Um vídeo de um empresário recomendando que comerciantes não
abram as portas na próxima semana, em Santa Maria, Região Central do Rio Grande
do Sul, circulou na internet durante todo o fim de semana. Diagnosticado há
cerca de 10 dias com Covid-19, Valnei Beltrame, de 57 anos, faz o alerta ainda
do quarto do hospital.
“Estou virando o jogo, mas peço a todos os amigos
proprietários de lojas: não voltem a trabalhar nesta semana. Prorroguem para o
dia 6, para não se arrependerem depois.”
Beltrame conta que, nos últimos três dias, apresenta uma
melhora contínua. Embora ainda durma com auxílio do respirador, já está com 95%
de oxigênio no sangue — sendo que a saturação do pulmão chegou a cair a 88% — e
não apresenta os sintomas que o fizeram internar no hospital no domingo passado
(22).
“Na quarta (18) passei muito mal. Febre acima de 40ºC, falta
de ar, o pulmão não estava funcionando. Foi bem complicado”, falou, por
telefone, com a reportagem do G1.
Ele desconfia que possa ter contraído o coronavírus no
Grenal da Libertadores da América, no dia 12 de março, pois esteve com os
dirigentes gremistas testados positivamente para coronavírus. O primeiro
sintoma, entretanto, só foi aparecer na semana seguinte. Começou com uma febre
de 38ºC a 39ºC, mas avançou com severidade, o que obrigou a internação.
“Virava na cama, e as pessoas colocavam pano gelado no corpo
e no rosto. É um negócio que não tem cura. Não se sabe o que tomar, o que dar.
Se não tiver resultado, não tem plano B. Ela é silenciosa”, pontua.
Até o diagnóstico positivo para Covid-19, ele afirma que não
ficava doente há bastante tempo.
“Não tenho nada. Pedalo 40 a 50 quilômetros, jogo futebol
nos fins de semana. Tenho 57 anos, tem que ter alguns cuidados. Tomo remédio
para pressão. Mas não sinto nada. Não entrava no hospital há muitos anos”,
afirma.
Dono de lojas de material de construção, Beltrame diz que
entende a necessidade de empresários em retomar o trabalho. Porém, alerta que
as consequências de uma reabertura precoce do comércio sejam ainda piores.
“Tenho lido, e meus três médicos falam há mais de 15 dias,
que o pico [da Covid-19 no Brasil] será nesta semana que entra. O ponto-chave
em que a gente pode diminuir o impacto do vírus na sociedade. E vejo uma reação
contrária dos meus colegas. Entendo, todos têm contas para pagar, e não são
poucas! Mas como ele vai apertar a mão do colaborador na segunda e, na quarta,
internar no hospital?”, questiona.
Ele deixa uma sugestão: mais uma semana de isolamento social
total e retomada gradual, com metade do grupo, na semana seguinte.
“Uma semana não vai deixar ninguém muito mais pobre. Dá um
tempinho, espera um pouquinho. Muitos me ligaram e disseram que tenho razão. Um
ou outro disse que irá abrir. Eu disse que ele vai pagar o preço. Tomara que
não aconteça nada. Mas tudo que estão falando está se confirmando”, conclui
Beltrame.
Algumas cidades do Rio Grande do Sul flexibilizaram os
decretos municipais e permitiram a abertura do comércio a partir da próxima
semana, mesmo que a Organização Mundial da Saúde recomende o contrário. O governador
Eduardo Leite voltou a afirmar que os municípios devem seguir as orientações
estaduais de manutenção do isolamento.
A Federação das Associações de Municípios (Famurs) orienta
que as prefeituras mantenham a quarentena até a flexibilização do governo do
estado – G1.
Carlos Magno
VEJA TAMBÉM:
- Cheirar
pum pode prevenir câncer, AVC, ataque cardíaco, artrite e demência, diz estudo
de universidade do Reino Unido
-
Assassinato de moradores de rua em Campina Grande-PB gera comoção: radialista
faz artigo em homenagem a "Maria Suvacão"
- UEPB vai ganhar curso de
Medicina no campus de Campina Grande. Veja detalhes
-Cliente que passar mais de
20 minutos em fila de banco na Paraíba receberá indenização
-
Jovem forja a própria morte para saber "quais pessoas se importariam com
sua ausência" e vem a público pedir desculpas