Estamos celebrando o Natal do Senhor.
O dia 25 de dezembro é a data do nosso calendário escolhida
para celebrar o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo Encarnado, que
veio ao mundo para se cumprir a promessa contida no Antigo Testamento e ser o
Redentor da Humanidade, Aquele que, com a sua vida, tornou-se o “Cordeiro de
Deus”, responsável por ‘limpar’ a humanidade de seus pecados.
O “Verbo” citado no Livro do Evangelista João (“No princípio
era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” – Joao 1, 1) é o
mesmo que encarnou, segundo o próprio João (“E o Verbo se fez carne e habitou
entre nós” – João 1, 14). Mas, para “encarnar”, o Verbo precisou do “Sim” de
uma jovem, virgem, preparada especialmente para ser a Mãe do Redentor, ou seja,
a Mãe do Verbo Encarnado, a “Mãe de Deus”: Maria Santíssima!
Claro que Deus Filho poderia vir ao mundo de uma forma
diferente, como Ele bem o quisesse. Ele não necessitaria, se assim o quisesse,
vir pelo ventre de uma mulher. Ele poderia vir, por exemplo, como veio o Anjo
Gabriel anunciar a Boa Nova a Maria, aparecendo “do nada”. Mas Deus quis se
tornar “carne” e habitar em nosso meio, dependendo do “Sim” de uma mulher.
Este fato nos remete a uma perguntinha básica: e se Maria
tivesse dito “Não”?
E podemos refletir mais: Maria tinha motivos para dizer
“Não” ao Anjo Gabriel?
Tinha sim. Vários motivos.
Analisando sob o aspecto humano, Maria tinha mais motivos
para dizer “Não” do que “Sim”. Ela corria o risco de, sob a desconfiança do
adultério, ser condenada – sem direito a defesa, como ocorria na época, e ainda
hoje, em alguns casos – à morte por apedrejamento. E mais: Maria era muito
jovem, tinha em torno de 15 anos, segundo os estudiosos, e provavelmente não
tinha maturidade – humanamente falando, claro – suficiente para tomar uma
decisão tão importante.
Mas, como falei, tudo isso se analisarmos sob o aspecto
humano. Porém, com as coisas de Deus não podemos fazer a análise desta forma. E
Maria também não analisou assim. Aliás, Maria, conta o Evangelista Lucas,
estava tão decidida sobre o seu “Sim” que não duvidou em nenhum instante do que
o Anjo estava a anunciar. Como fez Zacarias, por exemplo, duvidando da gravidez
de Isabel, e por isso, ficou mudo até que o filho, o profeta João Batista,
nascesse para se tornar aquele que prepararia os caminhos do Messias.
Maria não. Esta confiou desde o início. Teve apenas a
curiosidade de perguntar ao Anjo Gabriel como iria ocorrer sua gravidez, pois,
no seu dizer, não conhecia homem algum, já que era, apenas, prometida em
casamento a José. E o próprio anjo se encarregou de tirar-lhe a dúvida.
Assim, de forma incisiva, com o “Sim” incondicional, Maria
abriu as portas para que o “Verbo” se tornasse carne, habitasse entre nós e
fosse, mais tarde, o Cordeiro de Deus, Aquele que tirou os pecados do mundo e
nos livrou, de uma vez por todas, da condenação. Ou seja: Maria é
“Co-Redentora” da humanidade, pois a redenção através do Deus Filho passou pela
sua decisão.
A Maria, por ter acreditado, e por ter continuado humilde em
sua confiança, lhe foi garantida a Bem-Aventurança. Algo tão bonito e
maravilhoso, proclamado em sua visita a Isabel, no “Magnificat”, lindo canto de
adoração a Deus, retratado no Evangelho de Lucas, capítulo 1, versículos de 46
a 55:
“Maria disse: ‘A minha alma engrandece o Senhor, e o meu
espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua
serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o
Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua
misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem. Ele
mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do
trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu
os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua
misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua
descendência, para sempre’”.
Que neste Natal possamos entender os desígnios de Deus, não
apenas na parte que acharmos interessante ou que quisermos entender, mas em sua
plenitude; e compreender a Sua vinda a este mundo como doação por todos nós. Mas
que também peçamos a Deus para agir como Maria: sendo “porta de entrada” do
Cristo para muitos dos nossos irmãos, sem perda da humildade e adorando a Deus,
Nosso Pai, agradecendo por olhar para uma humildade que devemos ter e
reconhecendo Nele a razão da nossa existência.
Um Feliz Natal pra você e para toda a sua Família.
Carlos Magno – jornalista, Leigo Católico, membro da
Pastoral do Batismo e Ministro Extraordinário da Eucaristia da Catedral de
Campina Grande