Após os recentes ataques do presidente Jair Bolsonaro, vinte
governadores assinaram uma carta aberta em que o criticam por fazer declarações
que "não contribuem para a evolução da democracia no Brasil". Eles
citam os recentes comentários do presidente sobre a investigação em curso do
assassinato da vereadora Marielle Franco, em que Bolsonaro, segundo o
documento, se antecipa "a investigações policiais para atribuir fatos
graves à conduta das polícias e de seus Governadores".
Bolsonaro disse no sábado, 15, que o governador da Bahia,
Rui Costa (PT), "mantém fortíssimos laços" com bandidos e que a
"PM da Bahia, do PT" era responsável pela morte do ex-capitão do
Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro,
Adriano da Nóbrega.
A carta também traz os os comentários de Bolsonaro em que
desafiou que os chefes dos Executivos estaduais para que reduzissem, segundo a
carta, "impostos vitais à sobrevivência dos Estados". Recentemente
Bolsonaro havia dito que zeraria os impostos federais sobre combustíveis se
todos os governadores abrissem mão do ICMS sobre os produtos.
O texto pede ainda que se observe "os limites
institucionais com a responsabilidade que nossos mandatos exigem", e
cobra: "Equilíbrio, sensatez e diálogo para entendimentos na pauta de
interesse do povo é o que a sociedade espera de nós". Os governadores
também convidam Bolsonaro para participar do próximo Fórum Nacional de
Governadores, a ser realizado em 14 de abril.
Essa não é a primeira vez que governadores reagem a Bolsonaro
através de uma carta de repúdio. Em maio de 2019, governadores de 13 Estados
mais o Distrito Federal assinaram uma carta contra o decreto que facilitava o
porte de armas e o acesso a munições no País, publicado pelo governo Jair
Bolsonaro. No documento, eles argumentam que as novas regras podem piorar os
indíces de violência nos Estados. O decreto acabou sendo suspenso pelo Senado.
Em outubro, oito governadores do Nordeste publicaram um documento em
solidariedade ao colega de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), chamado de
“espertalhão” pelo presidente por fazer propaganda da versão estadual do décimo
terceiro salário do Bolsa Família, um programa federal.
Assinaram a carta desta segunda-feira, 17, Gladson Cameli
(Progressistas-AC), Renan Filho (MDB-AL), Waldez Góes (PDT-AP), Wilson Lima
(PSC-AM), Rui Costa (PT-BA), Camilo Santana (PT-CE), Ibaneis Rocha (MDB-DF),
Renato Casagrande (PSB-ES), Flávio Dino (PCdoB-MA), Reinaldo Azambuja
(PSDB-MS), Romeu Zema (Novo-MG), Helder Barbalho (MDB-PA), João Azevedo (Cidadania-PB),
Paulo Câmara (PSB-PE), Wellington Dias (PT-PI), Wilson Witzel (PSC-RJ), Fátima
Bezerra (PT-RN), Eduardo Leite (PSDB-RS), João Doria, (PSDB-SP) e Belivaldo
Chagas (PSD-SE).
Não assinaram o texto Ronaldo Caiado (DEM-GO), Mauro Mendes
(DEM-MT), Ratinho Júnior (PSD-PR), Marcos Rocha (PSL-RO), Antônio Denarium
(PSL-RR), Carlos Moisés (PSL-SC), Mauro Carlesse (DEM-TO).
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Imprensa
da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), ligada à Secretaria de
Governo da Presidência da República, e aguarda uma resposta – Estadão.
Carlos Magno
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