No Rio de Janeiro, a Secretaria Estadual de Saúde e o
Conselho Regional de Medicina estudam critérios para escolher quais doentes vão
ter direito a uma vaga na UTI.
As imagens geram desconforto, dor e são a prova do caos.
Mais um hospital do Rio está com o necrotério lotado. Os corpos ficam no
subsolo do Hospital Municipal Salgado Filho, um dos mais importantes da Zona
Norte da cidade, enquanto um contêiner frigorífico não é instalado.
Nesta sexta (1º) foi o dia que registrou o maior número de
óbitos por Covid no estado. No total, são mais de 900 mortos. Quase três vezes
mais do que há dez dias.
“Meu pai tinha 50 anos. Carteiro amante da profissão. Fazia
trilha periodicamente, ia na academia diariamente, tinha alimentação saudável,
não tinha doença pré-existente. Era um cara cheio de vida”, conta o filho de
uma vítima.
E faz duas semanas que a falta de leitos também leva
famílias ao desespero. Tem gente que é liberada do hospital logo depois da
consulta, mesmo sem poder ter alta. São mais de 600 doentes precisam de vaga
numa enfermaria. E os problemas não param aí.
Quase 400 pacientes internados em estado grave, suspeitos ou
confirmados de coronavírus, esperam por um leito na UTI, por um respirador.
Na quinta-feira (30), o Jornal Nacional mostrou que essa
realidade poderia ser amenizada com a abertura de cerca de 2,7 mil leitos
ociosos em unidades das três esferas de governo.
Nesta sexta de manhã, uma comissão formada por parlamentares
fez uma vistoria em três desses hospitais para checar a denúncia.
Se a curva de casos e mortes por coronavírus continuar
descontrolada e a falta de recursos nos hospitais se evidenciar ainda mais, a
previsão é que médicos precisem fazer uma escolha dolorosa: quem terá direito a
um leito de UTI? Quem vive e quem morre.
A Secretaria Estadual de Saúde já estuda esse protocolo, com
a ajuda do Conselho Regional de Medicina do Rio. Diante do impasse, os médicos
teriam que analisar seis órgãos dos pacientes com Covid, como pulmão, rins,
coração. E depois atribuir notas ao funcionamento deles. Doenças preexistentes
também seriam pontuadas. Ganharia a vaga, quem tivesse menos pontos.
Um dos critérios de desempate seria a idade: quanto mais
jovem, mais chances. Um protocolo parecido com esse está sendo adotado na
Itália e na Espanha.
Nesta sexta (1º), o segundo hospital de campanha foi aberto no
Rio. Fica no centro de convenções do Riocentro, na Zona Oeste, e é de
responsabilidade da Prefeitura. No local, ainda faltam equipamentos e médicos.
Por enquanto, a capacidade está abaixo do previsto. Apenas 100 dos 500 leitos
foram liberados.
A prefeitura do Rio afirmou que contratou 126 médicos para
trabalhar no hospital de campanha. E que não deu um prazo para o funcionamento
completo porque depende da chegada dos profissionais e de equipamentos.
A direção do Hospital Salgado Filho declarou que os corpos
que aparecem no vídeo da reportagem estão em um espaço refrigerado e que alugou
um contêiner frigorífico para ser instalado – Jornal Nacional.
Carlos Magno
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