O presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar nesta
sexta-feira a pandemia da covid-19, que já matou mais de 10 mil pessoas no
mundo, e tratou a doença como uma "gripezinha". "Depois da
facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar", disse o
presidente após o Estado questioná-lo, em entrevista no Palácio do Planalto, a
razão de ele não tornar público os resultados dos seus exames.
Bolsonaro teve contato com auxiliares que já foram
diagnosticados com o coronavírus nos últimos dias, como o secretário de
Comunicação, Fabio Wajngarten, e o ministro do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), Augusto Heleno. Segundo divulgou em suas redes sociais,
porém, os dois primeiros testes feitos pelo ele deram negativo.
Há uma semana, o Estado pede a Secretaria de Comunicação da
Presidência (Secom) que apresente os resultados dos exames já feitos pelo
presidente, mas até esta sexta-feira, 20, não obteve resposta.
O presidente voltou a afirmar que, caso receba orientação
médica, poderá fazer um novo exame. Mais cedo, ele afirmou que pode já ter
contraído o vírus. "Fiz dois testes, talvez faça mais um até, talvez, porque
sou uma pessoa que tem contato com muita gente. Recebo orientação médica",
disse ele ao deixar o Palácio da Alvorada pela manhã. "Toda família deu
negativo aqui em casa. Talvez eu tenha sido infectado lá atrás e nem fiquei
sabendo. Talvez. E estou com anticorpo."
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que acompanhava
Bolsonaro na entrevista no Planalto, defendeu o sigilo sobre os resultados dos
exames. "Os exames do paciente são do paciente. São da sua intimidade. A
gente não faz divulgação nem do seu, nem do meu, nem do de ninguém", disse
Mandetta.
Ao todo, 22 pessoas que o acompanharam na viagem que fez aos
Estados Unidos, na semana passada, contraíram o coronavírus. Entre eles,
assessores próximos e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general
Augusto Heleno, que se reuniu três vezes com Bolsonaro no dia anterior a ser
diagnosticado com a doença.
Mesmo assim, o presidente disse que pretende manter sua
rotina de trabalho. No domingo passado, dia 15, Bolsonaro ignorou a orientação
para ficar em isolamento e participou de manifestações de rua a favor do
governo e contra o Congresso. Na ocasião, segundo levantamento do Estado, teve
algum tipo de contato com 272 pessoas.
O contato com uma pessoa infectada é uma das formas de
transmissão do coronavírus. O presidente foi criticado por infectologistas e
até por aliados por expor os manifestantes ao risco de contaminação pela
covid-19.
O presidente, que completa 65 anos neste sábado, 21, disse
que fará uma festa de aniversário em casa, restrita a familiares – Estadão.
Carlos Magno
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