ressaltou a importância da intervenção precoce, mas
advertiu para diagnósticos sem protocolos adequados. Para Carol, o ato do jovem
foi um pedido de socorro, e o tema precisa ser fortalecido como compromisso da
Casa com a sociedade.
Para acompanhar a sessão completa, acesse o Canal Oficial do
youtube (@camaracgoficial). Confira também o andamento das matérias que
tramitam no SAPL – Sistema de Apoio ao Processo Legislativo.
DIVICOM/CMCG