Em meio à pandemia de coronavírus, o governo federal
contratou sem licitação, ao custo de R$ 4,8 milhões, uma empresa para elaborar
uma campanha publicitária com o mote #OBrasilNãoPodeParar. A ideia é defender a
flexibilização do isolamento social, mantendo apenas idosos e pessoas com
doenças pré-existentes em casa, conforme defendeu o presidente Jair Bolsonaroem
pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão esta semana.
O valor gasto pelo governo para a campanha daria para
comprar cerca de 70 respiradores — cada respirador custa, em média, R$ 70 mil.
Segundo levantamento do UOL, cerca de 60% dos municípios brasileiros — nos
quais vivem 33,3 milhões de pessoas — não têm nenhum respirador disponível em
suas unidades de saúde.
Em nota (leia a íntegra ao final), a Secretaria de
Comunicação Social da Presidência chamou a informação sobre a propaganda em
questão de “irresponsável”, afirmando que foi publicada de “forma equivocada”.
“Cabe destacar, para não restar dúvidas, que não há qualquer campanha do
Governo Federal com a mensagem do vídeo sendo veiculada por enquanto, e,
portanto, não houve qualquer gasto ou custo neste sentido”.
O HuffPost confirmou com fontes do governo que o contrato
feito destina-se para a elaboração da campanha chamando o brasileiro a sair do
isolamento. O extrato do contrato foi publicado em edição extra do Diário
Oficial da União desta quinta-feira (25).
Segundo o site Poder 360, a agência contratada, a
iComunicação, foi aberta em 2002, tem um capital estimado de R$ 250 mil, e
ocupa seis salas em um prédio no Setor de Autarquias Sul, em Brasília. A
contratação foi assinada pela secretária de Gestão e Controle, Maria Lúcia
Valadares, e pelo secretário de Comunicação Social da Presidência, Fabio
Wajngarten, que nem sequer retornou completamente ao trabalho, afastado após o
diagnóstico de coronavírus.
Também de acordo com o Poder 360, o chefe de Wajngarten, o
ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) assinou uma portaria na
segunda autorizando o subordinado a “celebrar contratação emergencial de
serviço de planejamento, desenvolvimento e execução de soluções de comunicação
digital”.
Além de uma propaganda que deve começar a ser exibida nos
próximos dias, devem ser veiculados vídeos institucionais.
Na noite de quinta, Flávio Bolsonaro divulgou um vídeo no
Facebook que dá o tom da campanha que vem por aí. “Para trabalhadores
autônomos, o Brasil não pode parar. Para ambulantes, engenheiros, feirantes,
arquitetos, pedreiros, advogados, professores particulares e prestadores de
serviço em geral, o Brasil não pode parar”, diz a narração. Ao fim, é exibida a
marca do governo federal. O vídeo não foi divulgado oficialmente pelo Palácio
do Planalto, contudo, já circula nas redes sociais bolsonaristas.
O secretário executivo do Ministério da Saúde, João
Gabbardo, evitou comentar a medida, esquivando-se das perguntas sobre perguntas
a respeito da campanha.
“Estamos na frente de uma casa incendiando. Temos
alternativas para combater esse incêndio. Tem gente combatendo com extintor,
escada, equipamento mais sofísticos. Todos querem combater esse incêndio. A
nossa função nessa história é retirar as pessoas que estão lá dentro. O máximo
de pessoas. Infelizmente nem todas vão conseguir sair de lá, mas nós vamos
tentar tirar todas. Agora vocês não fiquem esperando que o Ministério da Saúde
vai jogar um palito de fósforo, vai colocar oxigênio, vai abanar para aumentar
esse fogo. Nós queremos tirar as pessoas de dentro dessa casa. Nos ajudem com
isso. Não tentem forçar o Ministério da Saúde a incendiar uma coisa que já está
na nossa frente.”
Após o pronunciamento do presidente, várias frentes de
apoiadores começaram a se organizar em cidades nos quais os governos ou as
prefeituras haviam determinado o fechamento do comércio que houvesse um retorno
ao trabalho.
Já nesta sexta (27), houve carreatas de micro, pequenos e
médios empresários, comerciantes de toda ordem, em diversos locais do País, com
gritos de “O Brasil não pode parar”.
Apesar disto, vários governadores voltaram a reforçar as
decisões de manter o fechamento de escolas, comércios, parques e outros locais
em que pode haver aglomeração de pessoas.
Até quinta, de acordo com dados oficiais, 77 pessoas já
haviam morrido por coronavírus no Brasil – Huffpost.
Veja a íntegra da
nota da Secom da Presidência:
A Secretaria Especial
de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) informa que, com base
em vídeo que circula desde ontem nas redes sociais, alguns veículos de imprensa
publicaram, de forma equivocada e sem antes consultar a Secom sobre a
veracidade da informação, que se tratava de nova campanha institucional do
Governo Federal.
Trata-se de vídeo produzido
em caráter experimental, portanto, a custo zero e sem avaliação e aprovação da
Secom. A peça seria proposta inicial para possível uso nas redes sociais, que
teria que passar pelo crivo do Governo. Não chegou a ser aprovada e tampouco
veiculada em qualquer canal oficial do Governo Federal.
Cabe destacar, para
não restar dúvidas, que não há qualquer campanha do Governo Federal com a
mensagem do vídeo sendo veiculada por enquanto, e, portanto, não houve qualquer
gasto ou custo neste sentido.
Também se deve
registrar que a divulgação de valores de contratos firmados pela Secom e sua
vinculação para a alegada campanha não encontra respaldo nos fatos. Mesmo
assim, foram alardeados pelos mesmos órgãos de imprensa, que não os checaram e
nem confirmaram as informações, agindo, portanto, de maneira irresponsável.
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República
Carlos Magno
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