Contar a história da Igreja Catedral de Nossa Senhora da
Conceição que caminha para a celebração dos seus 250 anos no próximo dia 08 de
dezembro deste ano em curso, confunde-se com o fazer a narrativa da própria
cidade de Campina Grande em suas origens, evolução e contemporaneidade.
Até 1769, ano de fundação da Matriz, a povoação nascida pelo
aldeamento dos tapuias trazidos do sertão de Piranhas pelo capitão-mor Teodósio
de Oliveira Ledo e aqui denominados de ariús, continha um pequenino templo
dedicado à Nossa Senhora da Conceição e construído em taipa no alto da colina,
virado para o noroeste. Somente em 1791-93 com a grande seca que assolou a
região da Borborema, avivando o sentimento religioso dos habitantes locais, a
igrejinha primitiva recebeu melhoramentos de alvenaria em tijolos, fabricados
no sítio do Lozeiro, onde não faltava a água.
A Igreja Matriz de Campina Grande aí instalada pelo Bispado
de Olinda, permaneceu com esta modesta estrutura física até o ano de 1887,
quando o Monsenhor Luís Francisco de Sales Pessoa reuniu esforços para dotar a acanhada
construção – na expressão do próprio vigário – de uma remodelação capaz de
dignificá-la ao ritmo da habitação e do estatuto de Vila elevada à condição de
Cidade.
Herdamos desse momento a atual fachada externa em linhas
neoclássicas; as duas torres, uma com agulha direcionada ao infinito e a outra
sem agulha para o hasteamento da bandeira da padroeira e dos demais santos de
devoção confome fossem reservados no calendário anual; o relógio, marcador das
horas; os corredores laterais e a abertura do corpo da igreja em arcos. A este
conjunto adicionou-se o altar-mor construído em mármore Carrara, com seus três
nichos na parte superior, dedicados à Imaculada Conceição, São Luís Gonzaga e
São Francisco de Assis. Além do altar principal, mais dezesseis altares
laterais foram construídos para o culto dos santos, entre eles destaque para o
da Sagrada família, onde se abençoava os casamentos e do Mártir São Sebastião,
posto nesse lugar para agradecer-lhe a superação do surto de cólera, drama
vivido pelos habitantes da vila no século XIX.
Com este conjunto patrimonial e simbólico, a Igreja Matriz,
adentrou ao século XX, testemunhando os tempos modernos, com o seu processo de
urbanização e de reconfiguração do centro urbano. O apogeu do algodão, a linha
férrea, os veículos automotores, o telégrafo, a luz elétrica e a avenida aberta
pela reforma urbanística da década de 1940, indicaram o programa do progresso e
da higienização pela qual atravessava a cidade em plena expansão e
desenvolvimento. Contudo, permaneceu no mesmo lugar o templo católico primeiro,
nascido ali, desde os tempos da colonização portuguesa.
A terceira fase da configuração do templo data de 1969,
quando já sede do Bispado campinense, o recinto sagrado passou por adaptações à
Reforma Litúrgica empreendida no Brasil pela realização e recepção do Sagrado
Concílio Vaticano II, momento em que se instalou o novo altar ao centro do
presbitério, direcionando o culto e a comunicação da Palavra divina para a
assembleia dos fiéis.
Podemos falar de uma quarta e última etapa que nos traz aos
dias atuais. Por ocasião do Jubileu áureo dos cinquenta anos de fundação da
Diocese de Campina Grande, celebrado em 1999 pela presidência de Dom Luís
Gonzaga Fernandes (4º Bispo diocesano), construiu-se nova Capela do Santíssimo
Sacramento e nova Pia Batismal, belas obras artísticas do Frei Dimas Marleno e
sua equipe.
Celebrar 250 da Matriz será uma oportunidade histórica para
reconhecer através do templo a fisionomia humana e espiritual do querido povo
campinense. Visitar o passado do nosso marco primeiro, viajando pela Capela da
aldeia, Matriz da Vila Nova e finalmente a Catedral na cidade moderna,
conduz-nos à compreensão das pessoas, dos seus sentimentos, afetos, cotidiano e
o testemunho de fé que fez existir Campina Grande até os nossos dias. Como nos
conta o texto sagrado nas Escrituras: “Não se pode esconder uma cidade situada
sobre o monte” (Mt 5,14). Cidade esta que guarda um templo santo, casa de
oração – lugar de renovação e de saudade – porta pela qual a Virgem Santíssima
abençoa os seus filhos.
Padre Luciano Guedes é Pároco da Catedral de Nossa Senhora
da Conceição e Vigário Geral da Diocese de Campina Grande
Coluna publicada originalmente no site Paraibaonline.
Carlos Magno
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