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26/12/2017

Artigo do Padre Luciano Guedes, Pároco da Catedral de Campina Grande: Homilia fervorosa, sem mundanidade!


Ao ministro pregador da Palavra Divina compete a faculdade de interpretar o mistério de Deus, atualizado na vida das pessoas e da comunidade reunida na fé para a celebração da Santa Eucaristia, conforme a perene tradição da Mãe Igreja. Na homilia não se recorre simplesmente às técnicas do auditório, dizendo o que é conveniente, agradável e sedutor aos ouvidos, mas se anuncia algo capaz de trespassar o mais profundo do mistério humano, porque é uma Palavra viva e eficaz, que como uma "espada, penetra até a divisão da alma e do corpo, das articulações e das medulas, e discerne os sentimentos e intenções do coração" (Hb 4,12)

O Concílio Vaticano II na Sacrosanctum Concilium "recomenda vivamente a homilia, como parte da própria liturgia; nela, no decurso do ano litúrgico, são apresentados no texto sagrado, os mistérios da fé e as normas da vida cristã" (SC, 52). O Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelli Gaudium nos ensina que "a homilia não pode ser um espetáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos midiáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração". (EG, 138)



Compreendemos deste modo que o pregador cristão não pode contentar-se em ser um marketeiro, propagandista, falador de si mesmo e de suas próprias opiniões. Ele deve sempre falar em nome de Jesus Cristo e de sua Igreja, iluminando o coração dos fiéis, com o "tom caloroso de sua voz, a mansidão do estilo de suas frases, a alegria dos seus gestos" (EG,140)

Numa homilia não caberá o apelo para piadas, no desejo infantilizado de tornar-se um personagem "engraçado", necessitado de notoriedade. Isto tem mais a ver com a função do humorista do que com o ministério do homem de Deus, encarregado das coisas sagradas! A homilia não é proferida para a "descontração ou riso", mas para acender no coração dos filhos de Deus, a chama da fé e o amor pelas virtudes, na busca sincera da conversão por uma vida justa e santa. Uma boa e eficiente comunicação na homilia será importante e necessária, o que não significa no entanto, torná-la um show de humor.

Já existem no mercado os contadores de fantasias e de mentirinhas para despertarem o interesse imediato. O mundo atual, seja pelos programas televisivos ou pelas fake news da internet, está farto dessas coisas pagãs e fúteis! A homilia, na sua função própria, deve ser o espaço da Palavra de Deus que ilumina, reconcilia e salva. A homilia nos dá o frescor, o bom perfume de Cristo, exatamente aquilo que o mundo caduco, caótico e cansado não tem, aquilo que os faladores de plantão não conhecem nem experimentam, porque vivem na superficialidade, barulho e vazio.

Uma boa homilia, podemos afirmar, é aquela em que voltamos para casa com mais fé e obediência a Deus, com mais desejo de fazer o bem, com mais disposição para nos arrependermos do mal praticado, sendo sal da terra e luz do mundo!

Se alguém procurar na homilia o espaço para uma mensagem light e divertida estará, de certo modo, buscando o serviço do ator ou comediante, que devem ser respeitados em suas respectivas profissões, mas decididamente não são modelos para o pregador cristão!

Na homilia cristã devemos esperar a fala de alguém que, diferentemente de todas as vozes confusas e dispersas deste mundo, nos apresenta Deus e sua ação prodigiosa na vida humana, ao mesmo tempo tão bonita e enigmática. Deixemos que a Palavra de Deus na preparação próxima do Natal do Senhor ressoe em nossos corações com a força de transformá-los! Que toda tentativa de mundanização da Palavra Sagrada, reduzindo-a à um produto de consumo, seja por todos nós evitada!

*este artigo foi publicado originalmente no site Paraibaonline

Portal Carlos Magno


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