Fernando Haddad (PT), candidato derrotado à Presidência,
disse nesta quarta-feira (21) que o PT estuda entrar com uma ação judicial
contra o WhatsApp nos Estados Unidos. Segundo ele, a disseminação de notícias
falsas por meio do aplicativo de mensagens foi um "tsunami
cibernético" que atingiu sua candidatura.
"Queremos entrar com uma ação contra o WhatsApp nos
Estados Unidos. Eles [WhatsApp] estão se recusando a abrir os dados sobre a
onda de fake news na eleição brasileira, sobretudo no primeiro turno", disse
Haddad em entrevista coletiva no Congresso Nacional.
Reportagem divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo antes do
segundo turno das eleições indicou que empresas teriam financiado disparos em
massa de mensagens contra o PT pelo WhatsApp. A prática seria ilegal porque a
lei eleitoral proíbe a doação de empresas para campanhas.
A campanha de Jair Bolsonaro (PSL), que saiu vitoriosa e
teria se beneficiado da ação, negou ter conhecimento do caso.
O ex-prefeito de São Paulo disse que o PT está interessado nos
"macrodados" que podem ser fornecidos pelo WhatsApp.
"Queremos que o WhatsApp preste os esclarecimentos que
se negou a fornecer à Justiça brasileira. Nós não estamos interessados em
microdados, privacidade das pessoas. Estamos interessados em macrodados.
Queremos saber quem contratou [as empresas de disparo em massa], quantas
mensagens foram disseminadas, com que intuito e para prejudicar", afirmou.
Haddad disse que "a tecnologia está sendo usada para
solapar as bases da democracia" e que outras eleições podem ser
prejudicadas pela disseminação de fake news. Segundo ele, um esclarecimento do
WhatsApp é de interesse "universal".
"Penso que é uma ação de caráter universal, com
relevância universal. Se nós conseguirmos esclarecer o que aconteceu no Brasil,
acho que podemos ajudar o mundo", afirmou. "O Brexit, por exemplo, já
foi consequência do mau uso da tecnologia da informação", disse Haddad,
referindo-se ao referendo em que os ingleses decidiram sair da União Europeia.
Frente de esquerda
Deputados e senadores do PT se reuniram com Haddad nesta
quarta-feira para tratar da construção de uma frente de esquerda pela defesa de
direitos sociais e civis e contra o avanço do conservadorismo durante o governo
Bolsonaro.
De acordo com o deputado José Guimarães (PT-CE), PT, PSol,
PCdoB, PSB e PDT somam cerca de 140 deputados, mas a ideia é formar uma frente
ampla além da esquerda, com o centrão. "PP, PR, PSD, procuramos diálogo
com todo mundo", disse Guimarães ao HuffPost Brasil.
Este foi o primeiro encontro de Haddad com as bancadas do PT
na Câmara e no Senado, e a ideia é que as reuniões sejam mensais. O ex-prefeito
irá cumprir uma agenda que inclui eventos internacionais, como o convite feito
pelo senador norte-americano Bernie Sanders para compor uma frente ampla
progressista.
"Pela expressão nas urnas, ele é uma liderança em si
mesmo. Quase se tornou presidente do Brasil", disse a deputada Margarida
Salomão (PT-MG) – HuffPost.
Carlos Magno