A Petrobras elevará o preço médio da gasolina nas refinarias
em 12% a partir de quinta-feira (7) e manterá o valor do diesel, confirmou a
petroleira nesta quarta-feira (6) após ser consultada.
O avanço ocorre após uma recuperação recente dos preços do
barril do petróleo no mercado internacional, à medida que alguns países da
Europa e da Ásia, assim como diversos Estados norte-americanos, começaram a
flexibilizar medidas de isolamento tomadas em função da pandemia de
coronavírus.
"O ajuste vem em linha com o que aconteceu no mercado
internacional nas últimas semanas. Precisava mesmo, a gente estava com
defasagem com relação à importação já faz mais de semana...", disse o
chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.
"Eu acredito que a Petrobras esperou para ver se o
preço não devolvia, a volatilidade está muito grande no mercado
internacional."
O repasse de ajustes em valores da gasolina cobrados nas
refinarias aos consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma
série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição
obrigatória de etanol anidro.
O barril de petróleo Brent -- referência internacional --
fechou na véspera com alta de 13,9%, acumulando ganhos pelo sexto dia
consecutivo, enquanto o petróleo nos EUA (WTI) subiu 20,5% na terça-feira (5),
tendo também cinco dias seguidos de alta.
Queda da gasolina e
do diesel no ano
A alta de 12% da gasolina nas refinarias foi o primeiro
avanço desde 20 de fevereiro, reduzindo uma defasagem na comparação com o
produto importado após ganhos no mercado de petróleo.
Ainda assim, a gasolina da petroleira estatal -- responsável
por quase 100% da capacidade de refino do país -- acumula queda de 46,5% neste
ano, impactada por uma diminuição dos preços do petróleo e de seus derivados
diante da propagação do novo coronavírus, que reduziu a demanda global.
No caso do diesel, a queda acumulada nas refinarias no ano é
de 44%.
Competitividade da
gasolina
O avanço do preço da gasolina ocorre após o setor
sucroenergético ter pedido ao governo federal um aumento da Cide no combustível
fóssil, como forma de ajuda ao segmento em meio aos impactos do coronavírus na
economia do país e no preço do combustível.
A demanda desse setor, no entanto, encontra forte
resistência de outros segmentos do mercado, como da própria Petrobras, dos
revendedores e dos importadores de combustíveis.
Notícias veiculadas recentemente apontaram que o Ministério
da Economia deveria elevar a Cide da gasolina de 10 para 30 centavos por litro
e impor um imposto de importação de 15% sobre o combustível fóssil. O governo
não comentou.
O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de
Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, afirmou à Reuters que o aumento anunciado
nesta quarta-feira pela Petrobras sinaliza que a estatal está buscando
acompanhar os preços do mercado internacional.
No entanto, ponderou que "devido à alta volatilidade do
câmbio e das commodities, os preços ainda se encontram com importantes
defasagens".
"O alinhamento dos preços à paridade internacional pode
devolver a competitividade para o etanol e eliminar definitivamente a
necessidade de imposto de importação, como sugerido", destacou.
Para o Credit Suisse, a alta do preço da Petrobras é um
sinal positivo, mas a gasolina e o diesel da empresa ainda estão 6% e 9% abaixo
da paridade de importação.
A política de preços da Petrobras busca seguir valores de
paridade de importação, que leva em conta preços no mercado internacional mais
os custos de importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto
também do câmbio. No entanto, a empresa tem evitado repassar volatilidade ao
mercado interno.
O repasse de ajustes em valores da gasolina cobrados nas
refinarias aos consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma
série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição
obrigatória de etanol anidro.
A queda acumulada da gasolina nas bombas somou 13,8% neste
ano, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) – G1.
Carlos Magno
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