Era para ser a apoteose do show orquestrado por ele próprio
no Maracanã. Mas no minuto em que a figura do presidente Jair Bolsonaro foi
projetada nos telões do estádio da final da Copa América, durante a cerimônia
de premiação da competição, uma sonora vaia tomou conta do palco da grande
decisão, vencida pelo Brasil por 3 a 1 sobre o Peru. A grande maioria dos
69.986 espectadores do Maracanã reprovou a presença do político na celebração,
como aconteceu tantas vezes com a ex-presidente Dilma Rousseff, embora tivesse
quem o aplaudisse entre os presentes. Um tímido grito de “Mito! Mito!” não
ganhou coro e foi rapidamente abandonado.
Convidado pela Confederação Sul-Americana de Futebol a
participar da celebração, Bolsonaro foi quem vestiu a medalha de campeão no
técnico Tite, que o cumprimentou fazendo uma reverência. O presidente tentou um
abraço mais efusivo, puxando o treinador pelo pescoço, mas não teve sucesso. O
zagueiro Marquinhos sequer apertou a mão do presidente, passando reto pelo
mandatário. Como um verdadeiro penetra de festa, Bolsonaro “invadiu” a
celebração dos jogadores brasileiros. Ele se posicionou a frente da taça, que
estava apoiada sobre o gramado, tomou-a nas mãos e convocou uma nova série de
poses para os fotógrafos. Nesse momento, Tite se manteve mais distante, e não
posou para as fotografias ao redor do presidente.
A “atuação” do presidente – Faltavam 20 minutos para o
início da partida final entre Brasil e Peru quando o presidente chegou ao
Maracanã. A comitiva presidencial de mais de trinta veículos chegou com escolta
policial e das Forças Armadas. Diversos seguranças vestidos de terno e gravata
se espalharam pela tribuna de imprensa, localizada bem acima dos camarotes do
Maracanã. Entre os presentes estavam o ministro da Justiça, Sergio Moro, o
ministro da Economia, Paulo Guedes, e o ministro da Cidadania, Osmar Terra.
Ao chegar na tribuna de honra do Estádio do Maracanã,
Bolsonaro fez questão de abraçar efusivamente o prefeito da cidade do Rio de
Janeiro, Marcelo Crivella (PRB-RJ). Quando os espectadores dos assentos mais
exclusivos notaram a presença do presidente nos camarotes, eles deram as costas
para o gramado e rapidamente sacaram os celulares para registrar o momento. O
mandatário retribuiu os acenos com sinais de positivo com os dedos, com acenos
e até mesmo um coraçãozinho para o público.
O ministro Moro, acuado pela série de revelações sobre sua
atuação ao longo do julgamento dos acusados pela Operação Lava-Jato, não saiu
da cola de Bolsonaro. O acompanhou praticamente o tempo inteiro. Apenas no
intervalo se distanciaram, justamente quando o presidente começou a atender aos
vários pedidos de selfie daqueles que dividiam os camarotes com o mandatário.
Foram vários pedidos, de famosos – como o ex-jogador e capitão do
pentacampeonato Cafu – e a anônimos, todos atendidos por Bolsonaro. O clima
estava tão favorável que o presidente participou efusivamente da Ola comandada
pelos torcedores.
O presidente deixou seu assento, estrategicamente
posicionado ao lado do ministro Moro, aos 35 minutos do segundo tempo. Apesar
da vitória temporária da seleção brasileira, Bolsonaro preferiu acompanhar de
pé mais alguns minutos do jogo, como se quisesse se garantir da vitória antes
de descer ao nível do gramado para a cerimônia de premiação. Mesmo assim, ele
não viu a marcação do pênalti e o gol de Richarlison, que sacramentaram a
conquista brasileira – Placar.
Carlos Magno
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