O desembargador Eduardo Siqueira, flagrado no último fim de
semana humilhando um Guarda Civil Municipal (GCM) em Santos, no litoral de São
Paulo, após ser abordado por não utilizar máscara, foi flagrado fazendo o uso
do equipamento nesta quarta-feira (22). O magistrado recebeu multa por não
utilizar o item obrigatório do município durante a pandemia. As imagens feitas
pelo morador foram obtidas pelo G1.
Segundo moradores, que preferem não se identificar, o
desembargador saiu para caminhar, acompanhado de outras duas pessoas, e voltou
a aparecer na orla da praia da cidade. A diferença, desta vez, é que ele
permaneceu com o equipamento no rosto após a repercussão negativa que rendeu
até a abertura de uma investigação para apurar a conduta do magistrado com os
guardas municipais, que receberam homenagens na cidade por conta da postura que
tiveram mesmo mediante a afronta do desembargador.
Siqueira foi fotografado por moradores em diferentes
momentos. Em uma das imagens, ele é visto na região do Sesc de Santos, no
bairro Aparecida, conversando com um outro homem. Esse mesmo morador acompanhou
Siqueira, que também estava com o filho Carlos Siqueira, durante a caminhada
matinal pela praia da cidade, o que despertou a curiosidade de outras pessoas que
passavam pelo local. O G1 tentou entrar em contato com o desembargador nesta
quarta-feira mas, até o fechamento desta reportagem, não houve retorno.
Entenda o caso
O magistrado foi flagrado humilhando um agente da GCM de
Santos no último sábado (18) ao ser multado por não utilizar máscara enquanto
caminhava na praia. No vídeo feito por um dos guardas ele chama um dos guardas
de 'analfabeto', chegando a rasgar a multa e jogar o papel no chão. Por fim, o
desembargador deu uma 'carteirada' ao telefonar para o Secretário de Segurança
Pública do município, Sérgio Del Bel.
Essa não foi a primeira vez que Eduardo Siqueira agiu dessa
forma. Em outro vídeo obtido pela reportagem, é possível ver que ele já havia
desrespeitado e ameaçado um inspetor da GCM, em maio deste ano, ao ser flagrado
também descumprindo o decreto municipal que obriga o uso de máscaras na cidade.
Posteriormente uma magistrada que alegou ao G1 que Siqueira acumulou desafetos
nos bastidores do Poder Judiciário e disse que não era tratada adequadamente
pelo magistrado.
A Prefeitura de Santos afirmou estar prestando total apoio à
equipe que fez a abordagem e ressaltou que as multas foram lavradas, tanto pela
falta de uso da máscara facial quanto por jogar lixo em vias públicas. A
Associação dos Guardas Civis Municipais, por meio do diretor Rodrigo Coutinho,
afirmou repudiar o ocorrido e que tomará as medidas judiciais cabíveis.
O guarda que foi humilhado pelo desembargador diz que
cumpriu seu papel e, apesar de chateado, ficou orgulhoso por realizar sua
função. Tanto ele, quanto o colega de trabalho, se mostraram indignados com o
ocorrido. Após a repercussão do caso os dois agentes foram homenageados e
receberam uma medalha em homenagem por conduta exemplar durante a abordagem.
Providências já estão sendo tomadas pela Corregedoria
Nacional de Justiça. Isso porque, o ministro Humberto Martins, determinou a
abertura de pedido de providências para apurar a conduta do desembargador.
Desembargador
Na época, uma nota foi emitida pelo desembargador Eduardo
Siqueira informando que o vídeo é verdadeiro, mas alega que foi tirado de
contexto. Para ele, a determinação por decreto do uso de máscaras em
determinados locais é um abuso.
No texto divulgado, Siqueira explica que “decreto não é lei”
e que, por isso, entende não ser obrigado a usar máscara, e que qualquer norma
que diga o contrário é “absolutamente inconstitucional”. Ele alega que esse não
foi o primeiro incidente que aconteceu entre ele e agentes da Guarda Civil
Municipal, e que em todas as ocasiões foi ameaçado de prisão de modo agressivo,
justificando a exaltação.
“Infelizmente, perseguido desde então, ontem, acabei sendo
vítima de uma verdadeira armação”, completa. Ele diz que tomará as providências
cabíveis para que os direitos dele sejam preservados e que está à disposição
das autoridades judiciais, para esclarecimentos – G1.
Carlos Magno
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