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27/09/2020

Padre Luciano Guedes inicia sequência de artigos contando a história da Catedral; o primeiro deles já está disponível


O Padre Luciano Guedes, Vigário Geral da Diocese e Pároco da Catedral, deu inicio neste sábado a mais uma série de relatos históricos sobre a Catedral Diocesana de Nossa Senhora da Conceição; com a proposta em lançar semanalmente um artigo, os relatos em torno de compreensões no âmbito de nossa História local.

 

O primeiro artigo está intitulado: Catedral de Nossa Senhora da Conceição (I), e traz um aparato histórico desde a criação da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, à elevação a condição de Matriz, cita a grande reforma empreendida no ano de 1887, feita pelo Monsenhor Sales; a construção dos altares, dentre toda influência que o Templo trouxe a Campina Grande com o passar dos anos.



 

Catedral de Nossa Senhora da Conceição (I)

 

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição em Campina Grande, foi criada no dia 08 de dezembro de 1769, por decreto do Bispo de Olinda Dom Francisco Xavier Aranha. Neste decreto, o Ordinário justificou tal criação, para atender às necessidades espirituais e a grande extensão territorial da população de Campina Grande, na Capitania da Paraíba do Norte.

 

A elevação da Capela, aqui existente, à dignidade de Igreja Matriz foi um desmembramento do território da Freguesia de Nossa Senhora dos Milagres de São João do Cariri.

 

Em 1887, ocorreu neste espaço uma grande reforma, empreendida pelo Monsenhor Sales. A igreja humilde, talvez uma das menores da Diocese de Olinda, foi totalmente reconstruída. Foi neste momento histórico que se definiu o formato externo que chegou aos dias atuais, com suas duas torres e o frontispício em linhas neoclássicas. Este feito deu destaque e grandeza ao templo e acompanhou o natural processo de crescimento da urbe.



 

Com estas incursões, a Igreja foi forrada a estuque, aberta em arcadas o seu corpo e iniciada a construção do altar-mor. Nesse momento, foram também construídos os altares laterais, dedicados a Santo Antônio, Santo Irineu, São Miguel, São José, São Sebastião, São João Batista, Nossa Senhora das Dores, Santa Luzia, Nosso Senhor dos Passos, Nosso Senhor Morto, Santa Ana e Sagrada Família.

 

No relato do Vigário Sales, a Igreja Matriz de Campina Grande estava inacabada e não refletia o desenvolvimento do lugar. Foi com este intento que no dia 27 de dezembro de 1887, ele fez chegar à cidade, acompanhado de cerca de mil pessoas, o Frei Venâncio Maria de Ferrara, missionário capuchinho, com o fim de realizar uma missão.

 

A respeito da presença do frade e dos resultados deixados por ele, comenta o pároco que “o bom povo desta freguesia no desejo de ver esta cidade dotada de um templo digno de sua excelsa padroeira e que ao mesmo tempo revelasse a fé e a piedade de seus habitantes, não arrefeceu e assim estão em boa altura duas torres, os corredores e a sacristia, abertas em arcadas o corpo da igreja e a capela-mor”.

 

Faz-se importante ressaltar que o prestígio do Monsenhor Sales adquiriu do meio político e social, o seu apoio e fundamento; características estas que lhe valeram e possibilitaram-lhe todo o trabalho de reconstrução da Matriz. Corajoso e de comunicação direta com seus fiéis e demais personalidades, foi descrito por Artur Aquiles, do Jornal O Comércio, em sua visita à Rainha da Borborema como “um homem não vulgar, impondo-se à estima pública por dedicar-se à sua religião sem hipocrisia e por dirigir o seu povo com carinho e amor excessivo, sem o menor intuito de jungi-lo aos seus interesses pessoais pelo fanatismo”.

 

Ainda nos apontamentos de Esmeraldina Agra, percebe-se a importância dada à Igreja Matriz de Campina Grande, no contínuo cuidado e manutenção, por parte das famílias e colaboradores da sociedade campinense, ao recordar-nos que “as mulheres se responsabilizavam pela conservação dos altares, executando as suas tarefas no sábado à tarde. A Matriz ficava um verdadeiro céu terrestre”. Estas senhoras eram as zeladoras, em geral ligadas ao Apostolado da Oração.

 

As considerações do marco fundacional e da evolução da Matriz, leva-nos a compreender que ela representou na construção social campinense, a imagem de um centro urbano que crescera significativamente na primeira metade do século XX, impulsionado pelo ideal do progresso e da modernidade.  As falas dos clérigos e dos memorialistas comentadores desses tempos aludem para uma perspectiva linear e crescente da história, destacando em sequência a realização das grandes obras, das personalidades marcantes e da cidade aformoseada pelo engenho de seus devotados representantes.

 

 No caso de Campina Grande, o boom econômico do algodão, a importância de sua feira semanal, a sua localização estratégica como interposto para as trocas comerciais, o seu nascedouro cultural e religioso relacionado à Olinda e Recife, atuaram como imaginário coletivo desta importância social, materializado e celebrado pelo dinamismo de seus cidadãos, sob o símbolo de sua primeira casa de oração e de louvor a Deus, a Catedral de Nossa Senhora da Conceição.

 

Pe. Luciano Guedes do Nascimento Silva

Vigário Geral e Pároco da Catedral

 

Carlos Magno

 

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