Os juros bancários médios cobrados no cheque especial e no
cartão de crédito rotativo registraram elevação em setembro, de acordo com
informações divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (25). Nas duas
linhas de crédito, as taxas continuaram acima de 300% ao ano.
O juro médio do cartão de crédito rotativo para pessoas
físicas subiu de 307,2% ao ano, em agosto, para 307,8% ao ano, em setembro
deste ano. Na parcial deste ano, o crescimento foi de 22,4 pontos percentuais,
pois a taxa estava em 285,4% ao ano no fim de 2018.
Já a taxa média do cheque especial, de acordo com a
instituição, avançou de 306,9% em agosto para 307,6% em setembro de 2019. Nos
nove primeiros meses deste ano, porém, houve uma queda foi de 5 pontos
percentuais – pois a taxa somava 312,6% ao ano no fim de 2018.
O comportamento dos juros bancários em agosto, e na parcial
do ano, acontece em um ambiente de queda da taxa básica da economia, fixada
pelo Banco Central a cada 45 dias para controlar a inflação. Essa taxa caiu de
6,5% para 6% ao ano no fim de julho e recuou novamente, para 5,5% ao ano, em
setembro.
Ao mesmo tempo, o crescimento das taxas cobradas pelos
bancos foi registrado em um ambiente de estabilidade na inadimplência. A taxa
geral de inadimplência para pessoas físicas e para as empresas (com recursos
livres) permaneceu em 3,9% em setembro.
Linhas de crédito
mais caras
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado
por quem não pode pagar o valor total da sua fatura na data do vencimento, mas
não quer ficar inadimplente.
Para usar o crédito rotativo, o consumidor paga qualquer
valor entre o mínimo e total da fatura. O restante é automaticamente financiado
e lançado no mês seguinte, com juros.
O cheque especial é uma linha emergencial que permite ao
correntista gastar um certo limite definido pelo banco, mesmo que ele não tenha
dinheiro na conta.
A recomendação de especialistas é de que os clientes evitem
essas linhas de crédito ou as utilizem por um período muito curto de tempo,
pois as taxas de juros cobradas são extremamente elevadas.
A orientação é que os clientes substituam essas modalidades
por linhas mais baratas, como, por exemplo, o crédito consignado, em que as
prestações do empréstimo são descontadas da folha de pagamentos.
Juros bancários
médios
De acordo com o BC, houve pequena queda nos juros médios das
instituições com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e
imobiliário) de agosto para setembro. Entretanto, a taxa média de empresas e
pessoas físicas avançou na parcial do ano.
a taxa média total (pessoa física e jurídica) passou de
37,9% ao ano, em agosto, para 36,9% ao ano em setembro. Na parcial do ano,
avançou 1,3 ponto percentual, pois estava em 35,6% ao ano no fim de 2018;
os juros nas operações com pessoas físicas passaram de 52%
ao ano, em agosto, para 51,3% ao ano, em setembro. Nos nove primeiros meses do
ano, subiram 2,4 pontos percentuais, pois somavam 48,9% ao ano no fechamento de
2018;
a taxa média cobrada das empresas recuou de 18,9% ao ano, em
agosto, para 17,8% ao ano, em setembro. Na parcial deste ano, caiu um ponto
percentual, pois estava em 18,8% ao ano no fim de 2018.
Spread bancário
O chamado spread bancário (diferença entre o que os bancos
pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes) registrou queda em
setembro.
Na parcial do ano, mesmo com os cortes de juros feitos pelo
BC, porém, houve alta. Isso quer dizer que a redução não foi repassada aos
consumidores. Além disso, o spread bancário segue em patamar elevado para
padrões internacionais.
No caso das operações com pessoas físicas e com empresas, o
spread passou de 31,6 pontos em agosto para 30,8 pontos em setembro. No final
do ano passado, o spread médio estava em 27,8 pontos.
Nas operações com pessoas físicas, recuou de 45,5 pontos
para 45 pontos de agosto para setembro (contra 40,7 pontos em dezembro de
2018).
O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de
inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que
são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal,
entre outros.
Juros bancários
elevados
Juros bancários elevados inibem o consumo e também os
investimentos na economia brasileira. Esse é um dos problemas, segundo
economistas, a serem enfrentados pela gestão do presidente Jair Bolsonaro.
Dados do BC mostram que os cinco maiores conglomerados
bancários do país detinham, no fim de
2018, 84,8% do mercado de crédito. Esse cálculo inclui os bancos comerciais, os
múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas.
No ano passado, a rentabilidade dos bancos brasileiros ficou
no maior patamar em sete anos e o lucro líquido dos bancos somou R$ 98,5
bilhões, recorde da série histórica que começa em 1994.
O economista Roberto Campos Neto, antes de ter seu nome
aprovado para comandar o Banco Central, avaliou que o sistema bancário
brasileiro não é mais concentrado do que em outras economias desenvolvidas e
disse que atuará fortemente para reduzir o spread e os juros bancários – G1.
Carlos Magno
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