Em meio à crise do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro
negocia com os partidos do chamado Centrão a entrega de cargos da administração
pública em troca de apoio no Congresso.
Um dos cargos negociados com o Centrão é a área de
vigilância do Ministério da Saúde, ocupada hoje por Wanderson Oliveira, braço
direito do ex-ministro Henrique Mandetta, e que segue na pasta apenas para a
transição da gestão de Nelson Teich.
Wanderson é um dos mais respeitados epidemiologistas do
país. Segundo fontes do Ministério da Saúde, desde a gestão Mandetta, partidos
do Centrão pleiteavam cargos na pasta que cuidassem de compras e logística, mas
o ex-ministro blindou a área.
Quando a negociação do governo Bolsonaro com o Centrão
começou, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, chegou a dizer a
interlocutores que não iria transigir com a prática do presidente, que era
contra tudo que ele havia defendido durante seu trabalho no combate à
corrupção.
Agora, o Centrão aguarda a entrega dos cargos no Diário
Oficial.
Para a vaga de Wanderson, o Planalto já tem um nome indicado
pelo PL, partido de Valdemar Costa Neto, ex-deputado condenado no mensalão do
PT.
O partido de Valdemar também deve levar o banco do nordeste,
em troca de apoio ao presidente.
Além do PL, o Progressistas, PSD e o PRB acertaram cargos
com o governo.
Para o PP, ficou combinado o FNDE e o DNOCS. Para o PSD, a
Funasa e, para Republicanos, uma secretaria na agricultura e uma secretaria de
mobilidade urbana, que está no guarda-chuva do ministério de Rogério Marinho
(Desenvolvimento Regional).
Um dos cargos mais cobiçados pelos parlamentares é o FNDE,
um fundo vinculado ao Ministério da Educação que tem como função executar os
principais programas de financiamento da educação básica, como os programas de
merenda escolar, transporte escolar e o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD).
Os partidos do Centrão já enviaram seus indicados para o
governo nos últimos dias.
Segundo o blog apurou, os nomes estão com o governo. Os
políticos aguardam, agora, as nomeações oficiais.
Sobrevivência
política
A negociação com os partidos do Centrão faz parte da
operação do presidente Bolsonaro para sobreviver a um eventual impeachment na
Casa, se houver desdobramentos políticos do inquérito no Supremo Tribunal
Federal (STF) que vai apurar declarações de Moro ao anunciar sua saída do
governo.
Nas palavras de um líder do Centrão, se de fato entregar o
que prometeu, Bolsonaro “dificilmente” terá problemas para “se salvar” no
Congresso.
Negociando com o Centrão, o presidente abandonou o seu
discurso de que não faz “toma lá da cá”: ou seja, entrega cargos em troca de
apoio no Congresso.
Em entrevista à rádio Guaíba, Bolsonaro negou a oferta de
Ministério. "Então, não existe nenhum Ministério sendo oferecido para
ninguém, como aconteceu no passado, nenhuma presidência de banco oficial e
tampouco estatais. Esse é o nosso trabalho e vai continuar sendo feito dessa
maneira. O resto é intriga desse pessoal que tenta o tempo todo desgastar o
governo porque tem saudade de governo anteriores que davam espaço muito grande
a certos órgãos de imprensa e a grupos que sempre viveram como parasitas aqui
em Brasília", afirmou o presidente – G1.
Carlos Magno
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