Procuradores da Justiça de Minas Gerais estão insatisfeitos
com o salário mensal de R$ 24 mil. Em um áudio publicado no site do Ministério
do Público do estado, alguns integrantes expuseram opiniões sobre a atual
remuneração, com direito a desabafo e apelo. “Um salário relativamente baixo,
sobretudo para quem tem filhos. Como o cara vai viver com 24 mil reais?”, esse
foi o questionamento feito pelo procurador da Justiça de Minas Gerais, Leonardo
Azeredo dos Santos, em reunião extraordinária da câmara de procuradores que
debatia o orçamento do Ministério Público para 2020.
Na hipótese de Minas Gerais assinar o acordo de recuperação
fiscal, o Estado corre risco de ficar impedido de realizar reajustes salariais,
assim como fez o estado do Rio de Janeiro. Esse acordo, se confirmado, irá
afetar também o Ministério Público.
Em um áudio (o link para ouvir está no final desta matéria)
de uma hora e quarenta minutos, divulgado no site do Ministério Público de Minas
Gerais (MPMG), pode-se ouvir, aos 31 minutos de reprodução, o momento em que
Leonardo solicita direito de palavra e desabafa diante do procurador-geral de
Justiça, Antônio Sérgio Tonet, e de outros colegas. No discurso, ele diz estar
baixando “seu estilo de vida” para sobreviver.
“Quero saber se nós, no ano que vem, vamos continuar nessa
situação ou se vossa excelência já planeja alguma coisa, dentro da sua
criatividade, para melhorar nossa situação. Ou se vamos ficar nesse mizerê.
Quem é que vai querer ser promotor, se não vamos mais ter aumento, ninguém vai
querer fazer concurso nenhum", disse Leonardo Azeredo. O membro do
Ministério Público ainda revelou estar usando remédios controlados e
antidepressivos para aguentar a situação atual e que já reduziu seu “estilo de
vida” para conseguir arcar com as contas.
“Estou fazendo a minha parte. Estou deixando de gastar R$ 20
mil de cartão de crédito e estou passando a gastar R$ 8 (mil), para poder viver
com os meus R$ 24 mil. Agora, eu e vários outros já estamos vivendo à base de
comprimidos, à base de antidepressivo. Estou falando desse jeito aqui com dois
comprimidos sertralina por dia, tomo dois ansiolíticos por dia e ainda estou
falando desse jeito. Imagine se eu não tomasse? Ia ser pior que o ‘Ronaldinho’.
Vamos ficar desse jeito? Nós vamos baixar mais a crista? Nós vamos virar
pedinte, quase?”, conclui.
Durante a sessão, ainda foi discutida a extinção do concurso
para oficial de Justiça em grandes cidades de Minas. O intuito é terceirizar o
serviço, como foi feito com analistas de sistemas.
O jornal Estado de Minas entrou em contato com o MPMG para
verificar se o órgão irá tomar alguma atitude a respeito do salário ou
incrementar algum benefício que possa ser adicionado ao pagamento dos
procuradores. Assim que houver um retorno da instituição, esta reportagem será
atualizada – Correio Braziliense.
Para ouvir o áudio, CLIQUE AQUI.
Carlos Magno
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