Com o aumento da temperatura do embate entre o ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o presidente Jair Bolsonaro sobre o novo
coronavírus, uma importante figura médica virou assunto na discussão sobre
tratamentos viáveis para conter a pandemia no país. Trata-se da imunologista e
oncologista Nise Hitomi Yamaguchi, diretora do Instituto Avanços em Medicina,
localizado na região da Bela Vista, em São Paulo, e especializado em tratamento
de câncer. Por lá, o atendimento é tocado por Nise e outros três especialistas.
A médica também atua nas dependências do Hospital Albert
Einstein, mas de forma independente. Formada pela Universidade de São Paulo
(USP), onde também especializou-se em imunologia, Nise Yamaguchi tem ainda
experiência em casos de HIV. Outra formação em seu currículo é um doutorado em
pneumologia.
Defensora do uso de hidroxicloroquina e azitromicina em
pacientes com Covid-19, a especialista chegou a ser cotada como um dos nomes
para substituir Mandetta quando o ministro balançou no cargo na segunda-feira
6. Na mesma data, Nise e o presidente Jair Bolsonaro estiveram juntos em
reunião na hora do almoço. Também participou do encontro o deputado Osmar
Terra, além de diversos outros ministros. Mandetta não esteve entre eles.
Bolsonaro é um entusiasta da cloroquina, medicamento que apresentou resultados
promissores contra o coronavírus, mas ainda não foi respaldado por estudos
científicos mais aprofundados.
Em seu recém-aberto canal no YouTube, a imunologista
disponibilizou duas gravações. Uma sobre Covid-19 e outra sobre “coragem” para
enfrentar a pandemia. No vídeo sobre coronavírus, ela dá esclarecimentos sobre
seu entendimento do uso de hidroxicloroquina e azitromicina.“São remédios
relativamente bem tolerados pela maioria das pessoas”, afirma. “Nós estamos
reservando essas medicações para as situações mais graves dentro dos hospitais.
É possível que, à medida que o governo produza mais, vai estar havendo um
esforço de importações dos sais, de produção no Exército, nas fábricas que
temos no Brasil, então vamos ter uma distribuição mais ampla e ela poderá ser
usada em pacientes menos graves que é o que a gente deseja. Desejamos que a
doença não chegue aos casos mais graves.”
Como fica claro no vídeo, Nise defende o uso preventivo do
medicamento para pacientes em quadros inicialmente brandos de Covid-19, que
apresentem, por exemplo, perda da capacidade de sentir cheiros e sabores.
Ela baseia-se em estudos positivos iniciados na França e que
ganharam o mundo. Há, no entanto, falta de análises complementares para atestar
a efetividade do uso das substâncias combinadas, dizem especialistas receosos
ao amplo uso da droga neste momento.
Tratamento humanizado
Em sua carreira, a especialista sempre defendeu um
tratamento humanizado na medicina. Ela diz que tenta “chegar mais perto” dos
pacientes. Esperava, inclusive, as famílias dos doentes para que pudesse
conversar. “As histórias das pessoas são palpáveis, porque é um acervo que ela
traz com ela e a partir do qual ela lê o mundo. Então, eu entro dentro da
história dela para ajudar a encontrar os melhores caminhos”, comentou em vídeo
disponível no YouTube. Nise defende que a consulta é um momento de escuta do
doente e que esse conhecimento faz parte da estratégia do tratamento – Veja.
Carlos Magno
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