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23/03/2020

Padre morre na Itália após testar positivo para coronavírus e abrir mão de respirador para outro paciente, mais jovem


O nome dele era Giuseppe Berardelli, de Bergamo, norte da Itália, onde a doença está ceifando vidas de maneira trágica (6.077 em todo o país, no momento em que esta matéria foi produzida). Don Giuseppe morreu após testar positivo para o coronavírus, mas não exatamente por isso. Ele resolveu se sacrificar por outra pessoa, segundo a mídia local.

 

Aos 72 anos, o religioso abriu mão do respirador de que precisava e que sua comunidade havia comprado apenas para ele. Deu o aparelho para um desconhecido usar, mais jovem que ele.

 

“Don Giuseppe morreu como padre. E estou profundamente comovido com o fato de que ele ajudou alguém mais novo”, disse um trabalhador de saúde da casa de repouso de San Giuseppe. Don Giuseppe Berardelli morreu no hospital de Lovere.



 

A morte do Padre Giuseppe foi relatada nas redes sociais pelo Padre Marcondes, da Diocese de Campina Grande, atualmente residindo, estudando e exercendo o seu sacerdócio no norte da Itália.

 

28 sacerdotes católicos já morreram na Itália

 

Dioceses da Itália confirmaram na sexta-feira, 20, a morte de 28 sacerdotes católicos diagnosticados com a Covid-19, doença provocada novo coronavírus. Outros dois casos não chegaram a ser testados para doença. A maioria atuava na região norte do país, a primeira a ser castigada pela epidemia e a que concentra o maior número de testes positivos e de óbitos.

 

A Itália apresenta a situação mais crítica do mundo. O total de mortes no país ultrapassou os da China na quinta-feira 19 e, quando alcançou 3.405. Há mais de 41.000 casos confirmados de contaminação.

 

Em Bérgamo, no norte, 10 padres morreram e 15 padres foram hospitalizados, segundo a diocese local. O papa Francisco telefonou ao arcebispo Francesco Beschi na quarta-feira 18 para dar seu “apoio aos padres, aos enfermos, aos que cuidam dos pacientes e a toda nossa comunidade”.  “Ele estava muito impressionado com o sofrimento que padecem, pela morte solitária, sem a companhia das famílias, tão dolorosa”, acrescentou Beschi em um comunicado.

 

Assim como acontece com a maioria das vítimas fatais do coronavírus na Itália, os sacerdotes morrem sem acesso aos rituais religiosos que lhes são caros. Ao lado de médicos e enfermeiras, os padres têm prestado auxílio espiritual aos enfermos, uma missão necessária nessa região da Itália particularmente religiosa. Apesar dos riscos, o pontífice considera que “as medidas draconianas nem sempre são boas” e pediu aos bispos e padres que não deixem os fiéis sozinhos ante o coronavírus.

 

“Equipados com máscara, gorro, luvas, blusa e óculos, os padres caminham pelos corredores como zumbis”, conta Claudio del Monte, padre de uma paróquia de Bérgamo, à agência italiana Adnkronos.

 

A rádio da Conferência Episcopal Italiana (CEI), InBlu, explicou que devido às medidas para evitar a propagação do coronavírus, os padres devem evitar a extrema-unção, o ritual de preparação para a morte, no qual o enfermo terminal é ungido com o óleo bento.

 

“Um padre que perdeu o pai me ligou. Ele está em quarentena, a mãe está em quarentena sozinha em outra casa, seus irmãos estão em quarentena e os funerais estão proibidos. Será enterrado no cemitério sem que ninguém possa participar de um momento de piedade humana e cristã”, contou o arcebispo Beschi. O religioso considera o número de padres mortos em sua diocese “realmente alto”, assim como o daqueles que estão em “condição particularmente grave”.

 

“É doloroso ver os padres ficando doentes, às vezes por dever pastoral, e passando pela porta da triagem (dos pacientes) onde, naturalmente, ninguém pode entrar. Depois, alternando esperanças e recaídas, nos deixam para sempre”, afirmou o bispo de Parma, Enrico Solmi, ao jornal Avvenire.

 

O governo italiano proibiu a celebração de missas, casamentos e funerais. Centenas de falecidos, inclusive sacerdotes, tem sido conduzidos por militares do Exército, em caminhões, para cemitérios e crematórios no norte do país. Em Milão, os necrotérios não têm espaço para acomodar os caixões e os enviam diretamente para o cemitério.

 

“Não sabemos mais onde colocar os mortos. Utilizamos algumas igrejas. Tudo isso diz respeito aos sentimentos mais profundos” afirmou o arcebispo Beschi, entrevistado pelo Vatican News – com informações de Veja, DCM e AFP.

 

Carlos Magno

 

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