O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que a
ampliação do uso de cloroquina para pacientes com quadro leve do novo
coronavírus pode elevar a pressão por vagas em centros de terapia intensiva e
provocar mortes em casa por arritmia.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Mandetta ressaltou
que resultados iniciais de estudos que recebeu ainda no governo do presidente
Jair Bolsonaro (sem partido) já indicavam riscos no uso do medicamento.
“Começaram a testar pelos [quadros] graves que estão nos
hospitais. Do que sei dos estudos que me informaram e não concluíram, 33% dos
pacientes em hospital, monitorados com eletrocardiograma contínuo, tiveram que
suspender o uso da cloroquina porque deu arritmia que poderia levar a parada
[cardíaca]”, explicou à Folha.
Para o ex-ministro, a pressão de Bolsonaro pela cloroquina é
uma tentativa de estimular o retorno das pessoas ao trabalho. No entanto,
Mandetta afirma que o país atravessou até o momento apenas 1/3 da crise e
deverá ter pelo menos mais 12 semanas “duras” adiante.
“Tínhamos nos nossos estudos cenários de número de casos e
óbitos. Nada do que está acontecendo hoje é surpresa para o governo federal”,
ressaltou.
Segundo Mandetta, o ápice da curva deve ser em julho. A
redução no número de caso deve ocorrer em agosto. E em setembro “a gente volte
no ponto mais próximo de uma coisa mais amena”.
Ele avalia ainda que a situação mais complexa hoje esteja no
Pará. “É um estado que provavelmente vem agora com um número muito alto de
casos, dobrando muito rápido e com sistema de saúde que vai ter que se
desdobrar”, alertou o ex-ministro em entrevista à Folha – Istoé.
Carlos Magno
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