O presidente Jair Bolsonaro abriu nesta terça-feira (20) a
possibilidade de desistir de indicar o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para
a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, caso não tenha garantia de aprovação
do filho pelo Senado. O presidente disse que não deseja submeter o filho a um
“fracasso”.
A ideia do presidente de indicar Eduardo para o posto foi
anunciada em julho. De lá para cá, o nome do deputado recebeu o aval do governo
dos Estados Unidos e elogios do presidente norte-americano, Donald Trump.
Entenda a importância
da embaixada brasileira nos EUA
No entanto, a indicação ainda não foi formalizada pelo
governo brasileiro ao Senado, responsável por sabatinar e aprovar futuros
embaixadores. O Palácio do Planalto considera que ainda não tem maioria para
aprovação do nome de Eduardo.
Na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada,
Bolsonaro foi questionado por jornalistas se poderia desistir da indicação.
"Tudo é possível", respondeu o presidente.
"Eu não quero submeter o meu filho a um fracasso. Acho que ele tem
competência", completou Bolsonaro.
Nos últimos dias, Eduardo tem intensificado visitas a
gabinetes de senadores, em busca de apoio. O presidente Bolsonaro, por sua vez,
tem dito que não tem pressa em enviar para o Senado a mensagem de indicação do
filho.
Avaliação de
consultores do Senado
Parecer elaborado por consultores legislativos do Senado e
divulgado na semana passada afirmou que a indicação de Eduardo para a embaixada
configuraria nepotismo (favorecimento indevido de parentes por parte de um
agente público).
O documento, assinado pelos consultores Renato Rezende e
Tarciso Jardim, baseia-se em uma súmula do Supremo Tribunal Federal (STF), de
2008, e considera cargo em comissão – e não de natureza política – a função de
chefe de missão diplomática permanente.
Sequestro em ônibus
no RJ
Bolsonaro deu a entrevista na mesma hora em que estava em
curso o sequestro de um ônibus na Ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro.
Um homem armado tomou o veículo e fez 37 pessoas reféns.
Depois de quase 4 horas de duração, o sequestro terminou quando o homem foi
atingido por snipers (atiradores de elite) da polícia do Rio. O sequestrador
morreu em razão dos tiros. Nenhum refém se feriu.
Quando Bolsonaro foi questionado sobre o tema, o sequestro
ainda não havia terminado nem os tiros haviam sido disparados. O presidente
defendeu o uso de snipers.
"Eu defendo que o cidadão de bem não morra na mão
dessas pessoas", afirmou Bolsonaro.
O presidente lembrou o caso do assalto ao ônibus 174, também
no Rio, em 2000, quando uma das reféns e o sequestrador morreram.
Novo Coaf
Bolsonaro também afirmou na entrevista que corrigirá, em
caso de erros, a medida provisória publicada nesta terça-feira (20) no
"Diário Oficial da União" a medida que transfere o Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Banco Central (BC) e muda o
nome do organismo para Unidade de Inteligência Financeira
O presidente foi questionado sobre trecho da MP que revoga o
dispositivo (artigo 16) da lei que criou o Coaf (Lei nº 9.613/1998) sobre a
composição do conselho. De acordo com o artigo, o conselho deveria ser
integrado por "servidores públicos de reputação ilibada e reconhecida
competência".
De acordo com a MP, a Unidade de Inteligência Financeira
será composta por no mínimo oito e, no máximo 14 conselheiros, "escolhidos
dentre cidadãos brasileiros com reputação ilibada e reconhecidos conhecimentos
em matéria de prevenção e combate à lavagem de dinheiro, ao financiamento do
terrorismo ou ao financiamento da proliferação de armas de destruição em
massa".
Perguntado sobre a margem para indicações políticas no
órgão, o presidente disse que o governo te diminuído esse tipo de indicações e
defendeu um quadro técnico do Branco Central à frente da Unidade, no lugar de
Roberto Leonel.
"É um dos concursados do BC [o futuro chefe do órgão].
Eu não conheço ninguém do BC, eu acredito no Roberto Campos, está fazendo um
bom trabalho, é confiar nas pessoas", disse – G1.
Carlos Magno
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