Um quadro severo de infecção pela Covid-19 fez com que
Teófilo Andrade, médico há 40 anos, ficasse hospitalizado por 38 dias, em João
Pessoa. Após contrair a doença cuidando dos pacientes, quem se dedicou para salvar
a vida do próximo, também encarou o desafio de lutar pela própria
sobrevivência.
Para o profissional de saúde, as batalhas diárias contra o
novo coronavírus resultaram na vitória. A saída da UTI foi celebrada com
aplausos pela equipe que cuidou de Teófilo e de tantos outros pacientes que
passaram pelo hospital durante os quase sete meses de pandemia.
Na Paraíba, desde março, 13 médicos morreram por
complicações ocasionadas pela Covid-19. Mais do que números, eles representam o
triste legado de vidas perdidas para que outras fossem salvas.
Confraternizar, mesmo que distantes um dos outros, nunca foi
tão importante para a família e os amigos de Teófilo. Eles o receberam na
entrada do prédio em que mora com cartazes, músicas e emoção.
“Um colega meu, depois que eu saí da UTI e fui para o
apartamento, ele me perguntou: o que lhe manteve vivo? Eu disse pela minha
família, pelos médicos e o mais importante, pelas orações”, contou.
Os cuidados e o carinho das pessoas que o amam dão força
para que novas lutas sejam vencidas. A doença deixou sequelas no corpo e na
mente do médico.
“Eu não consigo andar só ainda. Eu ando, mas com um auxílio,
né? Porque tem um fator psicológico. Eu já consigo dar os primeiros passos, mas
tem que ter uma pessoa perto de mim. Depois que eu cheguei, eu sofri duas
quedas grandes. A gente fica um pouco traumatizado”, desabafou.
De mãos dadas com o pai desde o início, Victor Andrade,
filho de Teófilo que também é médico, lembra com pesar de todos os diagnósticos
obtidos na internação e de como o pai ficou fragilizado.
“Ele perdeu 18 quilos. Nesse período, eu acho que eu vivi um
dos momentos mais difíceis da minha profissão. Porque além de estar como médico
lá, eu estava como filho. Deixei todos os meus compromissos, todos os meus trabalhos
pra cuidar de quem cuidou de mim, de quem me deu a vida, né? Eu tinha esse
compromisso de levá-lo para o hospital e trazê-lo pra casa”, justificou.
Viver em um hospital, respirar a dor da perda e presenciar
histórias tendo um ponto final preocuparam Victor e Teófilo, mas não fizeram
com que eles perdessem a fé.
“A gente tá com um milagre aqui do lado”, finalizou o filho –
G1.
Carlos Magno
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