O número de pacientes hospitalizados no Brasil com síndrome
respiratória aguda grave (SRAG) nas últimas semanas aumentou exponencialmente,
coincidindo com a chegada do novo coronavírus no Brasil, de acordo com
levantamento feito pelo sistema InfoGripe, da Fiocruz.
Somente na última semana, entre os dias 15 e 21 de março,
foram estimados no sistema cerca de 2.250 casos de pessoas internadas com
sintomas de uma síndrome gripal forte – além de febre, tosse, e outros
sintomas, elas têm dificuldade de respirar. A maior parte estava em São Paulo –
1.218. No ano passado, por exemplo, nesse mesmo período, houve 934 casos em
todo o País.
Já na semana em que o primeiro caso de coronavírus foi
identificado no Brasil, em 25 de fevereiro, eram cerca de 660 pessoas nessa
situação.
O InfoGripe é um monitoramento de todas as notificações de
SRAG no Brasil, com base em dados da Secretaria de Vigila^ncia em Sau´de do
Ministe´rio da Sau´de e das redes estaduais públicas e privadas. Em geral ele
observa pico de casos em maio, quando a temperatura está mais baixa.
O número de pacientes hospitalizados por SRAG já é quatro
vezes maior que durante o que ocorre no período sazonal de influenza. “A alta
observada nas últimas duas semanas em parte deve ser por causa da chegada do
novo coronavírus, pois o crescimento foi muito maior do que o que vinha
acontecendo até então”, afirma o pesquisador Marcelo Gomes, pesquisador em
saúde pública do Programa de Computação Científica da Fiocruz e coordenador do
InfoGripe.
Ele explica, porém, que isso não significa necessariamente
que todos os casos de internação são causados pelo novo coronavírus. SRAG é uma
definição que pega doenças causadas também por outros vírus, como o influenza e
outros coronavírus conhecidos. Os casos de coronavírus no Brasil só têm sido
conhecidos, na maioria das situações, depois que pacientes com SRAG são
internados.
Segundo Gomes, desde o início do ano o volume de casos
estava um pouco mais alto que o habitual, provavelmente por algum outro vírus
que estava circulando. “Mas a mudança na velocidade de crescimento sugere algo
novo. Como coincide com o crescimento dos casos confirmados de covid-19 e a
confirmação da transmissão comunitária, é grande a chance de que boa parte
desses casos seja em função do novo vírus, que se somou a essa tendência de
alta”, afirma.
As estimativas do sistema são feitas com base no número
oficial de casos notificados, levando em conta o atraso típico entre a
internação e o registro no sistema. O InfoGripe foi criado em para ajudar os
governos federal e estaduais no monitoramento dessas doenças no país, em
resposta à pandemia de influenza H1N1, em 2009 – Estadão.
Carlos Magno
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