Pacientes com suspeita de Covid-19, dos municípios de Embu
das Artes e Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, morrem à espera de transferência
para UTI por causa da falta de leitos.
O drama revela dois lados. De um, estão os médicos de
cidades que não têm UTI para os pacientes. Do outro, hospitais que possuem os
leitos de terapia intensiva. E no meio de tudo isso, o Sistema Cross, que
regula a transferência dos pacientes.
Francisco Lopes, filho de Filomeno Lopes, 70 anos, disse que
o pai foi internado no Hospital de Campanha em Embu das Artes em estado
extremamente grave. Ele teve quatro paradas cardíacas até conseguir vaga na UTI
do Hospital das Clínicas, mas voltou a ter uma parada cardíaca e a
transferência foi cancelada. Ele morreu após ser reanimado outras quatro vezes.
Segundo o levantamento do G1, Embu das Artes está entre os
12 municípios sem UTI. A secretária adjunta de Saúde da cidade, Maria Zenilda
Serrano, disse que não tem o que fazer. "Me sinto inútil por ver as
pessoas necessitando de vaga e a gente não ter muito o que fazer."
Em Embu-Guaçu, Marco Antonio, marido de Marcia Cristina, disse
que precisou aguardar vaga para internar a mulher na UTI, mas ela morreu.
"Depois que ela se foi vou aguardar o que mais? Só queria que eles me
dessem um tempo para ver ela, mas levaram ela direto para o cemitério. Queria
ver ela. É mais um que se vai, é um atrás do outro."
André Oliveira, filho de José Maurício, 69 anos, disse que o
pai chegou a ser transferido para o Hospital de Itapecerica da Serra, mas não
tinha vaga.
Maria Dalva dos Santos, secretária de Saúde de Embu-Guaçu,
disse qual é o cenário hospitalar. "Nós temos respiradores, mas não temos
UTI. Quem precisa de UTI a gente encaminha para hospitais de referência.
A Secretaria de Saúde informou que não houve erro em nenhum
dos lados nesta história. Que a recusa da transferência foi por causa da
gravidade do estado de saúde dos pacientes. Mas que os hospitais que pediram as
transferências, também não erraram, porque os pacientes precisavam de um
cuidado maior.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde disse que a paciente
Márcia Cristina dos Santos Silva deu entrada no serviço municipal em estado
grave, e que não havia condições de transferência porque o quadro clínico
precisava estar estável e livre de infecções.
Sobre a demora na busca por um leito para o paciente José
Maurício de Oliveira, a secretaria afirmou que ele estava em estado grave e que
morreu oito horas depois do pedido de transferência.
Domingos Napoli, gerente médico da Cross, falou como
funciona a central de regulação de leitos e as dificuldades durante a pandemia.
"O trabalho de regulação é difícil. Quanto maior a
complexidade do recurso, mais difícil é. Em determinados casos complexos, em
uma situação extra como essa pandemia, o quadro vai se agravar mesmo. Leitos de
UTI sempre foram mais difíceis porque são leitos específicos." – G1.
Carlos Magno
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