O governo da França proibiu na última quarta-feira (27)
oficialmente o uso da hidroxicloroquina para tratar a Covid-19 nos hospitais. A
decisão foi tomada depois que duas entidades responsáveis pela saúde pública no
país se declararam contrários à utilização da substância.
A Agência de Medicina da Itália (AIFA) também suspendeu a
autorização de uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19 fora de testes
clínicos.
Desde o fim de março a hidroxicloroquina, derivado da
cloroquina (medicamento de combate à malária) era utilizada, de maneira
excepcional, nos hospitais franceses para tratar casos graves do novo
coronavírus. O uso em testes clínicos continua autorizado.
"Seja em consultas ou no hospital, esta molécula não
deve ser prescrita para pacientes afetados pela Covid-19", afirmou o
ministério da Saúde, após a publicação do decreto de proibição no Diário
Oficial.
O governo francês decidiu proibir a hidroxicloroquina depois
que o Alto Conselho de Saúde Pública desaconselhou seu uso na terça-feira (26),
com exceção dos ensaios clínicos, segundo a agência France Presse.
A recomendação vai no mesmo sentido de uma recomendação da
Agência Nacional de Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde (ANSM).
Bélgica alerta contra continuação do uso
A agência de medicina da Bélgica, por sua vez, alertou
contra a continuação do uso do remédio para tratar o vírus, exceto em testes
clínicos registrados em andamento, dizendo que os testes que visam avaliar o
medicamento também deveriam levar em consideração os riscos em potencial.
Riscos de morte e
piora cardíaca
A hidroxicloroquina, receitada geralmente para doenças
autoimunes como o lúpus, é um dos medicamentos utilizados em testes clínicos
desde o início da pandemia no planeta.
Porém, um amplo estudo publicado publicado na semana passada
pela renomada revista médica "The Lancet" destacou a ineficácia da
hidroxicloroquina e a cloroquina no tratamento da Covid-19. O estudo com 96 mil
pacientes indicou que, além de não favorecer a recuperação dos infectados, as
substâncias provocam um risco maior de morte e de desenvolvimento de arritmia
cardíaca.
Após o estudo publicado na "The Lancet", a
Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu suspender temporariamente na
segunda-feira o uso da hidroxicloroquina em pesquisas que ela coordenava com
cientistas de 100 países.
Uso no Brasil
Mesmo sem comprovação científica de que a cloroquina é capaz
de curar a Covid-19, o Ministério da Saúde do Brasil divulgou na quarta-feira
(20) um documento que orienta o uso da hidroxicloroquina no país em até em
casos leves de Covid-19.
A orientação do Ministério da Saúde reflete um desejo do
presidente Jair Bolsonaro, defensor da cloroquina no tratamento da doença
causada pelo novo coronavírus. A recomendação foi feita apesar dos estudos
internacionais não encontraram eficácia no remédio e a Sociedade Brasileira de
Infectologia não recomendar o seu uso. Especialistas brasileiros criticaram a
decisão.
O protocolo da cloroquina foi motivo de atrito entre
Bolsonaro e os últimos dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson
Teich. Em menos de um mês, os dois deixaram o governo – Bem Estar.
Carlos Magno
VEJA TAMBÉM:
- Cheirar pum pode prevenir câncer, AVC,
ataque cardíaco, artrite e demência, diz estudo de universidade do Reino Unido
- Assassinato de moradores de rua em Campina
Grande-PB gera comoção: radialista faz artigo em homenagem a "Maria
Suvacão"
- UEPB vai ganhar curso de Medicina no campus de
Campina Grande. Veja detalhes
-Cliente que passar mais de 20 minutos em fila de banco
na Paraíba receberá indenização
- Jovem forja a própria morte para saber
"quais pessoas se importariam com sua ausência" e vem a público pedir
desculpas