Barrado por um inesperado processo de rejeição no registro
de assinaturas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Aliança Pelo Brasil,
partido em fase de fundação pelo presidente Jair Bolsonaro, não poderá disputar
as eleições municipais de 2020. Os responsáveis têm até o dia 4 de abril, seis
meses antes da eleição, para registrarem 492 mil assinaturas e oficializar o
partido.
Em 4 de março, há um mês da data limite, o TSE registra
apenas 7 mil aliados — como o partido chama os apoiadores — aptos a serem admitidos
como filiados à legenda. O próprio Aliança já jogou a toalha. No final de
fevereiro, Luis Felipe Belmonte Santos, vice-presidente e operador do partido,
afirmou que não há pressa para que tudo seja devidamente regulamentado.
Quanto à falta de assinaturas, ele alega que a sigla coletou
mais de um milhão delas, mas que a burocracia e o sistema instável do TSE
impediram que fossem processadas. O órgão afirma que aproximadamente 50 mil
assinaturas estão sendo impugnadas. De acordo com o TSE, entre os filiados, o
Aliança apresentou assinaturas de gente que até já morreu. Uma clara fraude.
Em termos de registro, o Aliança não consegue abarcar nem os
que estão se desfiliando do PSL desde outubro, quando Bolsonaro disse a um
apoiador “esquece o PSL, tá ok?”. Desde então, aproximadamente 66 pessoas saem
do PSL por dia, o que resultaria em mais de nove mil saídas — número maior que
os já formalizaram o apoio ao Aliança.
Falta de interesse?
Entre as formas de explicar o desinteresse pelo novo
partido, está a de que talvez a ideologia dele não seja tão sedutora. Afinal, é
considerada antiga e tacanha. A inspiração do novo partido é a Aliança
Renovadora Nacional (Arena), fundada em 1966 durante a Ditadura Militar. O
documento de fundação da Arena fala em “incentivo à iniciativa privada como
elemento básico de desenvolvimento e indispensável ao regime democrático” e
“estrita observância do sistema de mérito”, bandeiras econômicas ferrenhamente
defendidas pelo programa do novo partido da família Bolsonaro.
A criação do partido foi ainda mais dificultada com a decisão
tomada na quarta-feira 4 pelo Supremo, que manteve as regras que impedem que
pessoas já filiadas a uma legenda possam se filiar a outra em fase de
construção – Istoé.
Carlos Magno
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