A Polícia Civil segue investigando a morte do garoto M.A.S,
de 9 anos, que morreu na quarta-feira ao cair da janela de um apartamento no 4º
andar de um prédio no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul da capital. O corpo
do menor foi enterrado às 16h de ontem, no Cemitério do Bonfim, na Região
Noroeste da cidade. A polícia informou que vai colher depoimentos de
testemunhas nos próximos dias. Os laudos periciais e médico-legais estão em
andamento.
A queda ocorreu por volta das 10h30 de quarta-feira. A
ocorrência mobilizou a Polícia Militar (PM), a Polícia Civil e o Corpo de
Bombeiros (CBMMG). Segundo os bombeiros, quando as equipes chegaram, um médico
que passava pelo local já havia atestado a morte da criança. Peritos
encontraram vestígios de sangue na cozinha do apartamento em que o menino
morava.
Segundo o delegado Vinícius Augusto de Souza Dias, da 3ª
Delegacia Regional de Polícia Civil – Sul, a corporação vai analisar o material
encontrado. O objetivo é saber se o sangue é da criança ou do frango que a
empregada cozinhava naquele momento. “Vamos identificar se é sangue humano e
qual a origem”, garantiu o chefe das investigações. A Polícia Civil,
inicialmente, não trabalha com a hipótese de homicídio. M.A.S. morreu após
passar pela tela que protegia uma das janelas do apartamento no 4° andar do
edifício e cair de aproximadamente 13 metros de altura.
De acordo com o major Mauro Júnior, do 22º Batalhão, a
proteção da janela do apartamento foi cortada com tesoura, encontrada no
parapeito, e com uma faca, deixada em cima da cama. Segundo a polícia, ele
morava com a mãe, A., o pai, R.F.S, ambos de aproximadamente 45 anos, a irmã,
de 18, e a avó. No momento do incidente, apenas a empregada doméstica estava no
local.
DISCUSSÃO
De acordo com a polícia, a criança teria discutido com a mãe
pouco antes do episódio. Ela teria chamado a atenção do filho por estar muito
tempo envolvido em atividades no computador. A mulher, então, desligou o
aparelho e o tirou do quarto, fato que teria irritado o menino. Em seguida, ela
saiu de casa para levar a avó do garoto a uma consulta médica.
M.A.S. aproveitou a brecha para tentar sair do edifício, mas
foi barrado pelo porteiro. Ele, então, voltou para casa e, pouco tempo depois,
foi visto já desacordado na calçada pela empregada. Ela teria ligado para o pai
da criança e acionado a PM. Muito abalada, a mãe chegou a ser levada ao
hospital, em estado de choque. A irmã da criança, de 18 anos, também ficou
muito abalada, assim como a funcionária da família, que precisou ser amparada
por vizinhos. Ela relata que fazia o almoço e cuidava dos afazeres da casa no
momento da queda. O corpo de M.A.S. foi encaminhado em seguida ao Instituto
Médico-Legal (IML).
INVESTIGAÇÃO
De acordo com os trabalhos iniciais da perícia, a criança
teria arrastado a cadeira do computador para debaixo da janela e cortado a tela
de proteção com uma tesoura escolar. Ele teria colocado a cabeça para fora e se
desequilibrado – e não se jogado, pois não havia indícios de que o menino teria
se apoiado no parapeito da janela.
“Diante das investigações preliminares, inicialmente, não
colocamos que tenha acontecido algum homicídio de qualquer forma”, afirmou o
delegado Dias, ressaltando que o local foi preservado. “Em cima da cadeira
havia vestígios da tela que foi cortada. Foi encontrada ainda tesoura escolar,
e o CPU (computador) também não se encontrava no local, o que confirma as
versões”, descreveu o delegado Dias.
Segundo os depoimentos colhidos até o momento, testemunhas
informaram que era recorrente a insatisfação da criança com as decisões da mãe,
o que ainda será verificado pelas investigações. “Também será constatado se tem
digitais de outras pessoas na tesoura do menino”, afirmou. A empregada doméstica
e vizinhos que foram testemunhas do caso foram ouvidos na tarde de
quarta-feira. O delegado revelou que, para preservar a saúde dos pais, eles
serão ouvidos posteriormente.
Ainda segundo o delegado, a empregada doméstica ficou
abalada com o ocorrido. “Ela estava muito assustada e triste, e relatou que
tinha um carinho muito grande pelo menino”, disse o delegado, sem saber
precisar há quanto tempo a funcionária trabalhava no local. “Do ponto de vista
técnico, preliminarmente conclui-se que ele caiu, e não se jogou”, reforçou
Dias – EM.
Carlos Magno
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