O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu nesta
quarta-feira (17) apurar quantos militares ocupam cargos civis no governo do
presidente Jair Bolsonaro. O TCU também irá elaborar um comparativo em relação
aos últimos três governos.
Autor do pedido atendido pelo plenário, o ministro Bruno
Dantas argumentou que a sociedade deve saber "exatamente quantos
militares, ativos e inativos, ocupam atualmente cargos civil, dados os riscos
de desvirtuamento das forças armadas que isso pode representar".
Um dia após a publicação desta reportagem, o ministro Luiz
Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, publicou a seguinte mensagem em uma
rede social: "TCU vai contar quantos militares compõem o Governo
Bolsonaro. Respeito a decisão da maioria do Tribunal. Mas também não seria
importante saber quantos médicos e engenheiros tem no governo? Quantos homens e
mulheres? Quantos indígenas, negros, pardos e brancos? Digo com propriedade que
militares são cidadãos fardados que mesmo na reserva continuam servindo ao
País. Diante disso questiono: há algum problema com os militares?"
Ao fazer o pedido do levantamento, Bruno Dantas afirmou
serem constantes as alusões a uma eventual "militarização excessiva do
serviço público civil".
Dantas acrescentou, ainda, que o assunto foi tratado na
última segunda (15) pelo ministro Luís Roberto Barroso, integrante do Supremo
Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Acho ruim e preocupante você começar a povoar cargos
no governo com militares. Isso é o que aconteceu na Venezuela. Quando você
multiplica militares no governo, eles começam a se identificar como governo e
começam a se identificar com vantagens e com privilégios. E isso é um
desastre", disse Barroso ao programa Roda Viva (Cultura).
Barroso disse ainda que as Forças Armadas "não
pertencem ao governo" nem podem se identificar "com governo
algum". Isso porque, ressaltou o ministro, "não existe" dizer
que os militares "estão no governo".
Militares em cargos
no governo
O presidente Jair Bolsonaro é capitão reformado do Exército,
e o vice, Hamilton Mourão, general da reserva.
Bolsonaro costuma dizer que montou um governo
"militarizado". Isso porque os quatro ministros com gabinete no
Palácio do Planalto são militares:
Casa Civil: Walter Souza Braga Netto (general do Exército);
Gabinete de Segurança Institucional: Augusto Heleno (general
da reserva do Exército);
Secretaria de Governo: Luiz Eduardo Ramos (general do
Exército);
Secretaria-Geral: Jorge Oliveira (major da reserva da
Polícia Militar do Distrito Federal).
Além deles, também são militares ou têm formação militar os
ministros:
Defesa: Fernando Azevedo e Silva, general do Exército;
Ciência e Tecnologia: Marcos Pontes, tenente-coronel da
Aeronáutica;
Minas e Energia: Bento Albuquerque, almirante da Marinha.
Os ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Wagner
Rosário (Controladoria-Geral da União) concluíram o curso da Academia Militar
das Agulhas Negras (Aman), que forma oficiais do Exército. Porém, passaram em
concursos públicos de carreiras civis e deixaram o dia a dia do Exército – G1.
Carlos Magno
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