O Fluminense, de Feira de Santana, na Bahia, acertou a
contratação do goleiro Bruno, porém, o negócio causou uma revolta geral em
grupos organizados de mulheres do estado nordestino e até de âncora da TV Globo
local.
Mesmo com o acordo entre clube e atleta, o mesmo depende da
Justiça para a transferência de presídio. No momento, o ex-goleiro cumpre pena
na cidade de Varginha, em Minas Gerais, após ser condenado em 8 de março de
2013 a 22 anos e 3 meses de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver de
Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho, em
2010.
De acordo com entrevista do presidente do clube, o deputado
estadual Pastor Tom (PSL), publicada no site "Bahia Notícias", a
decisão deve ser tomada nos próximos dias.
"Daqui para amanhã a gente já decide. Já está tudo
acertado. Se o jurídico falar que não consegue (a transferência) em 30 dias, eu
estou fora. Tem que vir agora, inclusive com oito dias. Não posso demorar,
porque a gente não tem calendário, só temos quatro meses de competição."
A repercussão da
possível contratação de Bruno
Na mídia, a possível ida de Bruno ao time da Bahia não foi
bem aceita. A jornalista Jéssica Senra, da TV Bahia, afiliada da Rede Globo,
acredita que Bruno "merece trabalhar, mas não como ídolo".
"Desejamos e precisamos que pessoas que cometem crimes
tenham a possibilidade de refazer suas vidas, mas diante de um crime tão
bárbaro, tão cruel, poderíamos tolerar que o feminicida Bruno voltasse à
posição de ídolo? Que mensagem mandaríamos à sociedade? Atletas são
referências. Contratar para um time de futebol um assassino, um homem que
mandou matar a mãe do seu filho, esquartejar, dar o corpo para os cachorros
comerem é um desrespeito. É um desrespeito a nós mulheres", afirmou ela
durante o programa Bahia Meio-Dia, o qual apresenta, nessa segunda-feira.
Senra também usou posteriormente suas redes sociais para
postar um texto explicando por que é contra "a contratação de um
feminicida no esporte" - leia abaixo.
Além da jornalista, grupos de mulheres também protestaram
contra a contratação do ex-jogador do Flamengo.
Um manifesto assinado conjuntamente pela seção de Feira de
Santana do Movimento Negro Unificado da Bahia, pelo Movimento de Mulheres em
Defesa da Cidadania e pela Rede de Mulheres Negras da Bahia pede que o
Fluminense de Feira reveja sua intenção e desista de contratar Bruno.
"... O simples fato de cogitar a contratação deste
assassino já se constitui uma mancha na longa história do clube. E mais do que
isso, representa um posicionamento no sentido contrário ao crescente sentimento
de repulsa ao feminícidio que tem interrompido a vida de tantas mulheres não só
no município, mas em todo o Brasil. Esperamos que o Touro do Sertão não manche
sua bonita história em defesa do esporte afrontando as mulheres de Feira de
Santana ao nos impor tão ofensiva contratação", diz parte do texto
Em novembro do ano passado, o Barbalha, time do interior do
Ceará, também tentou contratar Bruno, mas desistiu do negócio após ordem do
prefeito e também patrocinador do clube, Argemiro Sampaio (PSDB).
O primeiro compromisso do Fluminense de Feira no Campeonato
Baiano será no dia 15 de janeiro, em partida contra o Atlético de Alagoinhas.
Veja, abaixo, a
postagem da ânora da TV Bahia, afiliada da TV Globo, em suas redes sociais
"Por que sou
contra a contratação de um feminicida no esporteEu acredito na recuperação do
ser humano. Acredito que a maioria das pessoas merece outras chances depois que
comete erros, porque errar é da essência humana. O perdão é um dos sentimentos
mais belos que podemos cultivar. Mas perdoar alguém não significa esquecer o
que esse alguém fez nem permitir que esse alguém continue em nossa vida.
Perdoar e dar uma nova
chance não apaga o que foi feito, não se pode fingir que nada aconteceu. Embora
juridicamente o cumprimento de uma pena libera o condenado para seguir sua vida
normalmente, é socialmente que precisamos pensar no que toleramos ou não. Nem
tudo é apenas questão de lei.
Há comportamentos
legais que são imorais. Um condenado pode e deve ser ressocializado. Deve
merecer uma segunda chance. Mas penso que, depois de um crime tão perverso,
voltar a ser ídolo, a estar numa posição que lhe confere status de ídolo, é
bastante questionável. Penso que o feminicida deve voltar ao trabalho, mas não
no futebol, não como ídolo. Defendo sua ressocialização, mas longe de qualquer
torcida.
E isso não é a lei que
vai decidir. É a sociedade. E se ele tivesse estuprado um bebê? O que os “fãs”
diriam? Lembro que há pouco mais de dois anos, jogadores foram flagrados num
vídeo masturbando uns aos outros no vestiário de um clube gaúcho. Os quatro
jogadores foram dispensados. Seus nomes, inclusive, foram poupados para evitar
que eles fossem banidos do futebol.
E é bom que fique bem
claro: eles não cometeram crime algum, não fizeram nada contra a vontade de
ninguém! Mas, absurdamente, a homossexualidade ainda é intolerável no futebol.
Ser feminicida é aceitável? O que você pensa disso?
#NãoAoFeminicídio"
Com informações da ESPN
Carlos Magno
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