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08/06/2020

Em rede social, PM ameaça agredir manifestantes contrários a Bolsonaro, ironiza possibilidade de ser denunciado e acaba afastado


Um policial militar foi afastado pela corporação ao publicar foto na sua na rede social segurando um cassetete, e escrever que iria “cacetar a lomba” dos manifestantes que estavam se reunindo para participar de ato contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o racismo e o fascismo e em favor da democracia, no domingo (7), na Zona Oeste de São Paulo.

 

"Hoje [domingo] tem manifestação no Largo da Batata, e os ‘ANTIFAS’ [antifascistas] querem marcar presença. Eu quero ‘CACETAR’ a lomba dos baderneiros!", postou o cabo, que aparece em seu Instagram frente a motos da Polícia Militar (PM), todas enfileiradas.

 

A denúncia contra ele foi feita pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) à PM, que considerou a mensagem do policial uma ‘incitação à violência’.



 

“Aparentemente é uma incitação à violência. Ele [cabo] está ali para proteger as pessoas e o patrimônio público”, disse nesta segunda-feira (8) ao G1 o advogado Arnóbio Rocha, coordenador do Núcleo de Ações Emergenciais e Direitos Ameaçados da Comissão de Direitos Humanos da OAB.

 

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) divulgou nota informando que, ao tomar conhecimento da denúncia, a Polícia Militar afastou imediatamente o cabo das ruas, ainda no domingo (7).

 

De acordo com a pasta da Segurança Pública, o policial não chegou a atuar diretamente com o público que se concentrava no Largo da Batata para protestar.

 

Ainda segundo a SSP, o cabo poderá responder a processo disciplinar administrativo na Corregedoria da PM.

 

“A Polícia Militar esclarece que o policial foi afastado do policiamento neste domingo (7) para ser ouvido na Corregedoria da instituição. Foi instaurada apuração preliminar pelo Batalhão para averiguar a conduta do agente. A PM é uma instituição apartidária e não compactua com desvios de conduta”, informa a nota encaminhada pela Segurança.

 

A reportagem não localizou o cabo para comentar o assunto. O nome completo do policial também não foi divulgado e não há informação se ele constituiu advogado para defendê-lo.

 

Após a postagem do cabo, um internauta escreveu: “Ou você apaga a postagem ou vou denunciar, a polícia dever [sic] ser neutra e não defender um lado ou outro!!!”

 

Na sequência, o policial respondeu: “kkkkk a corregedoria fica na Rua Jorge Miranda, ali no Bairro da Luz. Quer o telefone também?”.

 

Atos de domingo

 

O policial afastado havia sido escalado para integrar a operação da PM que garantiria a segurança das manifestações deste domingo (7), em São Paulo.

 

Por determinação da Justiça, atos antagônicos não puderam ser realizados no mesmo dia e local na Avenida Paulista, no Centro da capital. O ato em favor da democracia e contra Bolsonaro foi transferido para o Largo da Batata, em Pinheiros, e a manifestação em defesa do presidente aconteceu na Avenida Paulista, também sob forte presença policial.

 

A Secretaria de Segurança montou um esquema especial de segurança com cerca de 4 mil homens para evitar confrontos entre os grupos contrários, como aconteceu no domingo (31) e terminou com seis pessoas detidas.

 

32 prisões e agressões

 

As manifestações aconteceram de forma pacífica, mas ao final do ato no Largo da Batata houve confronto com um pequeno grupo que não quis se dispersar e pretendia seguir em caminhada até a Avenida Paulista. A Polícia Militar lançou bombas contra esse grupo de manifestantes na região da Rua Artur de Azevedo, em Pinheiros.

 

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), até as 20h do domingo foram registradas seis ocorrências e 32 pessoas foram detidas. Elas foram levadas para três distritos policiais: 4º DP (Consolação), 78º DP (Jardins) e 14º DP (Pinheiros). Lá prestaram depoimentos e foram liberados.

 

Oficialmente a PM alegou que usou bombas porque os manifestantes depredaram uma agência bancária e também atiraram objetos contra os policiais.

 

“A Policia Militar do estado de São Paulo agiu de forma correta, evitando danos ao patrimônio privado e público e à ação de vândalos”, elogiou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

 

Durante coletiva à imprensa nesta segunda-feira (8) para divulgação das ações de combate à pandemia de coronavírus, Doria comentou foram apreendidos objetos com os manifestantes.

 

“Tivemos prisões de manifestantes, ou de vândalos, que portavam itens como coquetéis molotov, soco inglês, canivetes, facas e barras de ferro que foram retidas antes das manifestações, seja na Avenida Paulista, seja na região de Pinheiros no Largo da Batata”, disse o governador.

 

De acordo com a observadores institucionais da Comissão de Direitos Humanos da OAB, que acompanhavam as manifestações, todas as 32 prisões feitas pela PM foram de manifestantes ou pessoas que estavam no ato em favor da democracia e contra o Bolsonaro.

 

A Polícia Civil investigará quem deles teria participado da depredação a uma agência bancária.

 

Agressões

 

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram manifestantes reagindo, atirando paus, pedras e montando barricadas com fogo.

 

Em outras imagens é possível ver policiais militares agredindo manifestantes já detidos e que não ofereciam mais resistência.

 

Alguns dos detidos disseram que as prisões feitas pela PM foram arbitrárias. Segundo eles, muitos não participaram das depredações e acabaram detidos e acusados por crimes que não cometeram.

 

“É um histórico de despreparo para lidar em manifestação popular”, disse à reportagem o defensor público Marcelo Carneiro Novaes. "Se é a melhor polícia do Brasil tem que estar preparada para não prender manifestantes. É preciso separar o joio do trigo".

Como Marcelo, outros membros da Defensoria Pública foram às delegacias fazer a defesa dos manifestantes detidos.

 

“Pelos vídeos foram prisões discriminadas de manifestantes que estavam correndo de bombas de gás e provavelmente balas de borracha”, comentou o defensor Marcelo a respeito das imagens que estão sendo compartilhadas na internet.

 

Alguns desses vídeos são flagrantes de agressões por parte dos PMs contra manifestantes.

 

Nesta segunda, o governador Doria informou que a Corregedoria da Polícia Militar está apurando o caso e analisando as filmagens para saber se houve abuso ou excesso cometidos pelos agentes.

 

“Algumas imagens que circularam hoje [segunda-feira] de manhã pelas redes sociais de policiais da PM de são Paulo estão sendo analisadas pela corregedoria da policia militar e a orientação dada pelo governador é que se houve, erro os que erraram sejam punidos”, afirmou Doria – G1.

 

Carlos Magno

 

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