O levantamento das torres da Igreja Matriz de Nossa Senhora
da Conceição prolongou-se até o ano de 1896, quando o Monsenhor Sales com a
ajuda do povo campinense concluiu a execução dos trabalhos.
Todo este esforço foi feito graças ao empenho do pároco e o
auxílio do Frei Venâncio Maria de Ferrara, exímio pregador de santas missões
populares, vindo à Campina Grande para esta finalidade.
Observa-se neste planejamento a intenção de deixar a torre
direita agulhada, como que a indicar o infinito, a verticalidade, a glória
divina. A torre esquerda, onde foi posto o relógio, sem agulha, muitas vezes
confundida no imaginário como sendo uma construção inacabada.
Conforme documentação oficial e registro dos memorialistas
locais, a torre esquerda ao poente assim foi deixada para servir de lugar
próprio ao hasteamento das bandeiras por ocasião das grandes comemorações
religiosas do ano.
Na festa em honra à padroeira, via-se a distância, o
tremular da bandeira da Imaculada Conceição, indicando o tempo sagrado a ser
vivido pelos moradores da cidade e visitantes. Caindo no desuso este costume,
outras narrativas orais explicaram a diferença entre as duas torres, supondo a
falta de recursos financeiros para a sua conclusão.
Ao erguer as torres da Matriz na urbe que se expandia e
tornava-se um centro urbano movimentado, seja pela feira semanal, pelo comércio
pujante e pela circulação diária de pessoas, provenientes dos diversos
municípios circunvizinhos, estava aí a percepção do vigário Sales de que a
imagem visível da Igreja-templo deveria abarcar aquilo que ela significa em sua
constituição e natureza: uma realidade divina e humana, um povo que peregrino
caminha na história rumo à pátria do Céu.
A torre direita recordando Deus, sua onipotência e
eternidade. A torre esquerda, com relógio e bandeira, relacionada ao tempo
cronológico, para indicar as horas do trabalho e da atividade; as horas
sagradas e reservadas à celebração, descanso e festa. Podemos ver nesta representação
física e simbólica da Matriz uma bonita eclesiologia que nos trouxe através dos
séculos ao testemunho agora dos seus 250 anos!
Padre Luciano Guedes é Pároco da
Catedral de Nossa Senhora da Conceição e Vigário Geral da Diocese de Campina
Grande
Coluna publicada originalmente no site
Paraibaonline.
Carlos Magno
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