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07/01/2020

Fluminense de Feira acerta com goleiro Bruno e notícia gera polêmica na Bahia. Pastor Tom, presidente do clube, confirmou contratação


O Fluminense, de Feira de Santana, na Bahia, acertou a contratação do goleiro Bruno, porém, o negócio causou uma revolta geral em grupos organizados de mulheres do estado nordestino e até de âncora da TV Globo local.

 

Mesmo com o acordo entre clube e atleta, o mesmo depende da Justiça para a transferência de presídio. No momento, o ex-goleiro cumpre pena na cidade de Varginha, em Minas Gerais, após ser condenado em 8 de março de 2013 a 22 anos e 3 meses de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho, em 2010.

 

De acordo com entrevista do presidente do clube, o deputado estadual Pastor Tom (PSL), publicada no site "Bahia Notícias", a decisão deve ser tomada nos próximos dias.



 

"Daqui para amanhã a gente já decide. Já está tudo acertado. Se o jurídico falar que não consegue (a transferência) em 30 dias, eu estou fora. Tem que vir agora, inclusive com oito dias. Não posso demorar, porque a gente não tem calendário, só temos quatro meses de competição."

 

A repercussão da possível contratação de Bruno

 

Na mídia, a possível ida de Bruno ao time da Bahia não foi bem aceita. A jornalista Jéssica Senra, da TV Bahia, afiliada da Rede Globo, acredita que Bruno "merece trabalhar, mas não como ídolo".

 

"Desejamos e precisamos que pessoas que cometem crimes tenham a possibilidade de refazer suas vidas, mas diante de um crime tão bárbaro, tão cruel, poderíamos tolerar que o feminicida Bruno voltasse à posição de ídolo? Que mensagem mandaríamos à sociedade? Atletas são referências. Contratar para um time de futebol um assassino, um homem que mandou matar a mãe do seu filho, esquartejar, dar o corpo para os cachorros comerem é um desrespeito. É um desrespeito a nós mulheres", afirmou ela durante o programa Bahia Meio-Dia, o qual apresenta, nessa segunda-feira.

 

Senra também usou posteriormente suas redes sociais para postar um texto explicando por que é contra "a contratação de um feminicida no esporte" - leia abaixo.

 

Além da jornalista, grupos de mulheres também protestaram contra a contratação do ex-jogador do Flamengo.

 

Um manifesto assinado conjuntamente pela seção de Feira de Santana do Movimento Negro Unificado da Bahia, pelo Movimento de Mulheres em Defesa da Cidadania e pela Rede de Mulheres Negras da Bahia pede que o Fluminense de Feira reveja sua intenção e desista de contratar Bruno.

 

"... O simples fato de cogitar a contratação deste assassino já se constitui uma mancha na longa história do clube. E mais do que isso, representa um posicionamento no sentido contrário ao crescente sentimento de repulsa ao feminícidio que tem interrompido a vida de tantas mulheres não só no município, mas em todo o Brasil. Esperamos que o Touro do Sertão não manche sua bonita história em defesa do esporte afrontando as mulheres de Feira de Santana ao nos impor tão ofensiva contratação", diz parte do texto

 

Em novembro do ano passado, o Barbalha, time do interior do Ceará, também tentou contratar Bruno, mas desistiu do negócio após ordem do prefeito e também patrocinador do clube, Argemiro Sampaio (PSDB).

 

O primeiro compromisso do Fluminense de Feira no Campeonato Baiano será no dia 15 de janeiro, em partida contra o Atlético de Alagoinhas.

 

Veja, abaixo, a postagem da ânora da TV Bahia, afiliada da TV Globo, em suas redes sociais

 

"Por que sou contra a contratação de um feminicida no esporteEu acredito na recuperação do ser humano. Acredito que a maioria das pessoas merece outras chances depois que comete erros, porque errar é da essência humana. O perdão é um dos sentimentos mais belos que podemos cultivar. Mas perdoar alguém não significa esquecer o que esse alguém fez nem permitir que esse alguém continue em nossa vida.

 

Perdoar e dar uma nova chance não apaga o que foi feito, não se pode fingir que nada aconteceu. Embora juridicamente o cumprimento de uma pena libera o condenado para seguir sua vida normalmente, é socialmente que precisamos pensar no que toleramos ou não. Nem tudo é apenas questão de lei.

 

Há comportamentos legais que são imorais. Um condenado pode e deve ser ressocializado. Deve merecer uma segunda chance. Mas penso que, depois de um crime tão perverso, voltar a ser ídolo, a estar numa posição que lhe confere status de ídolo, é bastante questionável. Penso que o feminicida deve voltar ao trabalho, mas não no futebol, não como ídolo. Defendo sua ressocialização, mas longe de qualquer torcida.

 

E isso não é a lei que vai decidir. É a sociedade. E se ele tivesse estuprado um bebê? O que os “fãs” diriam? Lembro que há pouco mais de dois anos, jogadores foram flagrados num vídeo masturbando uns aos outros no vestiário de um clube gaúcho. Os quatro jogadores foram dispensados. Seus nomes, inclusive, foram poupados para evitar que eles fossem banidos do futebol.

 

E é bom que fique bem claro: eles não cometeram crime algum, não fizeram nada contra a vontade de ninguém! Mas, absurdamente, a homossexualidade ainda é intolerável no futebol. Ser feminicida é aceitável? O que você pensa disso?

 

#NãoAoFeminicídio"

 

Com informações da ESPN

 

Carlos Magno

 

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