Um sistema mantido pelo governo federal para fiscalizar
alertas de focos de desmatamento no Brasil mostra que o índice de desmatamento
relativo ao mês de junho é o segundo maior já registrado pelo programa e só
perde para o índice verificado no mesmo período em 2016.
O território da Amazônia Legal desmatado chegou a 769 km²
entre 1º e 28 de junho, segundo dados atualizados do sistema Terra Brasilis, do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os números disponíveis no
começo da tarde desta terça-feira (2) ainda não consideravam os dados de sábado
(29) e domingo (30). No mês anterior, o desmatamento foi de 735 km². Em junho
de 2016, o desmatamento foi de 951 km².
Os dados acima excluem a perda de vegetação causada por
fatores como incêndios florestais e exploração comercial de florestas
plantadas. Se consideradas todas as categorias, o desmatamento em junho de 2019
chegaria a 1,7 mil km², sendo que em 2016 ele havia sido de 6,8 mil km².
Período de Desmatamento
Segundo Carlos Rittl, diretor-executivo do Observatório do
Clima, todos os anos o desmatamento se intensifica a partir de maio, quando o
nível de chuva diminui na maior parte do país. Os dados indicam, segundo ele,
que a abertura da “temporada de seca” de 2019 foi pior do que o ano anterior.
O Terra Brasilis foi criado em 2015 pelo Inpe. Ele é
alimentado com dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real
(Deter), um "sistema de alerta para dar suporte à fiscalização e controle
de desmatamento e da degradação florestal" ao Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente (Ibama).
Porém o dado não é a única fonte para medir o território
desmatado: precisa ser analisado junto a outras fontes de informação sobre o
desmatamento.
De acordo com Cláudio Almeida, coordenador do Programa de
Monitoramento da Amazônia do Inpe, mais de 10 mil alertas são enviados por ano
aos órgãos de fiscalização federais e estaduais. "Não faltam alertas. Os
órgãos de fiscalização têm alertas suficientes para fazer seu trabalho",
disse ao Jornal Hoje.
Metodologias
Os dados compilados no sistema Terra Brasilis não têm o
objetivo de consolidar o desmatamento no bioma da mesma forma que é feito, por
exemplo, pelo sistema do MapBiomas – mantido por entidades – ou do Programa de
Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes).
O MapBiomas reúne informações coletadas ao longo de todo o
ano e faz a limpeza e verificação dos dados, eliminando por exemplo nuvens e
outras possíveis interferências para apresentar o dado consolidado do ano
anterior. Tomando como base o Deter, que também é usado pelo Terra Brasilis, o
MapBiomas também lançou recentemente um sistema de alertas de desmatamento que
promete ajudar na aplicação de multas.
Pressão Internacional
Os dados do desmatamento ganham destaque após o compromisso
do Brasil com a preservação ambiental ser questionado por líderes europeus.
Primeiro, dias antes da reunião do G20, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse
que queria "discussão clara" com Bolsonaro sobre desmatamento.
E nesta terça, o ministro francês do Meio Ambiente, François
de Rugy, afirmou que o tratado União Europeia-Mercosul "só será ratificado
se o Brasil respeitar os seus compromissos", especialmente em relação à
luta contra o desmatamento da Amazônia – G1.
Carlos Magno
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