Um cientista britânico afirma ter descoberto um novo tipo de
álcool sintético que poderá permitir bebedeiras sem ressacas.
A nova substância, batizada de alcosynth, é resultado do
trabalho do químico David Nutt, do Imperial College de Londres, e,
ironicamente, ex-consultor do governo do governo britânico para assuntos
ligados a drogas.
Segundo Nutt, o alcosynth simula os efeitos positivos do
álcool, mas não causa dor de cabeça ou náuseas, por exemplo. E tampouco agride
o fígado.
O cientista diz ter patenteado 90 diferentes compostos
usando a substância. Dois deles estão agora sendo testados para uso
disseminado, e o acadêmico afirma acreditar que até 2050 o alcosynth terá
substituído o álcool convencional.
"Você poderá ter o prazer de tomar um coquetel sem
danificar seu fígado e coração. Eles (os compostos) combinam muito bem com
mojitos ou com um Tom Collins", explicou Butt em entrevista à BBC,
referindo-se aos drinques tradicionalmente feitos com rum e gim.
O cientista e sua equipe estudaram substâncias cujos efeitos
no cérebro se assemelham aos do álcool para produzir a droga que, afirmam, é
atóxica.
"A relação entre o álcool e o cérebro já é bem
compreendida há 30 anos. Sabemos onde os efeitos positivos do álcool são
mediados no cérebro, e podemos imitá-los. Sem tocar as áreas ruins, também não
temos os efeitos ruins."
Defensores do
alcosynth acreditam que ele poderá revolucionar a saúde pública, mais
precisamente pela redução dos gastos com o tratamento de males provocados pelo
consumo de álcool.
De acordo com ONGs britânicas, o alcoolismo é a terceira
maior causa de doenças no país depois do tabagismo e da obesidade.
Experimentos anteriores com o alcosynth usaram um derivado
do benzodiazepan, um tipo de tranquilizante, mas as novas substâncias, segundo
Nutt, não contêm o produto.
Cautela e ceticismo
Apesar do progresso, ainda será preciso esperar um bom tempo
para poder pedir uma dose do álcool sem ressaca - os custos de desenvolvimento
e as barreiras regulatórias são grandes.
"É uma ideia interessante e seria ótimo para que a
força de trabalho não sofresse de ressaca e fosse mais eficiente, mas ainda
está muito no começo para comentarmos", disse um porta-voz do Ministério
da Saúde, embora a autarquia tenha se mostrado receptiva a financiar futuros
estudos.
O cientista ficou famoso em 2009 ao ser demitido do cargo de
consultor governamental ao declarar que consumir ecstasy era menos perigoso que
andar a cavalo.
Ele ainda diz que o alcosynth tem um "limite de
segurança" que impede o usuário de ficar bêbado demais.
"Acreditamos que, depois de quatro ou cinco drinques, o
efeito se estabilizará e evitará que alguém se mate ou fique muito
enjoado", explica Nutt.
A indústria do álcool, naturalmente, mostrou ceticismo
diante do alcosynth.
Em entrevista ao jornal The Independent, o presidente da
Associação de Bares do Reino Unido, Neil Williams, disse que a nova substância
não é necessária, já que existem "outras maneiras de evitar ressaca".
"Há uma série de drinques de menor teor alcóolico, como
cervejas. Todos bebemos beber com moderação para evitar ressacas", afirmou
– Bem Estar.
Carlos Magno
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