Um policial militar foi afastado pela corporação ao publicar
foto na sua na rede social segurando um cassetete, e escrever que iria “cacetar
a lomba” dos manifestantes que estavam se reunindo para participar de ato
contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o racismo e o fascismo e em
favor da democracia, no domingo (7), na Zona Oeste de São Paulo.
"Hoje [domingo] tem manifestação no Largo da Batata, e
os ‘ANTIFAS’ [antifascistas] querem marcar presença. Eu quero ‘CACETAR’ a lomba
dos baderneiros!", postou o cabo, que aparece em seu Instagram frente a
motos da Polícia Militar (PM), todas enfileiradas.
A denúncia contra ele foi feita pela Comissão de Direitos
Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) à PM, que
considerou a mensagem do policial uma ‘incitação à violência’.
“Aparentemente é uma incitação à violência. Ele [cabo] está
ali para proteger as pessoas e o patrimônio público”, disse nesta segunda-feira
(8) ao G1 o advogado Arnóbio Rocha, coordenador do Núcleo de Ações Emergenciais
e Direitos Ameaçados da Comissão de Direitos Humanos da OAB.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da
Secretaria da Segurança Pública (SSP) divulgou nota informando que, ao tomar
conhecimento da denúncia, a Polícia Militar afastou imediatamente o cabo das
ruas, ainda no domingo (7).
De acordo com a pasta da Segurança Pública, o policial não
chegou a atuar diretamente com o público que se concentrava no Largo da Batata
para protestar.
Ainda segundo a SSP, o cabo poderá responder a processo
disciplinar administrativo na Corregedoria da PM.
“A Polícia Militar esclarece que o policial foi afastado do
policiamento neste domingo (7) para ser ouvido na Corregedoria da instituição.
Foi instaurada apuração preliminar pelo Batalhão para averiguar a conduta do
agente. A PM é uma instituição apartidária e não compactua com desvios de
conduta”, informa a nota encaminhada pela Segurança.
A reportagem não localizou o cabo para comentar o assunto. O
nome completo do policial também não foi divulgado e não há informação se ele
constituiu advogado para defendê-lo.
Após a postagem do cabo, um internauta escreveu: “Ou você
apaga a postagem ou vou denunciar, a polícia dever [sic] ser neutra e não
defender um lado ou outro!!!”
Na sequência, o policial respondeu: “kkkkk a corregedoria
fica na Rua Jorge Miranda, ali no Bairro da Luz. Quer o telefone também?”.
Atos de domingo
O policial afastado havia sido escalado para integrar a
operação da PM que garantiria a segurança das manifestações deste domingo (7),
em São Paulo.
Por determinação da Justiça, atos antagônicos não puderam
ser realizados no mesmo dia e local na Avenida Paulista, no Centro da capital.
O ato em favor da democracia e contra Bolsonaro foi transferido para o Largo da
Batata, em Pinheiros, e a manifestação em defesa do presidente aconteceu na
Avenida Paulista, também sob forte presença policial.
A Secretaria de Segurança montou um esquema especial de
segurança com cerca de 4 mil homens para evitar confrontos entre os grupos
contrários, como aconteceu no domingo (31) e terminou com seis pessoas detidas.
32 prisões e
agressões
As manifestações aconteceram de forma pacífica, mas ao final
do ato no Largo da Batata houve confronto com um pequeno grupo que não quis se
dispersar e pretendia seguir em caminhada até a Avenida Paulista. A Polícia
Militar lançou bombas contra esse grupo de manifestantes na região da Rua Artur
de Azevedo, em Pinheiros.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), até as 20h
do domingo foram registradas seis ocorrências e 32 pessoas foram detidas. Elas
foram levadas para três distritos policiais: 4º DP (Consolação), 78º DP
(Jardins) e 14º DP (Pinheiros). Lá prestaram depoimentos e foram liberados.
Oficialmente a PM alegou que usou bombas porque os
manifestantes depredaram uma agência bancária e também atiraram objetos contra
os policiais.
“A Policia Militar do estado de São Paulo agiu de forma
correta, evitando danos ao patrimônio privado e público e à ação de vândalos”,
elogiou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Durante coletiva à imprensa nesta segunda-feira (8) para
divulgação das ações de combate à pandemia de coronavírus, Doria comentou foram
apreendidos objetos com os manifestantes.
“Tivemos prisões de manifestantes, ou de vândalos, que
portavam itens como coquetéis molotov, soco inglês, canivetes, facas e barras
de ferro que foram retidas antes das manifestações, seja na Avenida Paulista,
seja na região de Pinheiros no Largo da Batata”, disse o governador.
De acordo com a observadores institucionais da Comissão de
Direitos Humanos da OAB, que acompanhavam as manifestações, todas as 32 prisões
feitas pela PM foram de manifestantes ou pessoas que estavam no ato em favor da
democracia e contra o Bolsonaro.
A Polícia Civil investigará quem deles teria participado da
depredação a uma agência bancária.
Agressões
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram manifestantes
reagindo, atirando paus, pedras e montando barricadas com fogo.
Em outras imagens é possível ver policiais militares
agredindo manifestantes já detidos e que não ofereciam mais resistência.
Alguns dos detidos disseram que as prisões feitas pela PM
foram arbitrárias. Segundo eles, muitos não participaram das depredações e
acabaram detidos e acusados por crimes que não cometeram.
“É um histórico de despreparo para lidar em manifestação
popular”, disse à reportagem o defensor público Marcelo Carneiro Novaes.
"Se é a melhor polícia do Brasil tem que estar preparada para não prender
manifestantes. É preciso separar o joio do trigo".
Como Marcelo, outros membros da Defensoria Pública foram às
delegacias fazer a defesa dos manifestantes detidos.
“Pelos vídeos foram prisões discriminadas de manifestantes
que estavam correndo de bombas de gás e provavelmente balas de borracha”,
comentou o defensor Marcelo a respeito das imagens que estão sendo
compartilhadas na internet.
Alguns desses vídeos são flagrantes de agressões por parte
dos PMs contra manifestantes.
Nesta segunda, o governador Doria informou que a
Corregedoria da Polícia Militar está apurando o caso e analisando as filmagens
para saber se houve abuso ou excesso cometidos pelos agentes.
“Algumas imagens que circularam hoje [segunda-feira] de
manhã pelas redes sociais de policiais da PM de são Paulo estão sendo
analisadas pela corregedoria da policia militar e a orientação dada pelo
governador é que se houve, erro os que erraram sejam punidos”, afirmou Doria –
G1.
Carlos Magno
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