A investigação sobre a morte do menino Danilo de Sousa
Silva, de 7 anos, encontrado morto após ser afogado em lama, em Goiânia, revela
que o padrasto dele, Reginaldo Lima, pisou na cabeça do enteado para evitar que
ele gritasse por socorro durante a agressão. Ele e um servente de pedreiro,
acusado de auxiliar no crime, foram presos nesta sexta-feira (31).
"Reginaldo evitou que o menino gritasse pisando na
cabeça dele. Ele pisou várias vezes e, com a mão, forçava a cabeça do menino
junto ao solo", disse o delegado Ernane Cazer, que participou da
força-tarefa montada para investigar o crime.
O outro detido nesta sexta-feira se trata de Hian Alves de
Oliveira, de 18 anos, filho adotivo do pastor que mora na mesma rua que a
família de Danilo. Conforme o delegado, ele segurou os braços do menino
enquanto ele era agredido pelo padrasto. Em troca, receberia uma moto e um
carro, segundo a investigação.
O G1 tenta localizar a defesa dos detidos para que se
manifeste sobre o caso. Ao chegar à Delegacia de Investigação de Homicídios, o
padrasto alegou que é inocente.
Segundo a família contou à Polícia Civil, Danilo sumiu no
último dia 21 de julho ao sair para ir à casa da avó, que fica na mesma rua, no
Parque Santa Rita. Seis dias depois, um corpo foi encontrado na mata que fica a
cerca de 100 metros da casa do garoto. No dia seguinte, a corporação confirmou
que se tratava da criança que estava desaparecida.
Asfixiado na lama
A perícia feita no corpo e no local que ele foi encontrado
apontaram que Danilo foi asfixiado em lama, como explicou o gerente do
Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia, o médico legista Mário Eduardo Cruz.
Segundo ele, o corpo do menino estava no local há alguns dias - entre sete e
dez.
"A causa da morte a gente consegue precisar. Durante a
necrópsia, nós encontramos presença de lama tanto na cavidade oral como na
traqueia. Isso configura a mudança do meio respirável, então, asfixia por afogamento",
explicou.
Investigação
O delegado Rilmo Braga, titular da DIH, delegacia
responsável pela força-tarefa montada para solucionar o caso, explicou que o
padrasto estava insatisfeito com a convivência com o menino e tinha aversão aos
dois enteados. Ao todo, a família era composta por seis crianças, sendo que
quatro eram fruto da relação de Reginaldo com a mãe de Danilo.
Por isso, conforme o delegado, o padrasto ofereceu uma
recompensa para que o servente de pedreiro o ajudasse a cometer o crime. Em
depoimento, Hian relatou que auxiliou Reginaldo a segurar o enteado durante a
agressão.
"No dia da morte do menino, eu estava trabalhando na
obra. O padrasto arrastou o menino lá para dentro [da mata] e machucou ele com
um pau. Fui até a beirada da mata para levar o menino, segurando pelo braço.
Depois, fui trabalhar e ele ficou com o menino na mata", detalhou Hian.
O delegado Ernane Cazer deu mais detalhes sobre a
participação do servente de pedreiro. "O padrasto prometeu uma moto e um
carro para Hian ajudá-lo. Ele, então, esperou o padrasto e o menino entrarem na
mata e, depois, foi ao local para ajudar a segurar a criança, enquanto o
padrasto machucava o menino, por pura maldade", detalhou o investigador.
Rilmo Braga descartou, neste momento, a prática de violência
sexual contra o menino durante o crime. "Por hora, está descartada
conotação de crime sexual. As lesões encontradas no corpo do menino pela
perícia não apontam diretamente para este tipo de ato", explica o
delegado.
Dois fatores são considerados fundamentais pelo delegado
para concluir o inquérito: as informações reveladas por Hian e o depoimento de
um adolescente que teria acompanhado toda a movimentação dos suspeitos durante
o crime.
Conforme Rilmo Braga, Hian trouxe revelações que somente uma
pessoa que esteve no local do crime poderia saber. "A outra testemunha,
que será guardada em sigilo por se tratar de um adolescente, presenciou o
adentramento dos suspeitos na mata", esclarece o delegado.
Parentes desse adolescente, de 13 anos, revelaram que ele
teria visto Danilo no campinho de futebol do bairro no dia em que o garoto
desapareceu. Após o crime, o menino viajou para a casa de parentes no
Tocantins. Por isso, segundo a família, policiais foram buscá-lo para que ele
prestasse depoimento.
Velório
Danilo foi enterrado no Cemitério Municipal Vale da Paz, em
Goiânia, na tarde de quarta-feira (29). Durante o velório, o padrasto se
mostrou inconsolável e precisou ser amparado por dois homens.
Já a bisavó do garoto, Maria de Almeida Silva, estava
emocionada. "Esquecer, nós nunca vamos esquecer, mas Deus vai consolar a
gente porque a aflição é muito grande", relatou emocionada.
Pai do menino, Damião Sousa e Silva mora no Pará e não teve
condições de ir ao velório e enterro do filho, mas também disse que lembra do
filho como uma criança diferente. “Na época que eu saí daí ele só tinha 2 anos
de idade, mas era um menino especial”, afirmou – G1.
Carlos Magno
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