O Padre Luciano Guedes, Vigário Geral da Diocese e Pároco da
Catedral, deu inicio neste sábado a mais uma série de relatos históricos sobre
a Catedral Diocesana de Nossa Senhora da Conceição; com a proposta em lançar
semanalmente um artigo, os relatos em torno de compreensões no âmbito de nossa
História local.
O primeiro artigo está intitulado: Catedral de Nossa Senhora
da Conceição (I), e traz um aparato histórico desde a criação da Igreja de
Nossa Senhora da Conceição, à elevação a condição de Matriz, cita a grande
reforma empreendida no ano de 1887, feita pelo Monsenhor Sales; a construção
dos altares, dentre toda influência que o Templo trouxe a Campina Grande com o
passar dos anos.

Catedral de Nossa
Senhora da Conceição (I)
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição em Campina
Grande, foi criada no dia 08 de dezembro de 1769, por decreto do Bispo de
Olinda Dom Francisco Xavier Aranha. Neste decreto, o Ordinário justificou tal
criação, para atender às necessidades espirituais e a grande extensão
territorial da população de Campina Grande, na Capitania da Paraíba do Norte.
A elevação da Capela, aqui existente, à dignidade de Igreja
Matriz foi um desmembramento do território da Freguesia de Nossa Senhora dos
Milagres de São João do Cariri.
Em 1887, ocorreu neste espaço uma grande reforma,
empreendida pelo Monsenhor Sales. A igreja humilde, talvez uma das menores da
Diocese de Olinda, foi totalmente reconstruída. Foi neste momento histórico que
se definiu o formato externo que chegou aos dias atuais, com suas duas torres e
o frontispício em linhas neoclássicas. Este feito deu destaque e grandeza ao
templo e acompanhou o natural processo de crescimento da urbe.

Com estas incursões, a Igreja foi forrada a estuque, aberta
em arcadas o seu corpo e iniciada a construção do altar-mor. Nesse momento,
foram também construídos os altares laterais, dedicados a Santo Antônio, Santo
Irineu, São Miguel, São José, São Sebastião, São João Batista, Nossa Senhora
das Dores, Santa Luzia, Nosso Senhor dos Passos, Nosso Senhor Morto, Santa Ana
e Sagrada Família.
No relato do Vigário Sales, a Igreja Matriz de Campina
Grande estava inacabada e não refletia o desenvolvimento do lugar. Foi com este
intento que no dia 27 de dezembro de 1887, ele fez chegar à cidade, acompanhado
de cerca de mil pessoas, o Frei Venâncio Maria de Ferrara, missionário
capuchinho, com o fim de realizar uma missão.
A respeito da presença do frade e dos resultados deixados
por ele, comenta o pároco que “o bom povo desta freguesia no desejo de ver esta
cidade dotada de um templo digno de sua excelsa padroeira e que ao mesmo tempo
revelasse a fé e a piedade de seus habitantes, não arrefeceu e assim estão em
boa altura duas torres, os corredores e a sacristia, abertas em arcadas o corpo
da igreja e a capela-mor”.
Faz-se importante ressaltar que o prestígio do Monsenhor
Sales adquiriu do meio político e social, o seu apoio e fundamento;
características estas que lhe valeram e possibilitaram-lhe todo o trabalho de
reconstrução da Matriz. Corajoso e de comunicação direta com seus fiéis e
demais personalidades, foi descrito por Artur Aquiles, do Jornal O Comércio, em
sua visita à Rainha da Borborema como “um homem não vulgar, impondo-se à estima
pública por dedicar-se à sua religião sem hipocrisia e por dirigir o seu povo
com carinho e amor excessivo, sem o menor intuito de jungi-lo aos seus
interesses pessoais pelo fanatismo”.
Ainda nos apontamentos de Esmeraldina Agra, percebe-se a
importância dada à Igreja Matriz de Campina Grande, no contínuo cuidado e
manutenção, por parte das famílias e colaboradores da sociedade campinense, ao
recordar-nos que “as mulheres se responsabilizavam pela conservação dos
altares, executando as suas tarefas no sábado à tarde. A Matriz ficava um
verdadeiro céu terrestre”. Estas senhoras eram as zeladoras, em geral ligadas
ao Apostolado da Oração.
As considerações do marco fundacional e da evolução da
Matriz, leva-nos a compreender que ela representou na construção social
campinense, a imagem de um centro urbano que crescera significativamente na
primeira metade do século XX, impulsionado pelo ideal do progresso e da
modernidade. As falas dos clérigos e dos
memorialistas comentadores desses tempos aludem para uma perspectiva linear e
crescente da história, destacando em sequência a realização das grandes obras,
das personalidades marcantes e da cidade aformoseada pelo engenho de seus
devotados representantes.
No caso de Campina
Grande, o boom econômico do algodão, a importância de sua feira semanal, a sua
localização estratégica como interposto para as trocas comerciais, o seu
nascedouro cultural e religioso relacionado à Olinda e Recife, atuaram como
imaginário coletivo desta importância social, materializado e celebrado pelo
dinamismo de seus cidadãos, sob o símbolo de sua primeira casa de oração e de
louvor a Deus, a Catedral de Nossa Senhora da Conceição.
Pe. Luciano Guedes do Nascimento Silva
Vigário Geral e Pároco da Catedral
Carlos Magno
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